Além da subsidiária da Petrobras, que encomendou 49 navios e precisa  contratar 1.700 pessoas até 2013, empresas privadas também reclamam da  pouca oferta de profissionais da marinha mercante
 
 RIO – O setor naval já vive um apagão de mão de obra de marinheiros para  trabalharem nos navios petroleiros e nas embarcações de apoio às  plataformas. O cenário tende a se agravar, já que a exploração e a  produção de petróleo vão aumentar com o desenvolvimento dos campos no  pré-sal. O alerta vem da Transpetro. A subsidiária da Petrobras prevê a  necessidade de contratar 1.700 novos marítimos até 2013 – aumento de 76%  em relação aos atuais 2.232. Só em 2010, a estatal, que está  encomendando na indústria nacional 49 navios, contratou 112 marítimos.
 
 Além da Transpetro, empresas privadas reclamam da pouca oferta de  profissionais da marinha mercante, que trabalham nos navios, como os  oficiais de náutica (comandantes e pilotos), técnicos certificados  (contramestre), marinheiros de convés e taifeiros (espécie de faz tudo).  Isso acontece porque hoje só a Marinha do Brasil pode formar os  oficiais de náutica no País. E há apenas dois centros de instrução (a  Ciaga, no Rio de Janeiro, e a Ciaba, no Pará), que formam juntos cerca  de 350 oficiais por ano.
 
 Gisela Mac Laren, presidente do estaleiro Mac Laren Oil, está otimista  com o crescimento do setor, que está investindo R$ 12 bilhões. Ela,  porém, ressalta que é preciso estar atento aos problemas. “A navegação  sofre com a falta de profissionais. O Brasil deveria seguir o exemplo de  outros países e permitir que escolas particulares ofereçam a formação.  Isso tem de mudar”, sugere.
 
 Um navio pode ter de oito a 18 tripulantes e precisa ter no mínimo duas  tripulações já que cada turno de trabalho é seguido por idêntico período  de descanso. É de olho nesses números que a Transpetro está  desenvolvendo com a Marinha, os sindicatos e o governo federal um plano  de ampliação e melhorias nos centros de formação do Rio e do Pará.
 
 Luiz Maurício Portela, presidente do Grupo Fischer, ressalta a falta de  oficiais de náutica como um dos gargalos do setor. “A demanda da  Petrobras é tão grande que não tem como atender. Hoje, há 300 navios em  operação. E até 2020 há necessidade de outros 200 navios. E não adianta  falar de crescimento do setor, de ter recursos técnicos, se não há  pessoal”.
 
 A OSX, do empresário Eike Batista, está criando o Instituto Tecnológico  Naval (ITN) para capacitar mão de obra em toda a cadeia do setor.  Segundo Luiz Eduardo Carneiro, diretor-presidente da OGX, a intenção do  projeto é suprir toda a carência atual de profissionais. “Contratamos  muitos aposentados que hoje ensinam os mais jovens. Estamos conversando  com faculdades e cursos técnicos, além de montar laboratórios de  treinamento”.
 
 A escassez de mão de obra no setor naval não se restringe aos marítimos.  Analista de RH da Forship, empresa prestadora de serviços de  engenharia, Larice Vieira disse que a companhia encontra dificuldades  para contratar técnicos e mecânicos especializados em serviços de  plataformas.
 
 Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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