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Petróleo abaixo de US$ 45 dificulta competitividade da Petrobras

A queda de 8% na cotação do barril do petróleo de ontem tende a pressionar as receitas da Petrobras no curto prazo. Um cenário de preços a cerca de US$ 45 o barril, se persistir, não é confortável para nenhuma empresa que produza e venda petróleo, mas ainda é suficiente para preservar a competitividade da produção da estatal, em especial no pré-sal.

Se cair para abaixo disso, por outro lado, a petroleira brasileira pode começar a ter dificuldades em novos projetos, embora ainda não haja nenhuma sinalização de que a commodity vá se manter no atual patamar ao longo dos próximos anos.


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Hoje, o “breakeven” (ponto de equilíbrio) da produção de petróleo da Petrobras está em US$ 16 o barril. O “breakeven” é o preço de equilíbrio econômico de sua produção. Isso significa, segundo a estatal, que um barril a US$ 16 é suficiente para pagar 100% dos custos e despesas do campo – incluindo aí o seu descomissionamento, os custos operacionais, de afretamento das plataformas, mais a manutenção do ativo e pagamento de participações governamentais.
Isso, claro, para os projetos já existentes, que contam com infraestrutura já instalada. Para os próximos anos, o ponto de equilíbrio prospectivo da empresa é de US$ 25 o barril, sendo US$ 21 no pré-sal.

Para o desenvolvimento de novos projetos no pré-sal, contudo, a história é outra. Nesses casos, a Petrobras trabalha com um preço de equilíbrio entre US$ 35 e US$ 45 para tirar do zero um projeto. Ou seja, ao cair para US$ 45 o barril, a cotação do petróleo se aproxima do “piso” necessário para viabilizar um novo projeto no pré-sal. Uma nova queda dos preços, para patamares ainda mais baixos, pode comprometer novos investimentos.
“As companhias de petróleo estão preocupadas com preço a US$ 40 o barril”, afirmou ao Valor, recentemente, uma fonte da administração da Petrobras.

O chefe de pesquisa da área de exploração e produção de petróleo da Wood Mackenzie na América Latina, Marcelo de Assis, afirma que, com um preço do petróleo a US$ 45 o barril, fica mais difícil, para qualquer petroleira comprometida com a remuneração de seus acionistas, tomar novas decisões de investimentos.
“Se esse cenário de preços se estender, a tendência é que haja cortes nos investimentos em exploração e atrasos nas tomadas de decisão de investimentos”, afirmou Assis.

O BB Investimentos destacou, em seu relatório, que o “breakeven” da Petrobras “dá uma margem considerável para atuar por algum tempo com preços de petróleo reduzidos”. O banco estima que, com preço acima de US$ 40 o barril, a maioria dos projetos no pré-sal segue viável para que a companhia tenha um retorno acima do seu custo de capital. Quanto ao impacto sobre a geração de caixa da empresa, contudo, a cada US$ 5 de variação no preço do petróleo, espera-se uma variação de US$ 3,2 bilhões no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) anual da companhia.

Assis, da Wood Mackenzie, acredita que o petróleo a US$ 45 pode trazer riscos também ao programa de desinvestimentos da Petrobras, já que a precificação dos ativos de refino está ligada ao cenário de preços do petróleo e derivados. Para o longo prazo, a projeção de preços ainda está na casa dos US$ 60 o barril.

Ele destacou que tudo dependerá, contudo, do quanto o preço baixo do petróleo vai persistir. O consultor explicou que a queda verificada no mercado internacional, hoje, é resultado das expectativas de enfraquecimento da demanda global, em função dos efeitos do surto do coronavírus, aliado ao impasse em torno dos cortes de produção entre os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia.

A Wood Mackenzie, em relatório, destacou que a queda dos preços do barril nesta sexta-feira é um “golpe psicológico” para o mercado, diante das notícias de não acordo entre russos e Opep. A consultoria estima que a demanda global de líquidos deve cair 2,7 milhões de barris/dia no primeiro trimestre de 2020, na comparação com igual período do ano passado, o “declínio mais severo desde o quarto trimestre de 2008”, auge da crise econômica global de 2008-2009.
O cenário, segundo a Wood Mackenzie, pode significar que os membros da Opep serão forçados a convocar uma reunião de emergência durante o segundo trimestre.

Fonte: Valor

 






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