Equinor anuncia investimento de US$ 8 bilhões no pré-sal brasileiro

A norueguesa Equinor chegou, ao lado dos sócios ExxonMobil e Petrogal, a uma decisão final de investimento no projeto de Bacalhau (ex-Carcará), na Bacia de Santos, e anunciou ontem investimento conjunto com os parceiros de US$ 8 bilhões no primeiro campo do pré-sal a ser desenvolvido por uma petroleira estrangeira no Brasil. A expectativa é que o ativo comece a produzir em 2024.

O projeto é uma sociedade entre Equinor (40%), ExxonMobil (40%), Petrogal (20%) e a Pré-sal Petróleo SA (PPSA), representante da União no contrato. O projeto será tirado do papel em meio ao processo de adaptação das grandes petroleiras globais à transformação energética para uma economia de baixo carbono. O anúncio oficial da decisão final de investimento em Bacalhau ocorre, inclusive, duas semanas após a Agência Internacional de Energia (AIE) ter sugerido a suspensão imediata de novas perfurações de poços de exploração, para assegurar os cortes de emissões previstos no Acordo de Paris.

A presidente da Equinor no Brasil, Verônica Coelho, afirma que Bacalhau se mostrou um projeto competitivo, dentro da carteira global de ativos da companhia, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. Nesse sentido, segundo a executiva, Bacalhau permitirá à empresa produzir um petróleo com índices de emissões abaixo da média mundial e de forma lucrativa, mesmo em cenário de desvalorização da commodity.

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A multinacional cita que o campo terá um breakeven (preço de equilíbrio econômico) abaixo de US$ 35 o barril e uma intensidade média de CO2 inferior a 9 quilos por barril produzido - nível abaixo da média global de 17 kg/barril e relativamente em linha com a meta da empresa de operar com a média de emissões de 8 kg/barril.

“[O alerta da AIE] Ressalta o desafio que temos pela frente, mas que já enxergamos há muito tempo... Não existe possibilidade de um cenário em que deixemos de produzir óleo e gás e liguemos na tomada, de imediato, uma outra alternativa. Na escala que precisamos não existe outra alternativa. Nossa determinação, como produtor, é fazer de maneira responsável”, disse Verônica ao Valor.

Enquanto avança com o desenvolvimento de Bacalhau, a Equinor mira também novas oportunidades nos próximos leilões de óleo e gás. Para 2021, o governo brasileiro planeja realizar a 17ª Rodada de concessões e o leilão dos excedentes da cessão onerosa de Sépia e Atapu, no pré-sal. “Vamos buscar, em termos de exploração, concentrar nossos esforços [em regiões] onde já conhecemos e onde possamos otimizar a operação a partir da infraestrutura já existente. Ativos competitivos que possam ser gerenciados com breakeven e carbono baixos serão olhados com bastante carinho”, disse.

Bacalhau é o principal vetor de expansão da empresa no país. Hoje a companhia possui dois ativos operacionais, ambos na Bacia de Campos: opera Peregrino e é sócia minoritária da Petrobras, com 25%, no campo de Roncador. Outro ativo importante dentro da carteira da empresa é a descoberta de gás natural de Pão de Açúcar (BM-C-33), no pré-sal de Campos. Verônica diz que a ideia é avançar para a engenharia detalhada do projeto ainda este ano, mas que a tomada de decisão sobre o investimento depende de uma solução para monetização das reservas.

Uma das opções avaliadas pela companhia é monetizar o gás de Pão de Açúcar por meio de um projeto termelétrico. Verônica defende que o Brasil precisa buscar soluções para garantir a estabilidade do sistema elétrico, dada a frequência das crises hídricas no país, e que as térmicas se encaixam dentro dessa necessidade.

“Acompanhamos de perto os leilões de térmicas e outras fontes também, como solar e eólica, com muito interesse”, afirma a executiva, que também vê potencial de negócios no mercado livre.

Ela vê com ressalvas, porém, a proposta inserida no texto da MP da privatização da Eletrobras que prevê a contratação de 6 gigawatts (GW) em térmicas a gás, obrigatoriamente nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. “Tanto a produção de gás está na costa do Sudeste, quanto o mercado consumidor. Qualquer solução que traga um caminho mais longo que esses dois pontos têm mais custos para todos na conta que cada um vai pagar. É importante refletirmos onde queremos chegar”, comentou.

Na primeira fase de produção de Bacalhau, que prevê a instalação de um FPSO (plataforma flutuante) com capacidade para 220 mil barris/dia, o gás natural será reinjetado. A Equinor prevê iniciar a produção em 2024, mas alerta que, “devido à pandemia de covid-19 e às incertezas relacionadas, os planos do projeto podem ser ajustados em resposta às restrições de saúde e segurança”. A descoberta de Carcará, depois transformada no campo de Bacalhau, ocorreu em 2012 pela Petrobras. Em 2016, a estatal vendeu fatia de 66% no projeto para a Equinor, por US$ 2,5 bilhões. O campo prevê 19 poços conectados ao FPSO. As perfurações começam em 2022.

Verônica afirma que a companhia observa “com atenção e cuidado” a abertura do mercado de refino no Brasil, mas que, a princípio, a intenção é exportar o petróleo de Bacalhau, com foco na Ásia. Ela afirma que Bacalhau respeitará a meta de conteúdo local de 30%, com foco nos equipamentos submarinos e serviços de poços. A Equinor estima que o desenvolvimento do campo movimentará 3 mil empregos no Brasil.

Fonte: Valor



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