Os investimentos no Polo Naval do Rio Grande estão promovendo o crescimento da cidade e gerando diversas demandas, como habitação e hotéis. De olho neste crescimento, várias empresas estão realizando ou planejando empreendimentos para atender estas necessidades e outras, o que está impulsionando a construção civil no Município. A construção de plataformas de petróleo (três atualmente) e da série de oito cascos de plataformas para o Pré-sal, já iniciada pela Engevix no Estaleiro Rio Grande 1 (ERG1), estão proporcionando milhares de empregos, com previsão de gerar mais, e o Município não tem mão de obra qualificada em quantidade suficiente para ocupá-los. As empresas do Polo Naval precisam trazer trabalhadores especializados de outros lugares para suprir parte de suas necessidades. Com isso, surge a demanda por moradia e outros empreendimentos.
O secretário municipal de Coordenação e Planejamento, Paulo Cuchiara, observa que só a Engevix deve empregar, no final de 2012, cinco mil trabalhadores. A construção das plataformas P-63 e P-55, que estão sendo construídas pela Quip S/A, atualmente estão envolvendo 1,3 mil trabalhadores e 3,3 mil, respectivamente. A P-63, no pico da obra deverá absorver 1,5 mil empregados. Em breve a Queiroz Galvão estará iniciando a construção da P-58, que deverá gerar em média 1,3 mil empregos e, no pico, entre 2,5 mil e 3 mil. E, conforme anúncio feito pela Prefeitura rio-grandina, a Engevix/Ecovix irá construir também três navios-sonda para a Petrobras no Estaleiro Rio Grande 2 (ERG2), que começou a erguer ao lado do ERG1, na área do superporto. Esses empreendimentos irão gerar mais oportunidades de emprego. Cuchiara ressalta que os contratos que as empresas do Polo Naval têm já lhes garantem atividade por 10 ou 15 anos e muitos profissionais que vêm trabalhar nelas ficarão na cidade.
A Engevix/Ecovix já se instalou no ERG1 planejando a construção de um complexo habitacional em Rio Grande com seis mil residências, pensando na acomodação de seus funcionários, um centro comercial, um hospital e um hotel, a ser erguido em uma área entre a praia do Cassino e o Polo Naval. Para a primeira parte do complexo, que consiste na construção de 700 unidades residenciais, a empresa já tem o Termo de Referência da Fepam e está com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) elaborado. A intenção da empresa é que o complexo fique pronto até 2015. Segundo o diretor-executivo da Engevix, Gerson Almada, estudo feito pela empresa indica que em 2020 Rio Grande será a segunda cidade do Estado e deverá ter 420 mil habitantes. Atualmente, tem 198 mil. Esse estudo também estima que em 2015 a população do Município deverá estar em 250 mil habitantes.
Investimentos para suprir demandas
Atentos às oportunidades que se abrem com este cenário, empresas e empreendedores particulares, tanto da cidade quanto de fora, resolveram investir para suprir demandas e Rio Grande está se transformando em um canteiro de obras. No momento, dois novos hotéis estão prestes a serem inaugurados: o Vila Moura Executivo, na rua General Neto, com 196 leitos, e o Swan Tower Express, na rua Francisco Campelo, com 200 leitos. Outro, o Pacific, na avenida Itália, com sete pavimentos, está em construção. A 5R Shopping Centers tem projeto para construção de mais dois hotéis e o grupo Aquário Empreendimentos Imobiliários, para outro.
O projeto todo da 5R Shopping Centers, a ser implantado na área do antigo Jockey Club, inclui ainda a construção de um complexo cultural, um shopping, quatro torres residenciais e quatro comerciais. Em breve deve começar a construção do shopping, que deve ficar pronto em outubro de 2013. Segundo a empresa, um dos hotéis, de 120 apartamentos, será inaugurado junto com o shopping e a construção das torres residenciais está prevista para começar antes do término do centro comercial. Nas obras de edificação do shopping (investimento de R$ 120 milhões) serão gerados 1.000 empregos diretos.
O grupo Aquário Empreendimentos Imobiliários tem aprovado pela Prefeitura projeto executivo para implantação de um shopping center em uma área localizada entre o viaduto da linha férrea e o Parque São Pedro, ao lado da ERS-734, rodovia que liga o centro do Rio Grande ao Cassino, no qual serão investidos R$ 100 milhões. A estimativa é que as obras se iniciem em fevereiro ou março de 2012. O projeto do grupo para o Município, no mesmo terreno, ainda prevê, em um segundo momento, a construção de um hotel e de um complexo residencial com capacidade para 25 mil habitantes, em residências e apartamentos.
Residenciais e loteamentos
No setor de habitação, está em andamento a construção do residencial Figueiras Park, com 84 unidades habitacionais em condomínio fechado, na avenida Itália. Também estão em construção dois edifícios residenciais. Um deles, quase pronto, é o Marquês de Tamandaré, na rua Dr. Nascimento, com 13 pavimentos, 60 apartamentos e 54 vagas para estacionamento. O outro é o Dona Valéria, na avenida Portugal, com 16 pavimentos, 128 apartamentos e 124 vagas para estacionamento. E há outros dois projetos de edifícios - um residencial e outro comercial. O residencial, com obras já iniciadas, a ser erguido na rua Cristóvão Colombo, é de 16 pavimentos, 78 apartamentos e 85 vagas de estacionamento. O comercial, em processo de aprovação na Prefeitura, será na rua General Neto esquina Barão de Cotegipe. Com 14 pavimentos, terá 220 salas comerciais, galeria com 12 lojas no térreo, 240 vagas de estacionamento rotativo em três pavimentos, auditório, com salas de reuniões e salão de festas.
Estão projetados ainda um loteamento com três condomínios fechados, onde cada lote terá fundos para lagos artificiais, totalizando 1835 unidades habitacionais, para 8 mil habitantes, em uma área entre o Cassino e a antiga ZPE; o loteamento Parque da Lagoa, no bairro Bolaxa, com 320 lotes, mais um condomínio de 250 lotes na área do Country Club. Este último, será um grande condomínio, do qual o Country será condômino. Além destes, estão previstos outros dois empreendimentos: um condomínio de 162 casas na avenida Roberto Socoowski, em processo de aprovação de projeto, e um conjunto de prédios residenciais fechados, no bairro Parque São Pedro. O secretário Paulo Cuchiara observa que esses empreendimentos são os de maior vulto, pois há vários outros menores em andamento e em projetos.
Minha Casa, Minha Vida
Além dos empreendimentos destacados, estão sendo feitas e projetadas para breve diversas obras públicas pela Prefeitura, Furg e Superintendência do Porto do Rio Grande. E ainda conjuntos residenciais financiados pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal. Um destes é o Residencial Jockey Club I, em construção na rua Pedro de Sá Freitas, que terá 200 apartamentos de dois quartos cada.
Falta mão de obra para suprir as vagas na construção civil
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Rio Grande, Braudelino Ortiz Coelho, os empreendimentos em andamento e os que estão projetados geram muitos empregos no setor e falta mão de obra no Município para atender essa demanda.
"Estamos muito preocupados, tanto que estamos buscando cursos para qualificar trabalhadores para a construção civil. Temos mercado de trabalho farto e não temos pessoal. Não temos sequer a metade das exigências do mercado. Precisamos andar a passos largos para atender as necessidades das empresas. Hoje, se tivéssemos 2 mil trabalhadores qualificados, eles estariam empregados. No entanto, contando todos os que estão na ativa teríamos 1.500 e precisamos, para as necessidades do momento, 2.000. Se contarmos os investimentos previstos, necessitamos de mais 2.000", diz Coelho.
O presidente do sindicato observa que só um dos shoppings, tem estimativa de utilizar 1.000 trabalhadores do setor. "De onde iremos tirar essa quantidade? E ainda tem prevista (para 2012) a obra de ampliação de 1.150 metros do cais do Porto Novo. Uma obra deste tamanho deverá envolver em torno de 1.500 profissionais da área. Temos que pensar também nas demandas da construção do shopping no Parque São Pedro, do Oceanário Brasil da Furg, dos edifícios residenciais e do ERG2, entre outros", relata. "Todos esses empreendimentos foram puxados pelo Polo Naval, que alavancou a construção civil na cidade", destacou. Ele afirma que hoje, no Brasil, a cidade que mais evolui em construção civil é Rio Grande.
Qualificação
As obras em andamento na cidade e as previstas foram a justificativa apresentada pelo secretário geral de governo do Executivo municipal, Leonardo Salum, para garantir, no último dia 10, a vinda para Rio Grande das 3 mil vagas solicitadas para cursos de qualificação do Planseq Nacional da Construção Civil. A definição ocorreu em audiência pública realizada em São Paulo, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A proposta apresentada foi assinada pela Prefeitura rio-grandina, Comissão Municipal de Emprego e Renda, Sinduscon e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Rio Grande. Como os recursos são do orçamento federal de 2011, os cursos deverão iniciar ainda este ano.
Conforme Salum, serão ministrados oito cursos que terão como novidade a mudança na metodologia, uma vez que está sendo buscada parceria com as empresas para que as aulas práticas ocorram em canteiros de obras.
Fonte: Jornal Agora (RS)/Carmem Ziebell
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