"Existe hoje um grande ponto de interrogação sobre a segurança do uso da tecnologia atual nas condições adversas do pré-sal." A frase, de um executivo próximo às operações da maior província petrolífera brasileira, resume a principal preocupação do setor sobre a possibilidade de vazamentos como o do Golfo do México ocorrerem no Brasil. Confiabilidade de equipamentos e eficiência dos planos de emergência são apontados como os pontos cruciais.
É consenso no mercado que a Petrobras tem hoje uma atuação conservadora no que diz respeito à segurança operacional, estratégia reforçada após três catástrofes no início dos anos 2000: o naufrágio da plataforma P-36, na Bacia de Campos, e os vazamentos de petróleo na Baía de Guanabara e no Rio Paraná. Desde então, a companhia afirma ter investido R$ 4,2 bilhões no Programa de Excelência em Gestão Ambiental e Segurança Operacional, além de construir nove centros de defesa ambiental.
Um incidente no projeto piloto de produção de Tupi, porém, trouxe à tona dúvidas sobre o uso de equipamentos atuais nas altas profundidades do pré-sal. Em julho de 2009, um parafuso instalado em um equipamento submarino não resistiu às altas pressões e se rompeu, obrigando a Petrobras a suspender as operações no campo. Após diagnosticar a situação, a empresa decidiu rever as especificações para a fabricação da peça, com material mais resistente.
O episódio não provocou danos ambientais, mas foi encarado como um indicativo da necessidade de desenvolvimento de novas tecnologias para garantir a segurança das operações. O Brasil é hoje líder em atividade exploratória em águas profundas, e a Petrobras espera produzir só no pré-sal uma média de 1,8 milhão de barris por dia em 2020. A alta produtividade dos poços reforça o alerta, já que um acidente como o da plataforma Deepwater Horizon, no Golfo, poderia liberar mais de 30 mil barris de petróleo por dia.
Fonte: O Estado de S. Paulo/Agência Estado
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