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Navio chinês encalhado ameaça a maior barreira de coral do mundo

O navio chinês Shen Neng 1 continua encalhado na barreira de coral australiana, ao noroeste do país, desde a noite do sábado (03). Ele partia com 65 mil toneladas de carvão e 975 toneladas de petróleo rumo à China. Após desviar 12 km da rota comercial, a embarcação ficou presa. Para evitar que parta ao meio ou seja levado pela correnteza, um rebocador está estabilizando o navio com cordas. Houve um vazamento de óleo, que está sendo controlado, mas ainda representa uma ameaça aos corais, um dos ecossistemas mais frágeis do planeta.
As autoridades do país estão investigando o que fez o navio se desviar de sua rota e navegar por uma área protegida. A empresa dona da embarcação pode ser multada em até um milhão de dólares australianos (US$ 920.000).

Ainda é incerto o tamanho da área atingida. “Dependendo do tamanho e da quantidade de óleo derramado, ele pode dizimar as espécies de uma região”, afirma Fernanda Duarte Amaral, professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) que há 26 anos estuda recifes de corais.

Sombra do óleo
Um derramamento de petróleo pode prejudicar os corais de duas maneiras. A primeira é que, como, o coral possui apenas um orifício: a boca, que usa para se alimentar de minúsculos animais e algas. Se o óleo for suficiente para descer até o fundo, ele pode cobrir os corais e causar uma espécie de sufocamento.
A segunda é que mesmo que o vazamento fique na superfície do mar, ele impede que a luz penetre no água, prejudicando a fotossíntese das algas que vivem dentro dos recifes e servem como alimento.
Corais como este, em St Croix, nas Ilhas Virgens, podem demorar até
seis anos para se recuperar de um vazamento de petróleo (Foto:AP)
Além disso, o derramamento de óleo pode gerar uma reação em cadeia. “Ele impede a reprodução dos corais; peixes e outros animais que se alimentam dos corais não terão mais comida; os peixes de tamanho médio irão se prejudicar, pois a população dos pequenos diminuirá; e assim por diante”, afirma Fernanda. Os golfinhos, as baleias e as tartarugas que frequentam os corais para se reproduzir, alimentar e proteger também serão prejudicados.

“O recife de coral pode conseguir se recuperar dependendo da extensão e da duração do problema”, explica Fernanda. “No caso do navio chinês, o que minimiza a preocupação é que esse parece ser um estresse apenas local”, diz Zelinda Margarida de Andrade Nery Leão, uma dos coordenadores do Grupo de Estudos de Recifes de Corais e Mudanças Climáticas da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ela estima se o óleo for contido, entre cinco e seis anos a área pode estar recuperada.

(Fonte: Isis Nóbile Diniz, especial para o iG/Com informações da AP)


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