A Xeneta alerta que é preciso ter cautela em relação ao anúncio feito pela milícia Houthi de suspensão dos ataques a Israel e a embarcações no Mar Vermelho. A avaliação dos analistas da consultoria é que, se a interrupção for confirmada, haverá forte redução dos preços de fretes no transporte de contêineres com a retomada da navegação pela região.
Peter Sand, analista-chefe da Xeneta, disse que os detalhes sobre possível suspensão de ações militares no Mar Vermelho são escassos e alertou que não se deve pôr em risco a segurança de tripulações, navios e cargas com base na palavra de militantes houthis. “As transportadoras precisam de muito mais garantias do que isso e, talvez, ainda mais importante, as seguradoras também”.
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Ele informou que transportadoras marítimas têm diferentes níveis de tolerância ao risco e que alguns navios, entre as quais a CMA CGM Zheng He e a CMA CGM Benjamin Franklin, fizeram viagens pela região em novembro. Mas disse que o número de navios porta-contêineres que transitam pelo Canal de Suez tem apresentado tendência de queda ao longo de 2025. “Os trânsitos podem começar a aumentar se houver uma percepção de menor risco, mas é improvável que vejamos um retorno no curto prazo aos níveis de 2023”, afirmou.
Segundo dados da Xeneta, rotas mais longas, contornando o Cabo da Boa Esperança, na África, para evitar a ameaça de ataques dos houthis no Mar Vermelho, estão sendo usadas para transportar dois milhões de TEUs e aumentando as demandas de transporte sobre a frota. Por isso, a expectativa é de que a volta ao uso da larga escala do Mar Vermelho, que reduziria os trajetos, poderia causar queda acentuada nas taxas de frete. Para evitar essas perdas, sugerem os analistas, as alternativas das empresas de navegação seriam deixar navios parados, reduzir frotas, navegar em velocidade reduzida ou cancelar viagens.
Peter Sand informou que taxas spot médias do Extremo Oriente para o Norte da Europa, Mediterrâneo e Costa Leste dos Estados Unidos, três rotas comerciais que normalmente transitam pelo Mar Vermelho, caíram mais de 50% desde o início do ano. Para ele, a volta da navegação em larga escala de porta-contêineres pela aumentaria muito a oferta de transporte e faria com que os fretes caíssem ainda mais em todas as rotas comerciais em nível global e não apenas naquelas hoje diretamente impactadas pelos desvios.
O analista explicou que as empresas de navegação já estão começando a acumular prejuízos e que a previsão é de que as taxas de frete caiam até 25% globalmente em 2026, mesmo sem nenhuma mudança na situação do Mar Vermelho. Ele sugeriu que as companhias elaborem planos de contingência, porque haveria graves transtornos nas cadeias de abastecimento marítimo globais à medida que os serviços pelo Canal de Suez fossem restabelecidos. “Ainda há muitas perguntas a serem respondidas, mas o impacto de um retorno em larga escala seria enorme para expedidores e transportadoras”, previu.
















