Os custos humanos e financeiros para a navegação mundial resultantes dos crescentes ataques de piratas na costa da Somália levaram as principais corporações, diretas e indiretamente ligadas ao setor, a tomarem posições mais radicais para evitar conflitos e mais perdas. Em 2008, houve 134 ataques na região Nordeste da África, com 44 navios vitimados e 600 tripulantes sequestrados e mantidos como reféns antes do pagamento do resgate. Seis tripulantes morreram.
O impacto no seguro de risco de guerra para atravessar o canal de Suez, que já foi de apenas US$ 500, avançou para US$ 20 mil. A navegação calcula que os cerca de 20 mil navios que navegam na região terão um dispêndio equivalente a US$ 400 milhões por ano de seguro extra. Para pagamento de resgates, a navegação desembolsou US$ 150 milhões em 2008, segundo avaliações de especialistas do setor.
A costa da Somália tem a dimensão de 3,2 mil quilômetros, parte na entrada do golfo de Aden. A alternativa para evitar a rota do Mediterrâneo aumenta a viagem, em média, em 2,7 mil milhas (cerca de 5 mil quilômetros), com a passagem pelo cabo da Boa Esperança, no Sul da África. Na semana passada, havia quatro navios sequestrados, com 82 tripulantes a bordo, segundo informou ao Valor o "Piracy Reports Centre", com sede em Londres.
Documento aprovado no fim de agosto e que passou a vigorar há poucos dias, por 15 grandes representações responsáveis pelo transporte de petróleo, gás, carga seca em contêineres ou a granel - membros da International Association of Independent Tanker Owners, International Chamber of Shipping e a International Transport Workers Federation (ITF), entre outras - orienta, em detalhes, a forma de gestão para enfrentar os ataques.
Em 18 páginas, no item das operações para navegabilidade, os navios são orientados a imprimir a maior velocidade possível, navegando em zigue-zague e evitando bordas livres. Os ataques são feitos em geral entre o entardecer e o amanhecer, com os piratas utilizando pequenos barcos abertos, velocidade até de 25 nós (cerca de 46,3 quilômetros por hora) e apoiados por um navio-mãe.
Originários de um país politicamente desorganizado, em guerra civil desde 1991, os somalis alegam perdas com a invasão de suas águas territoriais por embarcações estrangeiras, que cometem crimes de contrabando, pesca ilegal e destruição ambiental. A pirataria, que envolve mais de um milhar de somalis, exige resgates acima de o equivalente a US$ 1 milhão, mantendo navios e tripulantes, em alguns casos, até por meses sob ameaças.
O ônus à navegação, repassado ao frete e ao custo final de mercadorias, tem múltiplas avaliações, pela sua extensão. Atualmente, navegam pela região de risco cerca de 35 navios de guerra de 16 países que utilizam aquela rota, a fim de tentar melhorar a proteção. Estados Unidos, Japão, Itália, Alemanha, França, Índia, entre outros, deslocaram equipamentos e pessoal para o golfo de Aden, uma área marítima equivalente a quatro vezes o território francês, mais de 2,4 milhões de quilômetros quadrados, no total.(Fonte: Valor Econômico/JR/Para o Valor, de Santos)
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