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Ao sul da Bahia

Nordeste ganhará porto integrado à ferrovia; projeto servirá para escoar a produção de minério e grãos do interior do país


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Ainda no papel, já tem data marcada a inauguração do porto Sul, ambicioso projeto logístico a ser implantado em Ilhéus (BA). Se o cronograma for seguido à risca, no primeiro semestre de 2013 o empreendimento, que reúne um porto público graneleiro e um Terminal de Uso Privativo (TUP) para minério de ferro e integra o Complexo Logístico Intermodal Porto Sul (Clips), entrará em operação.

O porto servirá para escoar a produção de produtos como minério, soja, milho, algodão, entre outros, que serão transportados pela Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), ligando Ilhéus, na Bahia, a Figueirópolis, em Tocantins, em um percurso de mais de 1,5 mil quilômetros. Em dezembro de 2010, o então presidente Lula inaugurou as obras da ferrovia.

Estão previstos ainda no Clips a construção de um aeroporto internacional, uma Zona de Processamento de Exportações (ZPE), uma Zona de Apoio Logístico (ZAL), uma Zona Industrial, um novo sistema viário, além de novos investimentos turísticos e projetos desenvolvimentistas e de proteção ambiental.

Cerca de R$ 16 bilhões serão aplicados no Clips, pelo governo e pela iniciativa privada. O investimento previsto para a construção do porto público é de R$ 1,9 bilhão, com recursos da Secretaria Especial de Portos (SEP). Já o TUP demandará R$ 920 milhões no que serão aplicados pela Bahia Mineração (Bamin).

O chefe de gabinete da secretaria Extraordinária da Indústria Naval e Portuária (Seinp) da Bahia, Adary Oliveira, explica que o porto pode precisar de obras de dragagem, mas deve ser pouca coisa, pois a região tem 20 metros de profundidade. “A escolha do local, Ponta de Tulha, foi feita com atenção, não só operacional como ambiental para minimizar os impactos e ter maior aproveitamento do potencial da região”, explica Oliveira.

A capacidade de movimentação inicial do porto Sul será de 50 milhões de toneladas por ano. Segundo Oliveira, o volume total pode alcançar 70 milhões de toneladas por ano ao longo dos próximos anos de acordo com a demanda. Atualmente, estão em gestação o projeto básico do porto público, o Estudo de Impacto Ambiental e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima). Na sequência, será pedido o licenciamento ambiental de instalação.

“O projeto está sendo desenvolvido para que o porto público esteja funcionando quando a ferrovia ficar pronta. A maior dificuldade para a realização do empreendimento deve ser o licenciamento ambiental. A área para a construção já foi desapropriada e cerca de 97% das indenizações já foram feitas pelo governo do estado”, aponta Oliveira.

Segundo o chefe de gabinete da Seinp, o porto público deverá ter no mínimo cinco berços de atracação e pelo menos dois píeres, já que é preciso separar o de grãos e o de minério. “O principal uso do porto será para transporte internacional de minério de ferro. O porto movimentará também os grãos do oeste baiano como a soja, o milho e algodão. A produção agrícola em geral da região deverá ser beneficiada, com alcance na produção do norte de Minas Gerais”, avalia Oliveira.

Ele cita como exemplo a produção das minas no norte mineiro. “A Votorantim está projetando escoar essa produção pelo porto. As minas dessa região não eram exploradas porque têm baixo teor de ferro, mas reduzindo o custo de transporte podem se tornar viáveis para a exploração”, afirma.

O conjunto ferrovia e porto no Nordeste deve beneficiar os produtores do interior da Bahia, com a redução do custo do frete, de acordo com Oliveira. “Os produtores da região ganham com a produtividade, que é muito grande, mas perdem com o custo do frete. O transporte da produção por rodovias chega a R$ 80 por tonelada, enquanto que por ferrovia pode ficar abaixo de R$ 20, aumentando a competitividade dos produtores. Atualmente, a produção é escoada por rodovias até o porto de Santos ou de Paranaguá, uma distância longa”, compara.

Oliveira aposta que com esse complexo de portos e ferrovia, outros empreendimentos começarão a ser realizados no entorno. “As empresas estão aos poucos observando as vantagens de investir na região. O Clips vai ajudar a desenvolver e desconcentrar a economia da região metropolitana de Salvador. A região de Ilhéus precisa de ajuda para se desenvolver. Atualmente, a movimentação no porto de Ilhéus deve ser de um navio por mês”, lamenta.

No caso do TUP, o EIA/Rima já está sendo analisado pelo Ibama. A retroárea, área própria para armazenamento de carga, do terminal da Bamin, será dividida em duas partes: a área de processo e a área de infraestrutura. A área de processo é formada pelas instalações de recebimento do minério de ferro e pelas pilhas de estocagem. Este minério será levado para o píer de embarque offshore por uma esteira de transporte totalmente coberta, evitando a dispersão do pó de minério de ferro.

Já a área de infraestrutura do TUP abrigará as instalações de serviços e utilidades, englobando a torre de controle e operação, as subestações de energia elétrica, bem como os prédios administrativos da portaria, administração, alfândega, arquivo, posto de abastecimento, oficina, vestiários, refeitórios e posto médico.






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