RIO - O pré-sal brasileiro vem chamando a atenção do mercado internacional de resseguros e atraindo novas empresas de olho num potencial de mercado que deve crescer este ano 15% sobre 2010, quando foram movimentados R$ 4,7 bilhões em prêmios, segundo a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg). Até 2014, o crescimento esperado é de 50% entre as 93 empresas que atuam no País.
Somente considerando os investimentos de US$ 224 bilhões que a Petrobras planeja até 2015 (dos quais US$ 53 bilhões no pré-sal) a dimensão dos negócios gerados no campo das seguradoras pode extrapolar quaisquer projeções, já que cada plataforma a ser instalada tem custo estimado, e a ser segurado, em torno de US$ 1 bilhão.
"Não há similar em qualquer lugar do mundo. O Brasil hoje é uma ''meca'' destes investimentos", assegura o diretor da CNseg, Marcus Clementino, coordenador do evento que reunirá hoje no Rio lideranças do setor de seguro e resseguro. O I Encontro Resseguro discutirá os desafios e o impacto das oportunidades deste mercado frente ao cenário de investimentos gerados principalmente pela exploração do pré-sal e também para infraestrutura, com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no País.
Além da confederação, estarão presentes representantes da Associação Brasileira das Empresas de Resseguros (Aber), Associação Brasileira das Empresas de Corretagem de Resseguros (Abecor-Re), das resseguradoras instaladas no País e da Petrobrás.
Projetos
Os organizadores esperam anunciar na cerimônia de abertura, a Carta de Resseguros do Rio de Janeiro, um documento de intenções que prevê a criação do Centro Nacional de Resseguros, com a proposta de transformar a cidade em um polo de negócios e atrair as grandes resseguradoras que ainda não têm base local. Atualmente, há 28 resseguradoras em atuação no eixo Rio-São Paulo (10 no Rio e 18 em São Paulo). Desse total, oito são empresas com escritórios no Brasil e as demais possuem representação.
O projeto prevê a concessão de benefícios fiscais do município e do governo do Estado, como redução do ISS para a corretagem de resseguro e para os serviços de representação de resseguradores admitidos, sediados no Rio de Janeiro. Os ramos que mais contribuem para o desenvolvimento do mercado de resseguros são engenharia e garantia (construções, obras civis), além de riscos de petróleo, na construção de plataformas.
Dono de uma fatia de 60% do mercado nacional, o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) acompanha o crescimento do setor com entusiasmo. De acordo com IRB, somente o segmento de Riscos de Petróleo no Brasil, que engloba as coberturas para atender às fases de produção e exploração da cadeia de petróleo, movimentou em 2011 até julho um volume de prêmio de cerca de R$ 290 milhões (quase 100% a mais do que o movimentado em todo o ano de 2010). Aproximadamente 85% desses prêmios são cedidos aos resseguradores.
Crise
Tanto para a CNseg quanto para o IRB, a crise mundial pouco afeta o ritmo de avanço dos negócios no Brasil. "Tradicionalmente, em momentos de crise, os investidores ficam mais tímidos, mas neste caso, os investimentos projetados pela Petrobras obrigam ao seguro e ao resseguro; isso movimenta o mercado", afirma Clementino.
Para o IRB, embora a crise que afeta um grande número de países tenda a restringir o volume de investimentos de algumas companhias, acaba tendo efeito, até certo ponto, positivo para o Brasil no setor, porque evita oportunidades de investimento alternativas. É o que o setor vem chamando de "Efeito Brasil", um conjunto de fatores que faz deste um dos países mais atrativos do mundo no setor de óleo e gás, incluindo desde as descobertas recentes de reservas e espaço para crescimento até a estabilidade política e fortalecimento econômico.
Fonte: Agência Estado/KELLY LIMA
PUBLICIDADE