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Tupi deve ter mais óleo do que o previsto

A Petrobrás comunicou ontem, dia 22, nova descoberta de petróleo em Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, que confirma a extensão da jazida para o sul, reforçando a projeção inicial de 5 a 8 bilhões de barris de reservas. Em entrevista ao "Estado", porém, o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, disse que a estimativa é "conservadora" e, com o conhecimento da área, o volume de óleo pode aumentar.

A nova descoberta anunciada ontem foi feita no extremo sul da concessão BM-S-11, onde estão as descobertas de Tupi e Iara. Segundo a estatal, os dados obtidos contribuem para reduzir as incertezas sobre o reservatório. "O resultado da perfuração desse novo poço, foi extremamente relevante", diz nota oficial da empresa. O poço atravessou um reservatório de óleo com espessura de 128 metros.

A estatal planeja perfurar dois novos poços em Tupi ainda este ano, antes do fim do prazo contratual para exploração da área, que vence em 31 de dezembro. Nesta data, a empresa terá de confirmar, com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), se ficará ou não com a concessão, em um processo chamado de declaração de comercialidade.

Estimativa. Gabrielli diz que a estatal ficará com toda a área de concessão, mas ainda não apropriará, em seu balanço, todas as reservas estimadas de Tupi e Iara - 8 a 12 bilhões de barris de óleo de boa qualidade, com maior valor no mercado.

Segundo ele, o conceito técnico de reservas prevê a apropriação de volumes referentes apenas aos poços existentes na concessão, além de ser calculado com base em outros critérios econômicos, como o preço do petróleo e a existência de mercado para o gás. A Petrobrás tem hoje reservas provadas de 14 bilhões de barris de petróleo e gás.

O executivo lembrou, porém, que o volume de reservas provadas de um campo pode variar no tempo, de acordo com o volume de informações que a empresa tem sobre o reservatório. Nesse sentido, afirmou, a projeção de 5 a 8 bilhões de barris é "conservadora", ao tomar por base um fator de recuperação de petróleo entre 20% e 25% - o que significa que a Petrobrás acha possível extrair até 1/4 de todo o petróleo existente na jazida.

Isso quer dizer que o reservatório de Tupi tem até 32 bilhões de barris de petróleo, dos quais no máximo 8 bilhões são recuperáveis, segundo a estimativa atual. "Nós estamos com 25% de fator de recuperação neste momento e esse é um índice conservador. Certamente poderemos crescer o índice, porque o petróleo está lá", afirmou Gabrielli.

Ele lembrou que há muitos exemplos em que o fator de recuperação foi ampliado na medida em que a empresa avançava no conhecimento da jazida. "Na Bacia de Campos, por exemplo, Marlim começou com 20% a 25% e hoje tem 54%", contou Gabrielli, citando o segundo maior campo brasileiro de petróleo.

A estatal inicia na próxima semana o projeto-piloto de produção em Tupi, com capacidade para extrair 100 mil barris por dia, que representará um passo importante no sentido de ampliar o conhecimento sobre a área. Com a extração de grandes volumes e injeção de gás e água nos reservatórios, a estatal quer saber como se comporta o reservatório, se suporta as variações de pressão naturais no processo de produção de petróleo.

A inauguração da plataforma-piloto, batizada de Cidade de Angra dos Reis, está marcada para a próxima quinta-feira, em cerimônia com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até o início do ano que vem, porém, a Petrobrás terá de reinjetar nos poços o gás natural produzido pela plataforma, uma vez que a empresa ainda não conseguiu concluir a construção do gasoduto Caraguatatuba-Taubaté, projetado para levar o combustível produzido na Bacia de Santos à malha nacional de gasodutos.

Fonte: O Estado de S.Paulo/Nicola Pamplona, Irany Tereza e Kelly Lima






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