Os navios que passam pelo Mar Vermelho e pelo Golfo de Aden têm sofrito ataques de mísseis e drones da milícia Houthi nos últimos dias, o que pode desencadear uma crise global na cadeia de abastecimento, segundo analistas do setor.
Na quinta-feira, um míssil foi disparado contra o navio ‘Maersk Gibraltar’ durante a rota de Salalah, em Omã, para Jeddah, na Arábia Saudita. O míssil não atingiu o navio.
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Uma série de ataques vêm sendo desferidos com mísseis e drones. Um navio de bandeira norueguesa no Estreito de Bab el-Mandeb, um navio porta-contêineres que operava entre a Ásia e o Mediterrâneo e um navio operado pela companhia marítima Ardmore no Mar Vermelho estão entre eles. Os ataques foram direcionados também a dois navios do armador MSC.
A MSC, a Maersk e a Hapag Lloyd anunciaram a suspensão de trânsito no Mar Vermelho até segunda ordem.
Peter Sand, analista-chefe da Xeneta, plataforma de dados e inteligência sobre transporte marítimo de carga, acredita que a situação pode ter consequências graves para as cadeias de abastecimento globais. “Todos os navios que transitam pelo Canal de Suez devem navegar pelo Mar Vermelho e pelo Golfo de Aden e a milícia Houthi deixou claro que qualquer navio é um alvo", analisou Sand. “Não acredito que o Canal de Suez vá fechar, mas se houver novas escaladas não podemos descartar essa possibilidade.
O Conselho Mundial de Navegação emitiu uma declaração pedindo ação. A Associação dos Armadores da Comunidade Europeia e a Federação Europeia dos Trabalhadores dos Transportes também emitiram uma declaração conjunta apelando a “ações imediatas para resolver urgentemente esta situação alarmante”.
Mais de 50 navios transitam diariamente pelo Canal de Suez, transportando bilhões de dólares em mercadorias para o Norte da Europa, Mediterrâneo e Costa Leste da América do Norte.
A milícia Houthi, no Iêmen, manifestou simpatia pelo Hamas e, segundo o governo dos EUA, recebe armamentos do Irã. Os ataques com mísseis e drones a navios mercantes seriam uma resposta ao conflito em Gaza.
A principal alternativa para os armadores é contornar o Cabo da Boa Esperança, o que soma 10 dias de navegação para serviços da Ásia ao Norte da Europa e Mediterrâneo Oriental. A consequência imediata é o aumento custo da movimentação de carga por via marítima. "Dependendo da escala e da duração de qualquer interrupção no Canal de Suez, poderemos ver as taxas de frete marítimo aumentarem em até 100%”, disse Sand.