O início da retirada do óleo do navio MV Stellar Banner, encalhado a 100 quilômetros da costa de São Luís (MA) há 15 dias, foi adiado devido às condições meteoceanográficas desfavoráveis. A previsão inicial era que a operação começasse nesta terça-feira (10), mas agora deve ocorrer a partir da próxima quinta-feira (12). O plano de remoção de óleo, recebido pela Marinha no último domingo (8), foi aprovado no dia seguinte. Segundo boletim da Marinha, há necessidade de reavaliação contínua das condições de segurança do mar pelas empresas Ardent Global e OceanPact. O plano de contingência está em fase final de ajustes junto à Vale e às empresas de apoio e salvatagem contratadas.
De acordo com a autoridade marítima, a situação da embarcação continua estável. O helicóptero S-76C da Vale sobrevoou o local do encalhe pela manhã de ontem (9) e não observou nem vestígios de óleo no mar, nem mudanças no grau de inclinação do navio. As empresas Ardent e Smit Salvage permancem coletando dados, informações e realizando avaliações para elaboração do plano de salvatagem, que será encaminhado à Marinha para aprovação.
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O coordenador do curso de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Poli-UFRJ), Luiz Felipe Assis, acredita que o alívio da carga em alto mar é a operação mais complexa para poder desencalhar o navio, já que a retirada do óleo para outros navios é feita por mangotes. A logística de resgate do Stellar Banner deve demandar embarcações com equipamentos para movimentação de carga, já que navios desse porte não são equipados com guindastes. "Com uma carga a granel, é preciso abrir a tampa de escotilha, no mar aberto, em condições de tempo que podem mudar e fazer descarregamento de uma quantidade grande de minério, quase 300 mil toneladas", comentou Assis.
A operação para aliviar e fazer o navio flutuar novamente é considerada de risco. A decisão depende da avaliação das empresas envolvidas e é acompanhda pela Marinha e demais autoridades. "Depois de reparar a fissura vão tentar, de alguma maneira, usar sistemas para facilitar a flutuação e desencalhe do navio. Não é uma operação impossível", analisou o professor. Assis vê como aspecto positivo o navio seguir estável e sem sofrer tensões. Se estivesse mal posicionado, dependendo das condições de mar, vento e correntes, a embarcação poderia receber tensões adicionais para as quais não está projetada.
Assis ponderou que somente o inquérito administrativo da Marinha e eventual julgamento do Tribunal Marítimo poderão ajudar a esclarecer as causas do incidente. Ele entende que a região de Ponta da Madeira, apesar das grandes profundidades, tem grande oscilação de maré, inclusive com esforços grandes das amarras por causa dessa variação nas operações portuárias. O navio, que encalhou fora da poligonal, tem 340 metros de comprimento por 55 metros de boca, um pouco menor que os modelos classe Valemax. Ele considera que o encalhe pode ter evitado o que seria um naufrágio.
Balanço — A Marinha empregou o 255 militares e disponibilizou o navio de apoio oceânico Iguatemi, o navio hidroceanográfico Garnier Sampaio, um helicóptero UH-15 e quatro embarcações da capitania dos portos do Maranhão (CPMA). Também atuam no local do encalhe: cinco rebocadores (três deles dotados com materiais para combate à poluição por óleo); um drone com câmera térmica; um helicóptero S-76C e três embarcações de suporte às atividades de contingência de derramamento de óleo (OSRV).
A 13ª reunião no CPMA, realizada na segunda-feira (9), contou com representantes da Vale, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Polícia Federal, Ardent Global, gerência ambiental do Porto do Itaqui, secretaria estadual estadual do meio ambiente e agentes marítimos. O navio, carregado com quase 300 mil toneladas de minério, é de propriedade do armador sul-coreano Polaris Shipping.