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Armadores investirão US$ 4 bi com nova regra ambiental

Em meio à disputa comercial entre Estados Unidos e China, as companhias de transporte marítimo se preparam para lidar com mais uma preocupação. A partir de janeiro de 2020, as empresas terão um aumento de custo significativo, com a entrada de novas regras ambientais. O combustível usado pelas embarcações passará a ter um limite máximo de 0,5% no teor de enxofre, uma redução considerada drástica em relação aos atuais 3,5%.

As empresas internacionais que atuam no Brasil avaliam que, para se adaptar à norma, será necessário investimento de US$ 4 bilhões (equivalente a cerca de R$ 16 bilhões) até o fim deste ano, segundo cálculo do Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave), associação de 22 armadores internacionais, como MSC, Maersk, Hamburg Sud e CMA GCM.


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A mudança de regra é uma determinação da Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (Marpol), da qual o Brasil é signatário. A norma foi aprovada pela entidade em 2010, com objetivo de reduzir as emissões de óxidos de enxofre no ar. No entanto, segundo especialistas do setor, ainda não há clareza sobre qual será o efeito da medida no mercado.

"Haverá um impacto grande no custo", diz Claudio Loureiro de Souza, diretor-executivo do Centronave, que diz não ter estimativa sobre qual será o aumento. Analistas avaliam que o combustível com menor nível de enxofre seja cerca de 60% mais caro do que o utilizado atualmente.

Para ele, a instabilidade no comércio global deverá dificultar o repasse integral do aumento de despesas dos armadores, que já sofrem com as crescentes incertezas provocadas pela tensão EUA-China. Souza destaca, porém, que cada empresa adotará sua própria estratégia comercial.

Ao menos por enquanto, a solução encontrada pelos armadores para garantir o cumprimento da regra é a implantação de um sistema de limpeza de gases nos escapes dos navios.

A adaptação, que é considerada uma solução custosa, representará a maior parte dos investimentos bilionários que os armadores farão até o início de 2020, segundo a associação setorial.

O mecanismo é uma forma de driblar as incertezas em torno da substituição efetiva do combustível pela versão com baixo teor de enxofre. Além da questão do preço, há uma preocupação em relação à disponibilidade, já que são poucos os países que adequaram sua produção, afirma a advogada especialista em direito marítimo, Ingrid Zanella.

O Brasil até agora parece estar bem posicionado. A Petrobras anunciou recentemente que, entre abril e junho, produziu 190 mil metros cúbicos de óleo com baixo teor de enxofre - a primeira carga foi exportada em julho.

Para Souza, do Centronave, a mudança poderá levar a uma nova configuração dos locais de abastecimento no mundo.

Outro temor é em relação ao prazo para efetuar a transição. "A troca do combustível requer adaptações nas embarcações. É preciso interromper viagens, fazer testes. Isso leva meses, até um semestre", diz a advogada.

"Os armadores não têm opção senão aceitar as regras, mas é um prazo apertado. Há cinco anos talvez não parecesse tão complexo, mas hoje a realidade econômica no comércio mundial é diferente", afirma Souza.

Fonte: Valor

 






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