Trabalhadores que atuam nas obras da plataforma P-58, no Estaleiro da Quip S/A, localizado na avenida Honório Bicalho nº 11, fizeram um protesto na manhã de ontem, quarta (20). Desde a madrugada, mobilizados junto com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalmecânica e de Materiais Elétricos do Rio Grande e São José do Norte, eles foram se posicionando em frente ao estaleiro até fecharem a entrada ao local. Na BR-392, no quilômetro 0,3, próximo à entrada do bairro Santa Teresa, alguns trabalhadores bloquearam o tráfego de veículos com queima de pneus, um sofá e outros materiais, no meio da rodovia. A passagem pela Honório Bicalho também ficou impedida devido à concentração dos metalúrgicos. O sindicato afirma que o protesto reuniu em torno de cinco mil trabalhadores.
De acordo com o sindicato, próximo do meio-dia, os manifestantes deixaram o local, mas o estaleiro ficou parado durante todo o dia e no turno da noite deveria ocorrer o mesmo. O secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos, Sandro Barros, disse que a manifestação deveu-se ao fato de as empresas Quip e CQG, responsáveis pela construção da P-58, não estarem pagando as empresas terceirizadas, deixando-as sem condições de pagar os trabalhadores. As terceirizadas estariam há seis meses sem receber e fazendo o pagamento da mão de obra contratada para os serviços na P-58. Porém, "já não estão em condições de continuar agindo assim". Segundo Barros, a Quip e a CQG alegam que a Petrobras não está pagando-as e por isso não estão fazendo o pagamento das terceirizadas.
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O secretário do sindicato e alguns trabalhadores dizem que o último adiantamento do salário já não foi feito e está fazendo falta para o pagamento de aluguel, entre outras despesas. O Prêmio de Incentivo à Produção (PIP) estaria atrasado há dois meses. A preocupação do sindicato é também com os que estão sendo demitidos devido às obras de construção da P-58 estarem em processo de finalização. "Trabalhadores que vieram de longe estão sendo demitidos, o fim de ano está chegando e eles podem ter que ficar aqui, abandonados e sem dinheiro no bolso", ressaltou Barros.
Um trabalhador, que não quis ser identificado, disse que ele e outros cinco, demitidos da P-58 na quarta-feira da semana passada, estão em um hotel sujeitos a serem expulsos por falta de pagamento da estadia, pois ainda não receberam nada. Ele conta que outros demitidos na mesma ocasião já foram embora do Rio Grande sem receber. Ontem à tarde, o presidente do sindicato, Benito Gonçalves, e uma comissão de trabalhadores reuniram-se com a direção da Quip e CQG para negociar. De acordo com Sandro Barros, o resultado da reunião será exposto à categoria em assembleia a ser realizada na manhã desta quinta-feira. "Se a assembleia considerar boa a proposta das empresas, haverá o retorno ao trabalho. Do contrário, a paralisação continua", afirmou.
Empresas
Em nota divulgada no final da tarde desta quarta, a Quip e a CQG Construções Offshore disseram compreender a motivação da manifestação de trabalhadores, ocorrida na manhã de ontem. "Construímos um histórico de credibilidade, consolidado ao longo de oito anos em Rio Grande, no qual a transparência e a seriedade no trato com trabalhadores, fornecedores e comunidade sempre foram prioridade. A empresa buscou atender a todas as demandas apresentadas pelo seu cliente no decorrer do ano de 2013, para o fiel cumprimento de prazos e serviços que foram necessários", observaram.
As duas empresas informaram ainda que, em reunião realizada na tarde de ontem, reiteraram seus compromissos assumidos com o Sindicato dos Trabalhadores, "garantindo o fiel cumprimento de suas obrigações trabalhistas com todos os colaboradores que contribuíram para o êxito e conclusão dos projetos P-55, P-63 e P-58 no ano de 2013". A Petrobras foi contatada, por meio de sua assessoria, mas não se manifestou sobre o assunto.
Fonte:JornalAgora (RS)Carmem Ziebell