A  Petrobras vem trabalhando com o governo para desenvolver, a partir de  2013, fornecedores dentro de Arranjos Produtivos Locais (APLs) no  entorno de grandes empreendimentos da companhia, como refinarias e polos  de construção naval e offshore. Em parceria com o Ministério do  Desenvolvimento (Mdic) e com a Agência Brasileira de Desenvolvimento  Industrial (ABDI), a Petrobras definiu cinco projetos-piloto de APLs  ligados à indústria de petróleo e gás: Rio Grande (RS), Itaboraí (RJ),  Ipatinga (MG), Maragogipe (BA) e Ipojuca (PE).
Agora, o Banco  Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai participar  dos financiamentos dos diferentes APLs. Paulo Alonso,  coordenador-executivo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional  de Petróleo e Gás Natural (Prominp), disse que a implantação dos APLs  vai exigir mecanismos de financiamento. "Daí a importância do BNDES",  diz. O Prominp, que tem o objetivo de aumentar a participação dos  fornecedores de bens e serviços brasileiros nos projetos de óleo e gás  no Brasil e exterior, encerra hoje, em Belo Horizonte, o seu 9º Encontro  Nacional.
Ana Cristina Maia, chefe do departamento de políticas,  articulação e sustentabilidade do BNDES, disse que o banco está  disposto a participar da mobilização em torno dos APLs de petróleo e  gás. Não há valores definidos em relação aos investimentos nos cinco  projetos-piloto, mas Ana Cristina disse que o "kit" de instrumentos  financeiros do banco estará disponível para apoiar a iniciativa. "Se  esses instrumentos não forem adequados, podemos criar outros."
Segundo  Alonso, a seleção de empresas nos APLs deve considerar fornecedores  existentes nas regiões, mas que muitas vezes não têm planos de negócios  definido, nem portfólio de produtos. "A política [dos APLs] tem  critérios de seleção, mecanismos de financiamento e desdobramentos para a  ação concreta", disse o executivo.
Os Estados e municípios onde  os arranjos vão se situar também serão envolvidos na discussão. O  objetivo é ter esses APLs implementados em cinco anos e, em meados de  2014, outros projetos de APLs poderão ser selecionados, disse Alonso. Há  demandas de muitos Estados para que outros APLs ligados ao setor sejam  implementados, mas Alonso disse que os primeiros se situam em regiões  onde a demanda por bens e serviços surge com mais força.
Os APLs  são aglomerados de empresas de um setor que se situam em uma mesma área  geográfica e que cooperam entre si sem deixar de concorrer, aproveitando  as sinergias de estarem próximas. Entre as empresas de um APL, aumentam  oportunidades de colaboração e há condições de utilizar melhor os  recursos aplicados. Pode-se, por exemplo, fazer certificação técnica  para um conjunto de empresas. No caso do petróleo, o desafio é maior já  que a cadeia de fornecedores é diversificada.
Em agosto, foi  assinado um protocolo de intenções entre Petrobras, Mdic e ABDI para  desenvolver APLs em áreas próximas de grandes projetos da empresa,  incluindo alguns fora dos grandes centros do Sudeste, região mais  industrializada do que o Nordeste ou o Sul do país. Essa foi a semente  do projeto, que resultou em um convênio para criar as bases legais para  desenvolver os cinco projetos-piloto.
Alonso disse que a  Petrobras tem tradição de desenvolver fornecedores de forma pontual, mas  fazê-lo dentro de APLs é algo diferente para a companhia. Ele disse que  os projetos selecionados estão em estágios diferentes de  desenvolvimento: Rio Grande está mais avançado, Ipatinga encontra-se em  fase intermediária, mas já tem uma base metalmecânica instalada, e  Pernambuco conta com vários empreendimentos da Petrobras, o que  impulsiona a iniciativa. Já o Rio possui ações públicas para desenvolver  a região de Itaboraí, onde vai operar o Complexo Petroquímico do Rio de  Janeiro (Comperj), e, em Maragogipe, onde será construído um grande  estaleiro, ainda há trabalho a ser feito.
"O esforço é organizar  polos para atender a Petrobras de maneira mais orientada", afirmou  Heloisa Menezes, secretária de desenvolvimento da produção do Mdic. Nos  APLs, os projetos da Petrobras vão funcionar como espécie de âncoras,  que tem um lado bom, pois sinaliza de forma clara aos fornecedores quem é  o cliente. O que precisa se evitar nesses casos é a dependência em  relação a somente um grande comprador, no caso a Petrobras.
Heloisa  disse que Mdic e ABDI começaram um trabalho de articulação  institucional e de financiamentos de projetos. O objetivo agora é  avançar na estrutura de governança de cada APL e organizar o trabalho  junto aos governos estaduais e municipais, além de federações de  indústrias e de associações setoriais. Também vai se fazer um trabalho  de identificação de empresas com capacidade de atender requerimentos  técnicos da Petrobras.
Fonte:Valor Econômico/Francisco Góes | De Belo Horizonte
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