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Yanmar

Navio da Marinha usará robô para pesquisar impactos da lama no litoral capixaba

Considerado um dos principais navios especializados em pesquisas marítimas do mundo, o Vital de Oliveira segue para Regência, no litoral de Linhares, na manhã de hoje (26), para ajudar no monitoramento da lama com rejeitos de mineração, que vem se espalhando pelo oceano após percorrer o Rio Doce. O objetivo da embarcação é realizar pesquisas e análises sobre o impacto da passagem dos resíduos de minério, que castigam o Rio Doce e o Oceano Atlântico na região da foz do rio.

O navio hidroceanográfico, principal e mais moderna embarcação de pesquisa da Marinha do Brasil, conta, por exemplo, com cinco laboratórios - sendo dois molhados e três secos - e 30 equipamentos científicos de última geração, usados para coletar dados físicos, químicos, geológicos e biológicos de áreas oceânicas. Para se ter uma ideia, a França, o Japão, a China e a Rússia são alguns dos países que possuem navios semelhantes, equipados com alta tecnologia e destinados a essa finalidade.


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Um dos equipamentos disponíveis no Vital de Oliveira é o veículo de operação remota (ROV, na sigla em inglês), que é uma espécie de robô subaquático, que pode atuar a uma profundidade de 4 mil metros. Lançado ao fundo do mar, o robô pode ser guiado por meio de controle remoto e fornece imagens em tempo real aos pesquisadores.

Outro equipamento disponível na embarcação é o CTD Rossette, usado para coletar água de diferentes camadas. "Temos sonares a bordo com diversas frequências, sendo que as mais altas podem monitorar os sedimentos. Também é possível coletar amostras do fundo do mar. Temos uma série de pesquisadores, PHDs, com equipamentos e laboratórios e tudo isso em frente à foz do Rio Doce", destacou o comandante do navio, Aluízio Maciel de Oliveira Júnior.

"Ela irá monitorar em torno de 20 quilômetros da foz do Rio Doce. Quando ele retornar a Vitória trará informações sobre o comportamento dos sedimentos", afirmou o capitão-de-guerra-e-de-mar, Marcos Aurélio de Arruda.

A embarcação também apresenta habilidade especial para realizar pesquisas de busca de nódulos metálicos no fundo do mar, além da localização de petróleo e gás em superfícies bem inferiores, como é o caso da camada pré-sal e da exploração de recursos minerais em águas profundas como a Zona Econômica Exclusiva (ZEE).

De acordo com a Capitania dos Portos, o navio receberá o reforço de técnicos do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), da Marinha do Brasil, e da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), além dos pesquisadores que já estão embarcados. Ainda segundo a Marinha, as equipes vão auxiliar nos levantamentos e estudos para verificar os impactos oceanográficos na fauna e flora da foz do Rio Doce e áreas marítimas adjacentes.

O navio segue para Regência, nesta quinta-feira, já com os profissionais do Iema e de universidades, e retorna no dia 30 de novembro, pois pode ser que algumas análises tenham que ser feitas em terra. No dia 2 de dezembro, ele retorna para Regência.

"Temos que saber a extensão destes danos e os quantificar para que possamos cobrar mais medidas de ressarcimento e mitigação dos impactos. Os melhores profissionais do país estão no Espírito Santo agora para tratar deste assunto, para isso estamos aliando o trabalho da Marinha ao trabalho que vem sendo feito pelo Estado e seus parceiros", afirmou o secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rodrigo Júdice.

Estrutura

Com 78 metros de comprimento, 20 metros de boca, raio de ação de 13 mil km e capacidade de deslocamento de 4,2 mil toneladas, o Vital de Oliveira tem autonomia de 30 dias e capacidade para 130 pessoas a bordo, sendo 90 tripulantes e 40 pesquisadores. A embarcação pode navegar a uma velocidade máxima de 12 nós e a velocidade de cruzeiro é de 10 nós.


O Navio Hidroceanográfico foi construído em 2013, no estaleiro Guangzhou Hantong Shipbuilding and Shipping Co. Ltd., em Xinhui, na China. A embarcação passou pela fase de testes, adequações técnicas e instalação de equipamentos em Cingapura e chegou ao Brasil em julho deste ano.

A aquisição do navio ocorreu após um Acordo de Cooperação firmado entre a Marinha do Brasil, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Petrobras e a mineradora Vale, que é uma das proprietárias da Samarco - responsável pelas barragens rompidas em Mariana-MG, de onde saiu a lama com resíduos de minério.

O acordo foi assinado no dia 20 de setembro de 2012 e o investimento para a aquisição do navio foi de R$ 162 milhões - R$ 70 milhões da Petrobras, R$ 38 milhões da Vale, R$ 27 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e R$ 27 milhões da Marinha. O Vital de Oliveira realizava sua primeira missão em Fernando de Noronha, mas acabou sendo deslocado para o Espírito Santo para ajudar a minimizar os impactos da lama no Estado.

O nome do navio foi estabelecido em homenagem ao capitão-de-fragata Manoel Antonio Vital de Oliveira, morto na Guerra do Paraguai em 2 de fevereiro de 1867, no bombardeio a Curupaiti, a bordo do Monitor Encouraçado Silvado, do qual era comandante.

Visita

O governador Paulo Hartung visitou, na manhã de ontem, quarta-feira (25), o interior do Vital de Oliveira, que está atracado no Porto de Vitória. Na ocasião, o governador ressaltou que técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e da Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH) já estão mobilizados no monitoramento do Rio Doce e que a chegada do Vital de Oliveira será importante para mensurar os impactos da lama na foz do Doce e litoral do Estado.

"Quero registrar que nossa reivindicação junto ao Governo Federal foi atendida imediatamente e agora contamos com um equipamento de última geração que, além dos recursos tecnológicos e laboratórios, está conectado com especialistas, pesquisadores, ciências e acadêmicos, inclusive com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O objetivo é fazer um monitoramento do impacto da lama na sua chegada ao mar, em sua superfície e fundo, para analisarmos as consequências na fauna e flora. É a partir desta análise que serão definidas novas ações e as providências que os diversos níveis de governo devem cobrar da empresa [Samarco] responsável por este desastre", disse Hartung.

O governador reforçou ainda que, na última segunda-feira (23), durante visita da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e do presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente de Andreu Guilho, ficou acertado que pesquisadores do Governo Federal que estão atuando no Estado permanecerão por um período de 90 a 120 dias. "Especialistas defendem esse prazo mínimo de monitoramento para um diagnóstico mais fidedigno do comportamento do ecossistema", ponderou.

Hartung destacou também que intensificar o uso de ciência e técnica neste episódio é importante para ter boa informação e evitar boatos que gerem pânico à população. "É uma situação que não ajuda neste momento desafiador que estamos vivenciando, pois estamos atuando nas ações emergenciais e, convergindo forças, para estruturar um conjunto de ações para recuperação da Bacia do Rio Doce", comentou.

Fonte: Folha Vitória






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