A tendência de queda nos fretes marítimos internacionais no transporte de contêineres vai se manter nos próximos meses, alerta Emily Stausbøll, analista sênior de transporte marítimo da Xeneta, plataforma de inteligência de frete marítimo e aéreo. Os dados mais recentes mostram que as tarifas spot médias da China para a Costa Oeste dos Estados Unidos caíram 59% desde 1º de junho, para 2.268 dólares por FEU (contêiner de 40 pés). Para a costa leste norte-americana, houve queda de 43%, para 3.796 dólares por FEU no período. Já as do norte da Europa para a costa leste americana estão em US$ 2 mil por FEU, com queda de 5% desde 1º de junho e de 25% em relação a 1º de janeiro.
Segundo a especialista, o acordo tarifário entre a União Europeia e os Estados Unidos e as negociações entre americanos e chineses em Estocolmo esta semana sobre novo acordo comercial não serão suficientes para interromper a redução nos preços do frete. “Uma tarifa de 15% sobre as importações da União Europeia não é boa notícia para os transportadores. É apenas uma notícia que não é tão ruim quanto poderia ter sido”, afirmou.
PUBLICIDADE
Emily Stausbøll considera certo que as negociações entre os Estados Unidos e a China não farão com que os custos de importação retornem aos níveis anteriores à imposição das tarifas recíprocas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em abril. Ela alerta que, com a demanda reduzida por transporte marítimo, as tarifas para os Estados Unidos vão cair ainda mais.
Para a analista da Xeneta, essa tendência deve se consolidar pelo menos até o fim do ano, embora as transportadoras tenham conseguido desacelerar o declínio nas últimas semanas, reduzindo sua capacidade. “Qualquer economia obtida com a redução das tarifas será insignificante em comparação com o impacto financeiro das tarifas. Portanto, mesmo os transportadores mais otimistas precisam encarar a realidade da política comercial dos Estados Unidos”, comentou.
Emily lembrou que os transportadores anteciparam as importações para os Estados Unidos em abril e maio, após a redução temporária das tarifas, mas que essa corrida por cargas acabou, e as tarifas de frete estão caindo, principalmente nos tráfegos de negócios de transporte do Extremo Oriente. Ela destacou também que o impacto das tarifas no comércio global sobre a demanda por transporte marítimo de contêineres para os Estados Unidos deve afetar diretamente as receitas e os lucros das empresas de navegação.
“As transportadoras já estão retendo capacidade nos negócios com os americanos para evitar que as tarifas de frete caiam ainda mais, mas podem estar travando uma batalha perdida devido ao excesso de capacidade significativo na frota global de contêineres marítimos”, explicou.