RIO - O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, disse que a companhia está intensificando iniciativas para corrigir falhas e processos na governança da companhia e vai mudar a relação com seus fornecedores.
“Estamos iniciando um novo momento na relação com fornecedores. Eles serão submetidos à análise de integridade. Terão que mostrar que estão adequados a uma série de indicadores de governança”, disse o executivo.
Presente na cerimônia de restituição à Petrobras de R$ 69 milhões desviados em um esquema de corrupção, Bendine reforçou, ainda, que todos os fornecedores que falharem nessa análise serão excluídos do cadastro e não mais poderão ser contratados pela Petrobras.
O executivo destacou, ainda, que a estatal está ampliando a presença de comitês e de auditorias externas na empresa e mantendo cooperação permanente com órgãos de controle. “Toda a sociedade brasileira sabe que fomos vítima de um grupo de pessoas”, disse Bendine. “Mas não aceitaremos condições de vítima com passividade”, completou o executivo.
O diretor de governança, risco e conformidade da companhia, João Elek, disse, por sua vez, que a estatal tem a expectativa de voltar a contratar fornecedores que estão sendo investigados pela Justiça e com relações bloqueadas com a empresa desde que eles se adequem às leis e às novas normas impostas pela petroleira.
“Essa é nossa expectativa. Mas não queremos que elas voltem a trabalhar porque elas querem, ou porque nós queremos, mas porque nós mudamos a nossa forma de relacionar com os fornecedores. Temos um novo rigor para que a empresa se torne idônea. A empresa tem que se empenhar”, disse o executivo.
Segundo Elek, mesmo que um determinado fornecedor tenha problema com a Justiça, caso ele se adeque às novas exigências da estatal, é possível que ele volte a fazer parte do cadastro de fornecedores da Petrobras. “Empresas podem ter cometidos atos ilícitos? Pode, mas como elas cometeram? Os prédios não saíram andando e agredindo as pessoas. Executivos mal intencionados fizeram atos ilícitos. A Justiça os procura. E nós cooperamos com as informações que nós temos”, completou o executivo.
Elek confirmou que a Petrobras retirou recentemente a TKK da lista de empresas em bloqueio cautelar, que as impedem de serem contratadas pela companhia. “Nós, inclusive, comunicamos que a TKK passou por um processo junto à CGU [Controladoria Geral da União] e passou pelo mesmo processo de rigor que estou mencionando e foi desbloqueada. A perspectiva agora é que a lista diminua, cada vez que uma empresa consiga atender aos novos quesitos”, disse Elek.
Atualmente, 32 empresas estão na lista de bloqueio cautelar da Petrobras, lembrou o diretor. “Criamos um bloqueio cautelar. Ele nunca foi planejado para ser de duração indeterminada. À medida que eles atenderem nossos quesitos, eles podem voltar a se relacionar conosco”, completou Elek.
Durante a cerimônia nesta sexta-feira, a Petrobras assinou acordo com o Ministério Público Federal para o recebimento de duas quantias relativas a recursos recuperados de atos ilícitos. A primeira quantia, de R$ 69 milhões, foi entregue hoje à empresa. O segundo montante deve ser transferido em breve, segundo os executivos da Petrobras.
Antes desse acordo, a estatal já havia recuperado R$ 157 milhões de atos ilícitos investigados pela Justiça.
Fonte: Valor Econômico/André Ramalho e Rodrigo Polito
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