Representantes do estaleiro STX e da fabricante de tratores LS Mtron virão ao Estado.
Dois grupos empresariais sul-coreanos confirmaram a vinda ao Estado em julho para aprofundar informações e conhecer potenciais bases para receber unidades. As agendas já são efeito da missão do governo gaúcho à região, que ocorreu entre final de maio e início deste mês. O diretor-presidente do Badesul, Marcelo Lopes, informa que executivos do estaleiro STX, o quarto do país asiático que responde por 40% da indústria mundial do setor, e da LS Mtron (grupo LG), que fabrica tratores, virão dias 12 e 18 de julho, respectivamente, para conhecer a realidade local de perto. A direção do grupo Hyundai também deve desembarcar no próximo mês.
O estaleiro, segundo Lopes, fez sondagem na semana passada sobre a possibilidade de montar um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no Rio Grande do Sul. "O interesse surgiu depois que apresentamos o plano para desenvolver a indústria oceânica, com destaque para os nossos parques tecnológicos, nos últimos dias da missão", vincula o dirigente do Badesul. Já a LS Mtron solicitou informações sobre a cadeia do setor, como fornecedores de autopeças, e legislação, tanto trabalhista quanto tributária. O Rio Grande do Sul é hoje o maior fabricante nacional de tratores, com 60% a 70% das unidades produzidas para o mercado interno e externo. "O grupo coreano só havia conversado com São Paulo até agora", comenta Lopes.
Mas o diretor-presidente da instituição de crédito disse que a LS Mtron não repassou maiores detalhes sobre o foco da unidade em estudo, como tipo de maquinário. A venda de tratores brasileiros ganhou impulso desde 2009 com o programa Mais Alimentos, do governo federal, que ofereceu crédito para a agricultura familiar. O comércio dos modelos de baixa potência sustentou o desempenho da indústria de máquinas agrícolas durante a crise econômica mundial, que corroeu principalmente os volumes exportados.
Dados sobre o perfil da indústria metalmecânica, médias salariais, regras para contratação e até leis que regulam a atividade de grupos estrangeiros no Brasil estão também entre as informações pedidas pelo Hyundai Group, que celebrou um protocolo com o governador Tarso Genro durante o périplo na Coreia do Sul. A preparação dos subsídios é feita pelas equipes técnicas da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI) e do banco de fomento. O acordo assinado durante a missão selou a intenção de implantar uma fábrica de elevadores. O investimento não foi dimensionado. Cidades como Pelotas, Santa Maria e Rio Grande, que participaram da viagem, estão no páreo pela unidade.
"A negociação está bem firme. Como eles não estão olhando para outro estado, a decisão não sofre a interferência da guerra fiscal", tranquilizou Lopes, que aguarda a definição da data em que a presidente do grupo, Hyun Geong-Eun, virá ao Estado. Hyun foi badalada pela comitiva oficial como a grande cicerone na aproximação com grupos empresariais coreanos.
O Hyundai Group manifestou ainda pretensão de atuar na área logística no porto de Rio Grande. A frota do conglomerado é de 140 navios, especializados em transporte de contêineres. A localização gaúcha em relação ao Mercosul poderia abrir novo canal de exploração comercial.
O diretor-presidente revelou que tenta convencer executivos para que o conglomerado participe com recursos de um fundo de investimento do Badesul, voltado aos ramos de óleo, gás e energia, e que deve sair do forno em até 30 dias. O banco de fomento formata a operação, que já contaria com aportes de financiadores nacionais, e que deve largar com caixa de R$ 500 milhões, destinados a pequenos e a grandes projetos. Potenciais empreendimentos coreanos, e os já confirmados da indiana CG Global (transformadores e disjuntores) e da americana Manitowoc (guindastes) são candidatos a linhas de crédito.
Lopes já analisa o pedido da americana no valor de R$ 70 milhões, metade do aporte previsto para Passo Fundo. O contrato, caso se efetive, deve ajudar a atual direção a alcançar a meta de repasse de R$ 340 milhões no primeiro semestre do ano. O limite anual da instituição para empréstimos é de R$ 2,5 bilhões.
Fonte: Jornal do Commercio (RS)/Patrícia Comunello
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