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Transocean enfrenta aumento de incidentes

O naufrágio da plataforma Deepwater Horizon, que levou ao vazamento que está contaminando o Golfo do México, pegou de surpresa o mundo do petróleo.
Sua operadora, a Transocean Ltd., é uma gigante no admirável mundo novo de perfuração em águas profundas longe da costa. Ela havia sido elogiada por autoridades por seu histórico de segurança. No mesmo dia da explosão na plataforma, diretores estavam a bordo celebrando sete anos seguidos sem acidentes sérios.
Mas uma análise que o Wall Street Journal fez do histórico da Transocean mostra um retrato mais ambíguo.
Quase três de cada quatro incidentes que provocaram investigações do governo americano sobre problemas de segurança e outros em plataformas de águas profundas no Golfo do México desde 2008 foram em plataformas operadas pela Transocean, segundo uma análise de dados do governo. A Transocean defendeu seu histórico de segurança, mas não questionou a análise do WSJ.
Além disso, uma pesquisa do setor feita com petrolíferas que contrataram a Transocean observou uma queda em sua qualidade e desempenho, incluindo segurança em certas medidas, comparada com suas concorrentes, embora ela ainda ficasse no topo da lista no quesito segurança.
A Transocean já era a maior perfuradora em águas profundas quando, em novembro de 2007, adquiriu a concorrente GlobalSantaFe num negócio de US$ 18 bilhões. Uma análise que o WSJ fez de documentos arquivados pelo Serviço de Administração de Minerais dos Estados Unidos, o MMS, descobriu que a porção da Transocean em incidentes em águas profundas investigados por autoridades subiu depois da fusão, mesmo levando em conta o tamanho maior da companhia.
De 2005 a 2007, uma plataforma da Transocean estava envolvida em 13 dos 39 incidentes de perfuração em águas profundas investigados pelo MMS no Golfo do México, ou 33%. É mais ou menos a mesma porcentagem, 30%, de plataformas em águas profundas de propriedade da Transocean e operadas no golfo na época, segunda a firma de dados do setor RigLogix.
Desde a fusão, a Transocean respondeu por 24 dos 33 incidentes investigados pelo MMS, ou 73%, apesar de durante esse tempo ela ter possuído menos de metade das plataformas do Golfo do México a operar em mais de 900 metros de água.
Alguns dos clientes da Transocean citam a fusão como um motivo pelo qual, creem, o desempenho da companhia caiu.
A Transocean afirma que está compromissada com segurança e que tem um histórico de segurança forte de modo geral. Larry McMahan, vice-presidente da Transocean para desempenho, disse que a companhia investiga todos os incidentes e ajusta seus procedimentos de acordo. Ele disse acreditar que a fusão de 2007 transcorreu tranquilamente.
"Somos uma empresa que aprende. Não cometemos o mesmo erro de novo", disse ele.
A explosão de 20 de abril a bordo da Deepwater Horizon matou 11 funcionários e deixou milhares de barris de petróleo sendo despejados a cada dia no mar.
Além do histórico da Transocean, parlamentares americanos e moradores do litoral do Golfo do México questionaram o da BP PLC, que contratou a Transocean para perfurar o poço, e o da MMS, a agência do governo que supervisiona a exploração no mar. Essas questões tendem a crescer se surgirem evidências de que a Transocean tinha um padrão de problemas.
Toby Odone, um porta-voz da BP, disse que as plataformas contratadas pela petrolífera tiveram histórico de segurança melhor que a média do setor por seis anos consecutivos, segundo estatísticas do MMS que medem o número de citações por inspeção.
A BP foi uma finalista para um prêmio nacional de segurança do MMS nos últimos dois anos. Odone não quis comentar o relacionamento da BP com a Transocean depois do desastre no Golfo, mas disse que a BP continua a usar plataformas da Transocean. O MMS não quis comentar.
A causa da explosão de 20 de abril ainda não foi determinada. Investigadores, espera-se, vão se concentrar em duas coisas: uma vedação de cimento destinada a evitar que petróleo e gás escapem de um poço; e o "blowout preventer", ou BOP, como é conhecido o sistema de segurança contra estouros, um conjunto de válvulas no leito do oceano destinado a tapar o poço numa emergência.
A Transocean tinha tido problemas com ambos, mostram dados do MMS.
Em 2006, constataram autoridades, um BOP falhou, em parte por causa de problemas de manutenção. Em 2005, um poço vazou fluido de perfuração por causa de problemas com a vedação de cimento.
McMahan, da Transocean, disse que questões com o cimento são a princípio responsabilidade de um terceiro contratado pela dona do poço. Ele disse que a Transocean tem um forte programa de manutenção para manter os BOPs funcionando.
As petrolíferas têm de informar ao MMS todos os incidentes no mar, tais como ferimentos, incêndios e vazamentos de petróleo. A agência investiga os que ela considera sérios e publica seus relatórios. São esses os incidentes que o WSJ analizou.
A decisão de investigar um acidente não significa que a companhia descumpriu a lei.
O MMS investigou quatro incêndios a bordo de plataformas de perfuração em águas profundas de 2005, todas operadas pela Transocean.
McMahan, da Transocean, disse que a companhia tem bombeiros treinados a bordo de todas as plataformas, e ele não acreditava que ela tenha um problema com incêndios.
Em 2006, a Discoverer Enterprise, da Transocean, estava perfurando para a BP em mais de 1.800 metros de água quando um medidor indicou haver um vazamento no BOP. Levou quase uma hora para um robô submarino chegar à válvula e constatar que ela estava vazando fluido de perfuração. O robô tentou desligar o poço, mas não tinha fluido hidráulico o bastante para adicionar à válvula.
Um segundo robô fechou o poço cerca de cinco horas depois de o problema surgir. Investigadores estimaram que 54 barris de fluido vazaram no Golfo.
Investigadores do MMS constataram que detritos haviam entrado no sistema de segurança contra estouros e reduzido sua eficácia. A agência afirma que o problema foi causado em parte por "longo uso do [sistema de segurança] sem inspeção/manutenção".
A Transocean afirmou que não podia comentar sobre detalhes do incidente. A BP, dona do poço que estava sendo perfurado, foi citada pelo MMS por não ter evitado um vazamento.
A maioria dos incidentes relatados ao MMS acontece em águas rasas, seja em plataformas auto-elevatórias, que se apoiam no leito do mar; ou em outras pequenas, geralmente sem pessoal, que produzem petróleo e gás extraído de milhares de poços no golfo perfurados nos 60 anos de história da exploração de petróleo no mar.
A Transocean opera só umas poucas plataformas em águas rasas. Ela se especializa numa nova fronteira, a da perfuração em enormes plataformas flutuantes que são ancoradas ao fundo do mar ou mantidas no lugar por hélices controladas via satélite. Esse trabalho é feito para grandes produtoras de petróleo, tais como BP, Chevron Corp. e Exxon Mobil Corp. O site da Transocean relaciona 11 de suas plataformas no litoral do Brasil, mas não diz quem as contrata. A Transocean foi fundada no Estado americano de Louisiana em 1926 como Danciger Oil & Refining Co., e foi sediada nos EUA até quando mudou para a Suíça, em 2008, em parte por motivos tributários.
As petrolíferas costumam revisar o histórico de segurança e ambiental dos terceirizados antes de os contratar. Os negócios da Transocean podem ser prejudicados se ela desenvolver uma reputação de problemas, disse Arun Jayaram, um analista de energia do Credit Suisse em Nova York.
McMahan, da Transocean, disse que não acredita que o incidente prejudique a capacidade da companhia de encontrar clientes.
A BP afirmou na semana passada que estava pedindo a todos os terceiros contratados que revisassem seus procedimentos de segurança e em particular confirmassem que os sistemas de prevenção de estouros estavam de acordo com padrões do setor. A Transocean está atendendo ao pedido, disse McMahan.
O histórico de segurança da Transocean em 2009, medido por ferimentos por hora trabalhada, é melhor do que a média geral do setor. A Transocean teve 0,77 ferimentos por 200.000 horas/homem, contra 0,81 de todas as plataformas marítimas em todo o mundo, incluindo tanto as de águas profundas quanto as de águas rasas, segundo estatísticas compiladas pela Associação Internacional de Empreiteiras de Perfuração. Ainda assim, o histórico da companhia foi pior do que o de algumas concorrentes de águas profundas. A Noble Corp. teve 0,47 ferimentos por 200.000 horas, e a Ensco PLC teve 0,6.
A segurança tem melhorado no setor como um todo, inclusive na Transocean, cuja taxa de ferimentos caiu 16% desde 2007, segundo informes às autoridades do mercado aberto.
Nos últimos anos a perfuração em águas profundas cresceu rapidamente, num esforço das empresas para procurar mais petróleo. O número de plataformas capazes de perfurar em 1.000 metros ou mais subiu 43% desde 2006, para 146, segundo a firma de pesquisa ODS-Petrodata. Outras 65 estão em construção.
As empreiteiras têm tido dificuldade para encontrar trabalhadores experientes. Veteranos costumam ser ceifados pelas concorrentes, deixando as plataformas com operários novatos.
"Há uma escassez de pessoal treinado, e a turma anda roubando trabalhadores experientes", disse Mike Smith, presidente da Bassoe Offshore, que dá consultoria a empresas na compra e venda de plataformas marítimas.
Smith disse que tanto a BP quanto a Transocean têm fortes históricos de segurança.

Fonte: Valor Econômico/ Ben Casselman, The Wall Street Journal


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