A partir das descobertas feitas nessa camada do oceano, estatal espera duplicar a sua extração diária
A Petrobras inicia hoje a produção definitiva do primeiro dos nove poços do campo de Tupi, na Bacia de Santos, em São Paulo. A expectativa é a de que a produção atinja 100 mil barris diários, marcando uma nova etapa na história da exploração e produção de petróleo no pré-sal. A partir das descobertas feitas nessa camada do oceano, a companhia espera duplicar sua produção diária, passando dos cerca de 2 milhões de barris atuais para 2.950 milhões de barris até 2020. Pernambuco não tem pré-sal, mas se beneficia através da cadeia de fornecimento de bens e serviços.
Segundo Gabrielli, escoamento do gás não deve começar até o primeiro trimestre de 2011, porque falta concluir mil metros do túnel por onde passará duto Foto: Andre Marins/Esp. DP/D.A Press
A produção definitiva em Tupi coroa um processo que começa lá em 2006, com o princípio das pesquisas em Tupi e passa pelo início dos testes de longa duração, em maio de 2009. "Agora vai ser uma operação diferente do teste de longa duração, que é limitado no tempo e não cria estrutura para produção de gás", comemorou ontem o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, ao participar do Seminário Pré-Sal realizado na Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe).
Segundo Gabrielli, no entanto, o escoamento do gás não deve começar até o início do primeiro trimestre de 2011, porque ainda falta concluir mil metros do túnel por onde passará o duto conectando a plataforma FPSO de Tupi ao campo de Mexilhão, também na Bacia de Santos. Mas esse é o menor dos desafios que a Petrobras terá que enfrentar. Há o desafio tecnológico de ser o pioneiro na exploração e produção de óleo em águas profundas e, ainda, o desafio de fazer cumprir o plano de negócios que prevê investimentos de R$ 224 bilhões no período 2010-2014.
Otimista, Gabrielli assegurou à plateia do seminário, formada basicamente por empresários e políticos, que não há nenhum desafio intransponível. "Àqueles que acham que o pré-sal brasileiro é ilusão, um desafio tecnológico gigantesco ou inviável economicamente eu digo que não há nenhum grande desafio. Temos e teremos soluções para tudo". De acordo com o executivo, todos os custos do pré-sal, sejam operacionais ou de capital, se pagam considerando o barril a US$ 45. Atualmente, o barril do tipo Brent está na casa dos US$ 80.
Em relação aos desafios tecnológicos, o presidente da Petrobras explicou que o pré-sal é como se fosse uma grande panela de pressão. "O que temos que saber é como controlar essa pressão na hora de recuperar o petróleo e isso só vamos saber começando a produção. O que não conhecemos é como a natureza vai se comportar mas, por enquanto, vamos alternar a injeção de água, gás natural e petróleo", afirmou.
No campo financeiro, Gabrielli disse que o processo de capitalização da Petrobras foi um sucesso. A empresa recebeu US$ 70 bilhões e pagou R$ 75 bilhões ao governo federal pelos direitos de conduzir atividades de pesquisa, exploração e produção de petróleo em áreas específicas do pré-sal ainda não concedidas. São cinco bilhões de barris diários estimados em sete blocos por 40 anos, prorrogável por mais cinco. "A capitalização significou confiança na perspectiva de crescimento da companhia".
Fonte: Diário de Pernambuco/Micheline Batista
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