O governo federal prevê arrecadar entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4,5 bilhões com a realização dos três leilões de áreas de exploração petrolífera para este ano. Segundo o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, esse valor considera o bônus mínimo de todas as áreas que serão licitadas, mais um percentual em petróleo relativo às áreas do présal, licitadas no modelo de partilha.
"Tudo o que foi estipulado de outorga mínima já está no Orçamento deste ano. A Fazenda e o Planejamento estimaram obter com os leilões, com as assinaturas das outorgas, de R$ 3,5 bilhões a R$ 4,5 bilhões", disse Coelho Filho, após participar da cerimônia de posse de dois novos diretores da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no Rio.
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Coelho Filho também contou que o governo pretende antecipar, do segundo para o primeiro semestre, o segundo leilão de áreas do présal, sob o regime de partilha. A expectativa é que seja publicado no "Diário Oficial da União" ainda em janeiro despacho com as áreas que serão incluídas nos três leilões de petróleo deste ano.
A partir da publicação, a Petrobras terá um prazo de 30 dias para exercer a preferência para ser operadora das quatro áreas unitizáveis do présal que serão licitadas: Carcará e Sapinhoá, na Bacia de Santos, e GatodoMato e Tartaruga Verde, na Bacia de Campos.
"Em maio, será o onshore [leilão de campos marginais terrestres], que estamos trabalhando. Estamos conversando com a Petrobras, porque eles têm o direito de preferência na questão do présal, mas vamos ver se trazemos ainda para o primeiro semestre a segunda rodada do présal. E a expectativa é que o póssal [14ª rodada da ANP] possa acontecer em setembro", disse Coelho Filho.
Em meio à decisão da Assembleia Legislativa do Rio de cancelar benefícios do ICMS, no âmbito do Repetro regime aduaneiro especial que prevê isenção de tributos federais e estaduais , Coelho Filho disse que o Brasil precisa ter condições para ser mais competitivo em atração de investimentos, em relação a outros países com potencial petrolífero offshore.
O secretário de Petróleo e Gás Natural, Márcio Félix, disse que antecipar o leilão de áreas unitizáveis do présal não é uma tarefa "tão simples", mas que os esforços estão concentrados nesse sentido. Segundo ele, a percepção, no governo, é que os indicadores da economia nacional têm se tornado mais atrativos para investimentos.
"O Brasil está com um cenário econômico melhor. Está caindo a taxa de juros, a inflação está ficando mais baixa. A gente entende que o leilão dessas quatro áreas [unitizáveis] já tem um grau de certeza que vai ser um sucesso, porque são apêndices de áreas que já têm descobertas", disse Félix.
Em discurso de posse como novo diretorgeral da ANP, Décio Oddone, disse que assume um compromisso de trabalhar para tornar o ambiente de negócios mais atrativo. Acenou com a simplificação da regulação, mas disse que a agência não "afrouxará" as regras.
"Vamos simplificar as regras, manter os canais de diálogo que já foram abertos. Isso não significa que vamos afrouxar regras e sermos desleixados na regulação. Esperamos honestidade e respeito às regras por parte dos agentes do mercado, mas não vamos nos furtar a aplicar sanções a quem fraudar regras", disse Oddone.
Além de Oddone, também tomou posse ontem o diretor Felipe Kury. Com os dois novos nomes, a diretoria da ANP ficou com as cinco vagas preenchidas, depois de um ano e sete meses.
Durante a cerimônia, Félix falou sobre o processo de renegociação do contrato da cessão onerosa, assinado em 2010, pelo qual a estatal obteve o direito de produzir 5 bilhões de barris de petróleo no présal. A meta, segundo o secretário, é concluir até o fim do ano a revisão do contrato.
A expectativa do governo, destacou o secretário, é que a ANP conclua ainda este mês seus cálculos sobre o assunto, para, a partir daí, sentar com a Petrobras para a revisão do contrato e "colocar todas as contas na mesma base".
A estatal adquiriu em 2010 o direito de produzir até 5 bilhões de barris por US$ 42 bilhões. O contrato previa uma rodada de renegociação dos parâmetros do negócio após a declaração de comercialidade das áreas envolvidas. Na época da assinatura do contrato, o preço de referência de venda do barril era de cerca de US$ 80, mas desde 2014 os preços da
commodity caíram fortemente hoje, o barril está em torno de US$ 55.
A revisão do contrato da cessão tem potencial para gerar perdas bilionárias, tanto para a Petrobras quanto para a União. Ontem, Félix disse que "nenhuma das partes tem dinheiro para dar para a outra" e que elas precisarão discutir alternativas para o pagamento dos valores devidos.
Em 2016, Félix chegou a afirmar que "tudo leva a crer" que a estatal sairá como credora ao final das negociações e que alternativas de pagamento estavam sendo avaliadas pela União. Por lei, a União não pode pagar a Petrobras com óleo, mas a crise dificulta o pagamento em dinheiro.
Por Rodrigo Polito e André Ramalho