Papel tem prazo de 13,5 anos e saiu com taxa de 5,20%
A SBM FPS Holding e a Mitsubishi Corporation lançaram ontem um “project bond” para refinanciar o investimento em uma plataforma de produção do pré-sal no campo de petróleo Sapinho (antigo Guará), que pertence ao consórcio formado por Petrobras (45%), Shell (30%) e pela Repsol Sinopec (25%).
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A operação somou US$ 850 milhões, tem prazo de 13,5 anos e saiu com taxa de 5,20%. A demanda pelos papéis superou a oferta em três vezes.
Os bônus foram emitidos pela FPSO (sigla em inglês para unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência de petróleo e gás) Cidade de Ilhabela, operada pela SBM e Mitsubishi.
Esse é o segundo “bond” de FPSO realizado por aqui - a primeira emissão foi em 2019, quando a Modec levantou US$ 1,1 bilhão em bônus para refinanciar investimento na plataforma Cidade de Mangaratiba.
As duas operações tiveram a coordenação do Citi. “O sucesso da operação mostra que o apetite do investidor estrangeiro por ativos no Brasil é hoje muio grande. Ele absorve tanto as operações mais tradicionais quanto as mais estruturadas”, afirma Claudio Matos, head de mercado de capitais e renda fixa do Citi Brasil. A aposta dos executivos do banco é que novas operações como essa aconteçam este ano.
Os recursos levantados com o “project bond” serão usados para o pagamento de dívidas e também voltarão para os sócios, para que eles possam financiar outros projetos, já que este está operacional e dando retorno. A SBM está trabalhando no Projeto Mero 2, da Petrobras em Sepetiba, e precisar fazer investimentos para financiar um novo FPSO.
Daniel O’Czerny, head de project finance Latam do Citi, destaca que boa parte da produção de petróleo e da geração de valor de toda a cadeia do segmento está calcado no pré-sal, onde a única forma de produzir é via FPSO.
“Para os próximos anos, esperamos o lançamento de três a cinco novos FPSOs todos os anos e com custo estimado próximo de US$ 2 bilhões cada um. Para continuar crescendo e extraindo valor do pré-sal é fundamental que a indústria tenha o mercado de capitais como fonte de financiamento”, afirma.
Mario Braz, diretor de mercado de capitais de renda fixa do Citi Brasil, destacou que os papéis atraíram investidores dedicados a mercados emergentes e de alta qualidade. Foram mais de cem reuniões, realizadas durante a última semana para apresentar a operação. Ao final, 122 investidores colocaram ordens no livro da oferta - um aumento de 20% em relação ao primeiro “bond de FPSO”, de 2019.
“Quando fizemos a primeira operação, houve dúvidas no mercado porque a memória era de papéis de sondas de perfuração, que vieram a default. Mas aqui estamos falando de plataformas de exploração. A FPSO é a monetização daquilo que já foi encontrado. O risco é muito menor do que o das sondas, que são Capex, utilizadas para explorar novos poços”, diz.
Fonte: Valor