Navio petroleiro: novos investimentos no mercado de óleo e gás fazem Voith Turbo diversificar a produção no Brasil
A companhia alemã Voith Turbo irá produzir no Brasil propulsores do tipo radial para embarcações de apoio a plataformas de petróleo, navios sondas e plataformas semissubmergíveis.
O lançamento do equipamento vai ser realizado em duas importantes feiras do setor neste semestre, a Navalshore e a Rio Oil and Gás, e a produção poderá começar no ano que vem.
"Seremos os primeiros a fabricar este tipo de propulsor no Brasil", diz André Araujo, gerente da área no país.
De acordo com Luiz Antônio Vaz Pinto, professor adjunto do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Brasil tem histórico de produção apenas de propulsores convencionais.
O modelo da Voith, mais sofisticado, teria como diferenciais a alta capacidade de manobra, por girar 360 graus em seu eixo vertical, e a possibilidade de eliminação do leme.
"É um modelo ideal para embarcações de apoio a plataformas de petróleo, como os navios de suprimentos (PSV, na sigla em inglês) e os que movimentam âncoras (AHTS, na sigla em inglês)", diz o acadêmico.
O mais interessante para a Voith é que a fabricação no Brasil praticamente não exigirá investimentos.
Segundo Araujo, a ideia é usar a fundição e a experiência da Voith Hydro na construção de equipamentos para a geração de energia hidroelétrica (a empresa foi responsável pela fabricação de algumas das turbinas de Itaipu, por exemplo), e parte dos galpões da Voith Paper, especializada em máquinas para a indústria de papel e celulose, para produzir e montar os propulsores navais.
Com isso, afirma Araujo, só haveria necessidade de importar da Alemanha algumas peças da engrenagem interna e sistemas de vedação.
"Os estudos que fizemos mostram que podemos fazer de 70% a 80% das peças no Brasil, além da montagem", informa o executivo.
A nova divisão foi implantada no Brasil há apenas dois anos. Araujo afirma que com contas simples é fácil estimar o potencial de mercado.
Cada um dos 28 navios sonda anunciados nos planos recentes de expansão da Petrobras demanda seis propulsores.
Caso consiga vencer a concorrência para fornecer o equipamento para apenas um lote de sete embarcações, teria que construir 42 unidades do produto.
O que, segundo Araujo, "não seria o suficiente para ocupar a capacidade instalada, mas seria um bom começo".
Até agora, a Voith Turbo vendia no Brasil apenas seus propulsores Voith Schneider, mais indicados para equipar rebocadores portuários de escolta, balsas de passageiros e cargas, e também barcos de apoio a plataformas de petróleo.
Porém, neste caso, o equipamento era totalmente importado.
Visitas da matriz
De acordo com Araujo, planos de nacionalizar 15% da produção e a montagem chegaram a ser estudados, mas não foram em frente.
Com as turbinas radiais, porém, foi diferente. A transferência de tecnologia e supervisão dos testes vêm motivando visitas constantes de executivos e especialistas alemães da matriz ao Brasil.
Em dez anos, a meta da companhia é fazer parte da elite de fornecedores da Petrobras.
E ter entre os clientes também outros competidores que começam a surgir no mercado, como a OSX, do empresário Eike Batista. "Temos todas as qualificações para isso", afirma Araujo.
Fonte: Brail Econômico/Dubes Sônego
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