A Petrobras abandonou oficialmente a sua meta de desalavancagem para 2020. Depois de cortar US$ 24 bilhões da dívida bruta em 2019, o cenário mudou. A empresa viu a sua capacidade de geração de caixa encolher diante do choque de preços do petróleo e decidiu, ontem, mudar a métrica e a sua meta de endividamento. O objetivo, a partir de agora, é conseguir chegar ao fim de 2020 com um endividamento bruto de US$ 87 bilhões, no mesmo patamar do ano passado, sem saltos.
O conselho de administração da Petrobras aprovou a revisão da métrica de endividamento e a estatal deixará de trabalhar com o indicador dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). A partir de agora, a empresa passará a se limitar a dar metas de dívida bruta.
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Até então, a meta era chegar ao fim do ano com uma alavancagem de 1,5 vez a dívida líquida/Ebitda. Ao fim de 2019, esse índice estava em 2,46 vezes (incluindo os efeitos do IFRS 16). O grande mérito desse tipo de indicador é associar a dívida a sua capacidade de pagamento, reconhecida pelo Ebitda. Acontece que, nesse momento, a Petrobras se depara com más notícias vindas das duas frentes que impactam diretamente sua alavancagem: de um lado, o dólar alto pressiona para cima a dívida; na outra extremidade, a desvalorização do óleo reduz a geração de caixa.
A Petrobras justificou a mudança, alegando que a indicação da dívida bruta como métrica de topo reduz o impacto da volatilidade do petróleo e reflete de forma mais direta o endividamento da companhia. “A revisão da métrica considerou a alta volatilidade do indicador dívida líquida/Ebitda, extremamente sensível à volatilidade do [barril do tipo] Brent, e o foco da administração da companhia na redução de sua dívida total”, esclareceu em comunicado.
A petroleira mantém a intenção de reduzir a dívida bruta para US$ 60 bilhões. Antes da crise, a empresa esperava chegar a esse patamar em 2021 e, com isso, dar início a sua nova política de dividendos - que prevê aumentar os montantes distribuídos a partir do momento em que o endividamento cair para abaixo dos US$ 60 bilhões. A estatal, contudo, não deu uma data para atingir a meta.
O conselho da Petrobras também aprovou a atualização do indicador EVA, utilizado para o cálculo do retorno do capital investido, de US$ 2,6 bilhões para US$ 2,1 bilhões em 2020.
Fonte: Valor