O senador eleito Aécio Neves (PSDB) atribuiu na última sexta-feira ao presidente Lula e à presidente eleita Dilma Rousseff (PT) a responsabilidade pelas negociações que levaram à instalação de nova fábrica da Fiat no Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco, um investimento de R$ 3 bilhões. Queixando-se do fato de o governo de Minas ter sido apenas comunicado do fato consumado, Aécio ironizou, depois de criticar o que chamou de “silêncio” da bancada de Minas e “daqueles que estão próximos da atual presidente”, em referência implícita não apenas aos deputados federais do PT, mas também ao ex-prefeito Fernando Pimentel (PT): “Não sei se foi o último presente do presidente Lula a Minas ou o primeiro presente da presidente eleita Dilma Rousseff”.
Na mesma linha de argumentação, o governador reeleito Antonio Anastasia (PSDB) considerou a expansão da Fiat para Pernambuco uma decorrência da guerra fiscal. “Acredito que, de fato, neste caso, foi uma norma excepcional criada pelo governo federal para beneficiar o estado de Pernambuco”, afirmou, acrescentando em seguida que o seu governo continuará combatendo a guerra fiscal. “Mais um motivo para nós ardorosamente defendermos a reforma tributária”, assinalou.
As declarações de Aécio Neves e de Anastasia se deram minutos antes do início da cerimônia de diplomação dos 138 eleitos, comandada pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG), desembargador Kildare Carvalho. O governador Anastasia, o vice-governador eleito Alberto Pinto Coelho (PSDB), os senadores eleitos Aécio Neves e Itamar Franco (PPS) e respectivos primeiros e segundos suplentes, além dos 53 deputados federais e 77 deputados estaduais eleitos receberam os diplomas das mãos dos juízes da Corte do TRE-MG.
Embora tenha voltado a defender uma agenda de reformas políticas a ser enfrentada pelo país nos próximos quatro anos, Aécio Neves negou tratar-se de construir um diálogo com o governo. “Serei oposição sem adjetivos”, afirmou. O senador disse pretender cumprir o “papel que as urnas definiram” como oposicionista. “Vamos fazer oposição firme ao atual governo, mas oposição qualificada, oposição que aponte os equívocos, que busque corrigi-los, mostre discrepâncias entre o proposto na campanha e aquilo que se realiza ao longo do governo”, afirmou.
Aécio afirmou ainda a intenção de debater com o governo a pauta política que considera importante para o país. “Triste é oposição que não tenha coragem de se sentar à mesa com o governo para discutir questões de interesse do país. Essa é uma oposição extremamente frágil. A nossa vai ter uma agenda, mas vai ter sempre disposição para discutir as questões que sejam de interesse do país no campo da reforma política e tributária e também da reforma do estado brasileiro, além de um novo pacto federativo”, acrescentou. Nesse sentido, o tucano afirmou não pleitear a liderança partidária nem da oposição, para ter mais liberdade de atuar em favor de uma agenda de reformas.
O ex-presidente da República e senador diplomado Itamar Franco (PPS) fez coro com Aécio. “ Vamos tentar mostrar que o Senado não pode ser subjugado ao Executivo como vem acontecendo hoje”, declarou. Depois de citar nomes de colegas de Parlamento na década de 1970, quando ocupou cadeira no Senado, Itamar afirmou não saber que cenário vai encontrar na Casa quando assumir o cargo. “Tenho um certo receio de encontrar um ambiente diferente. Não sei se melhor ou pior, mas assusta um pouquinho”, afirmou. O ex-presidente evitou comentar o aumento nos salários dos parlamentares. “Não votei nada até agora. Quando votar, podem me cobrar”, afirmou.
Do Estado de Minas
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