Encontra-se atracado no cais do Porto Novo do Rio Grande, desde o final da tarde de quinta-feira, o Aviso de Pesquisa (AvPq) "Aspirante Moura", da Marinha do Brasil. A embarcação, que foi incorporada à Armada Brasileira em 17 de junho deste ano, estará aberta à visitação pública neste sábado e domingo, das 14h às 18h. O novo navio da Marinha está na região Sul do Brasil realizando a segunda Comissão Oceanográfica, a serviço do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM). Fez escala operativa no porto de Paranaguá nos últimos dias 27 e 28 e depois veio para Rio Grande. Já nos dias 11 e 12, estará no porto de Itajaí, onde também será aberto à visitação pública.
A Comissão Oceanográfica faz parte do Projeto de Monitoramento de Radionuclídeos na costa brasileira, encomendado pela Coordenação do Plano de Reaparelhamento da Marinha (C-PRM), com a participação do IEAPM e a colaboração técnica especializada do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Esse projeto tem previstos dezenove pontos de coleta de amostras de água e sedimentos entre Salinópolis (PA) e Rio Grande (RS), a serem ocupados ao longo de cinco anos.
Uma das razões da atracação do AvPq “Aspirante Moura” em Paranaguá, Rio Grande e Itajaí, é apresentar à comunidade científica e à sociedade os recursos nele disponíveis, na condição de Laboratório Flutuante de Pesquisas Oceanográficas para plataformas de pesquisas oceânicas. O AvPq “Aspirante Moura” está com cinco pesquisadores (do IRD e da CNEN) a bordo e 12 tripulantes. Conforme o biólogo Flávio da Costa Fernandes, civil que atua como pesquisador no IEAPM e está a bordo do Aviso de Pesquisa, o monitoramento que eles estão realizando é para a Marinha conhecer as concentrações atuais de radionuclídeos (elementos químicos radioativos) existentes na costa brasileira.
O pesquisador observou que os radionuclídeos já existem no planeta devido a explosões atômicas feitas anteriormente no mundo, sendo que no Brasil as concentrações são baixas. A pesquisa busca determinar o que já existe na costa brasileira como forma de prevenção. "Quando a Marinha tiver submarinos nucleares, caso seja acusada de estar lançando elementos radioativos no mar terá como provar, com base nos dados coletados neste monitoramento, que eles já existiam", explica. Os submarinos vão usar energia nuclear, mas sem lançamentos, escapamentos, destes elementos. No mundo todo se usa energia nuclear, sem escapamentos de radioatividade", ressalta.
O levantamento ocorre em toda a costa brasileira, desde Rio Grande até Salinópolis, no Pará. É feito há um ano, sendo esta a primeira vez em Rio Grande. Antes era realizado de Vitória a Santos. O monitoramento será contínuo até a Marinha contar com submarino nuclear e dá ênfase às regiões portuárias, às áreas em que os navios podem chegar. O "Aspirante Moura" deixa Rio Grande no início da tarde de segunda-feira, 6.
Fonte: J0ornal Agora (RS)/Carmem Ziebell
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