A  espanhola Acciona, uma das principais empresas contratadas pela LLX  para executar as obras do Porto do Açu, no norte do Estado do Rio de  Janeiro, foi liberada ontem para retomar a atividade de transporte de  blocos de concreto no empreendimento. A empresa, responsável pela  construção de um quebra-mar no porto, teve essa atividade interditada  pelo Ministério do Trabalho em Campos dos Goytacazes na segunda-feira.
O  Valor apurou que o contrato entre a LLX e a espanhola é de cerca de R$ 1  bilhão. A Acciona foi contratada para construir o quebra-mar que está  sendo implantado no TX-2 - terminal portuário da LLX voltado para  atender aos prestadores de serviços da indústria de petróleo.
Segundo  a LLX, a decisão de liberar as atividades foi tomada depois de reunião  realizada entre a Acciona e uma equipe do Ministério do Trabalho, onde  foram apresentados procedimentos de segurança revisados para a operação.  A equipe também acompanhou o transporte de um dos blocos (o quarto  produzido no empreendimento), e concluiu que não há risco para a  segurança dos trabalhadores.
O gerente-regional do MTE em Campos,  José Roberto Pessanha, afirmou que o transporte dos blocos estava sendo  realizado por uma retroescavadeira e não por um rebocador, como  deveria. "É uma atividade de risco e não estava ocorrendo como deveria",  disse Pessanha.
A interdição aconteceu depois de uma  fiscalização realizada pelo Ministério do Trabalho nas obras do porto,  que teve como resultado a expedição de 252 autos de infração para 27  empresas dos projetos em andamento no local. Apenas a Acciona teve  atividades paralisadas. Atualmente, 47 companhias atuam diretamente no  empreendimento, além de outras 125, indiretamente.
Segundo  Pessanha, do MTE, a fiscalização na construção do porto foi motivada por  diversas denúncias, principalmente do Sindicato dos Trabalhadores na  Indústria da Construção Civil e do Mobiliário no Estado do Rio de  Janeiro (Sticoncimo-RJ).
Por causa do grande número de denúncias,  o ministério em Campos acionou o órgão em Brasília, que enviou oito  fiscais para realizar a atividade. Dois funcionários do escritório em  Campos também participaram.
As empresas autuadas têm até dez dias  para recorrer da decisão a partir do recebimento dos autos, que  começaram a ser entregues na última sexta-feira. O recurso deve ser  protocolado no Ministério do Trabalho em Campos para posteriormente ser  encaminhado a superintendência do ministério no Rio de Janeiro, onde  serão avaliados.
Dentre outros problemas encontrados pelo  ministério, que deram origem aos 252 autos, estão o não pagamento de  horas extras e de fundos de garantia, falta de equipamentos de segurança  e irregularidades nos registros dos funcionários.
O advogado do  Sticoncimo-RJ, David Lage, destacou que, apesar de ter sido responsável  por muitas denúncias que deram origem a fiscalização, o sindicato não  conseguiu participar da reunião entre o Ministério do Trabalho e a LLX  sobre o resultado da fiscalização no local. Segundo Lage, a reunião, que  seria realizada fora dos limites do Porto do Açu, foi transferida para  dentro das instalações do porto, onde o sindicato não conseguiu  autorização para entrar. Pessanha confirmou que o sindicato não pode  participar da reunião e explicou que o ministério está aberto para  esclarecer quaisquer dúvidas.
Em nota, a LLX afirmou que a  vistoria do ministério nas obras do Porto do Açu foi "uma ação  rotineira, que acontece em todos os grandes empreendimentos de  infraestrutura em construção no país". "A LLX reforça que cumpre  rigorosamente todas as normas e determinações da legislação brasileira,  incluindo as normas de segurança e saúde ocupacional, e exige o mesmo de  seus parceiros", completou.
Procurada pelo Valor, a Acciona respondeu com uma breve nota, por e-mail, confirmando o retorno das atividades no local.
Fonte: Valor Econômico/Marta Nogueira e Francisco Góes | Do Rio
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