A Petrobras está bem preparada para operar com preços do petróleo tão baixos quanto 15 dólares por barril, após colocar em prática diversas medidas para lidar com o cenário de crise global do setor, e poderá realizar novos cortes de custos, afirmou nesta sexta-feira a diretora executiva de Finanças e Relacionamento com Investidores, Andrea Almeida.
Diante dos efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia global, a Petrobras anunciou nos últimos meses uma série de ações como cortes de gastos operacionais, adiamento do pagamento de dividendos, redução de investimentos, dentre outros.
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"A gente não parou por aí, a gente continua trabalhando para gerar novas ações e novas reduções de custos, na medida em que a gente tiver mais novidades a gente vai falar com o mercado", disse Almeida, durante videoconferência com analistas sobre os resultados trimestrais.
"Se a gente olhar agora até o fim do ano... estamos bem preparados inclusive para um preço de 15 dólares por barril, mostrando a resiliência e o foco que a Petrobras deu nas atitudes, buscando a liquidez da empresa."
A companhia registrou na véspera um prejuízo líquido recorde de 48,5 bilhões de reais no primeiro trimestre, após grande baixa contábil devido a uma revisão das premissas de longo prazo para o petróleo Brent, devido aos impactos relacionados a pandemia nos ativos da empresa.
A empresa informou ainda que agora projeta o preço do Brent no longo prazo em 50 dólares/barril, contra 65 dólares/barril anteriormente, projetando o valor médio neste ano em 25 dólares/barril.
Nesta sexta-feira, o petróleo Brent operava acima de 32 dólares o barril, tendo se recuperado bastante após mínima inferior a 20 dólares registrada em abril, quando a commodity tocou o menor valor desde 2002.
MAIS CORTES DE CUSTOS
Durante a videoconferência, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, frisou que a pandemia está trazendo ainda aprendizados e ajudando a acelerar uma estratégia que já estava em curso, de corte de custos e desinvestimentos.
"Estamos planejando várias outras medidas para o futuro, inclusive quando sairmos dessa crise da Covid-19", afirmou.
"Nós chegamos à conclusão, com a experiência do 'home office', que é possível trabalhar apenas com 50% do efetivo nos escritórios. Isso nos permitirá liberar vários prédios e reduzir custos", afirmou.
Além disso, Castello Branco destacou ainda que a empresa permanece firme na estratégia de desinvestimentos.
"A crise só nos faz acelerar a estratégia que foi colocada em prática no início de 2019, entre eles o programa de desinvestimentos, que permanece intacto", afirmou.
O presidente também explicou que a petroleira criou um comitê de renegociação de contratos, que vem obtendo sucesso ao ampliar prazos de pagamentos e reduzir custos.
POSTERGAÇÃO DE PROJETOS
Em outra frente, a petroleira está revisando os planos traçados para a contratação e construção de novas plataformas do tipo FPSO, previstas no atual plano de negócios, afirmou o diretor executivo de Desenvolvimento da Produção, Rudimar Lorenzatto.
Segundo o diretor, em uma visão de curto prazo, a empresa está buscando esforços para manter prazos planejados para projetos que estão com grau avançado de construção. Ele ponderou, no entanto, que os impactos esperados "são pequenos".
"Numa visão mais de médio e longo prazo, tendo em vista a crise e as grandes mudanças do cenário mundial, estamos reavaliando alguns desse projetos visando otimização de custos, de escopo, reanalise de economicidade, análise de financiabilidade e consequentemente alguns desses projetos devem ter impactos de entrega", afirmou.
Do lado da extração, a empresa não vê necessidade atualmente de cortes de produção no curto prazo, já que o mercado de alguns de seus produtos no exterior continua robusto, disse o diretor executivo de Logística, André Chiarini.
Em abril, a companhia cumpriu seu objetivo de produzir 2,26 milhões de barris por dia de petróleo, contra 2,32 milhões de bpd no primeiro trimestre.
A empresa sofreu impactos da Covid-19 no mês passado de cerca de 180 mil barris por dia, por queda na demanda, hibernações, restrição de embarques, menor número de paradas programadas, explicou o diretor executivo de Exploração e Produção, Carlos Alberto de Oliveira.
No entanto, o executivo frisou que não há atualmente restrição de produção associada a redução de demanda.
Fonte: Extra