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Sem complexo de guaipeca: gaúchos podem ser fornecedores para a exploração do pré-sal

Com um polo naval em seu território, indústria do Estado pode fornecer equipamentos e serviços
Ao anunciar o início da produção em Tupi, uma das maiores áreas já identificadas do pré-sal, o presidente Lula disse que o Brasil já podia deixar para trás o complexo de vira-lata — a sensação de inferioridade descrita por Nelson Rodrigues.
Mesmo farejando bons negócios no desenvolvimento dessas reservas, os gaúchos perseguem sua concretização buscando a experiência dos britânicos com gigantesca produção do Mar do Norte sem nenhum complexo de guaipeca.
A cada visita ou apresentação de empresas ou entidades britânicas, consolida-se a convicção dos gaúchos de que a indústria do Rio Grande do Sul tem todas as condições para se credenciar como uma grande fornecedora de equipamentos e serviços, ainda mais com um polo naval em seu território.
— Isso parece uma das nossas empresas da Serra — comentou Paulo Tigre, presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), ao entrar na área de produção de uma fabricante de válvulas — equipamento que regula a saída de petróleo do poço, entre outras funções.
— Várias de nossas empresas têm condições de produzir os equipamentos necessários, só precisam acesso à tecnologia — reforçou Oscar de Azevedo, diretor-presidente do Simecs, que representa o polo metalmecânico de Caxias do Sul.
Mesmo empresas tradicionais do Estado, como a Weco e Máquinas Condor, que hoje já fornecem para a Petrobras, querem uma fatia maior desse mercado gigantesco aberto pela construção nacional de plataformas e navios de apoio.
— Hoje, fornecemos dois ou três itens, mas podemos chegar a 18. Então estamos aqui para identificar quais são os outros 15 que estão nos faltando — afirmou André Meyer da Silva, diretor da Condor.
— Precisamos saber o que precisa ser feito e o que pode ser feito nas nossas fábricas — completou Gilberto Petry, diretor-presidente da Weco.
Para a maioria dos mais de 30 participantes, a missão foi uma primeira investida para iniciar contatos que podem avançar em etapas posteriores. Ao menos para uma das empresas gaúchas, porém, os contatos ajudaram a consolidar uma parceria já esboçada. Na quinta-feira, Nelson Felizzola, diretor de integração de sistemas da Altus, reuniu-se com Mike Wilson, diretor gerente da Ecosse Subsea System, em mais um passo que deve culminar numa futura associação.
— Estamos muito interessados em uma parceria, porque a Altus opera com sistemas para a superfície, e a Ecosse é especializada em equipamentos submarinos — afirmou Wilson.
Um dos sistemas que a Ecosse já testa para aplicação no Brasil promete mais eficiência, inclusive energética, para elevar equipamentos no fundo do mar. Em vez de usar pesados guindastes ou consumir muita energia, o princípio é o uso de um fluido mais leve que a água do mar.
— É bastante simples, mas muito inteligente — destacou Wilson.
— Temos uma operação maior e mais moderna em Rio Grande — observou Paulo Augusto Lambert, diretor comercial da TMSA Tecnologia em Movimentação, ao observar o movimento no porto de Peterhead, a cerca de 50 quilômetros de Aberdeen.
Durante a missão, apesar de toda a ênfase dada à cidade de Rio Grande como sede do maior dique seco da América Latina, os participantes se preocuparam em destacar que há outras possibilidades de implantação, tanto em Pelotas quanto em São José do Norte, do outro lado do canal onde serão construídos em série oito cascos de plataforma de petróleo.

Fonte: ZERO HORA/Marta Sfredo | Enviada Especial/Aberdeen, Escócia






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