Entidades brasileiras ligadas a setores produtivos e de exportação, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) se manifestaram sobre a retirada das sobretaxas de importação de 40% sobre 238 produtos brasileiros anunciada no dia anterior pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A CNI, em comunicado na sexta, informou, a partir de dados do comércio bilateral em 2024, que a medida deixa 37,1% das vendas brasileiras ao mercado americano, avaliadas em 15,7 bilhões de dólares, livres de taxas adicionais.
Além disso, explicou a CNI, pela primeira vez desde agosto, o volume exportado sem sobretaxas supera os submetidos à tarifa de 50%, que ainda atinge 32,7% das exportações do Brasil para os Estados Unidos. Mas a entidade ressaltou que 62,9% das vendas brasileiras aos americanos continuam sujeitas a algum tipo de tarifa.
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Segundo o presidente da CNI, Ricardo Alban, a retirada de sobretaxas impulsiona a competitividade do produto brasileiro e sinaliza disposição do governo americano de negociar. Ele ressaltou que setores importantes da indústria brasileira, entre os quais os de máquinas e equipamentos, de móveis e de calçados, que tinham os Estados Unidos como principais clientes externos, continuam sobretaxados. “O aumento das isenções é sinal positivo de que temos espaço para remover as barreiras para outros produtos industriais”, disse Alban.
Já o Cecafé, em comunicado assinado por seu presidente, Márcio Ferreira, e também divulgado na sexta, chama a suspensão das tarifas de importação de 40% sobre o café exportado pelo Brasil para os Estados Unidos como “histórica vitória”, atribuída aos esforços de seus associados, ao Conselho Deliberativo do Cecafé, ao setor privado americano e aos negociadores do governo brasileiro, liderados pelo vice-presidente e ministro da Indústria, do Comércio e dos Serviços, Geraldo Alckmin.
O documento divulgado pelo Cecafé ressalta que a isenção anunciada por Trump na quinta-feira não significa o fim das negociações, porque o café solúvel não entrou na lista dos produtos isentos das sobretaxas. “O trabalho de representação do Cecafé ainda segue nas negociações junto ao governo brasileiro e nossas contrapartes dos Estados Unidos”, diz a entidade em seu informe.
O Cecafé já se manifestou na noite de quinta-feira, logo depois de divulgada a decisão do governo americano de isentar produtos brasileiros, entre os quais o café verde, em áudio do presidente Márcio Ferreira. Nele, o dirigente da entidade agradeceu a todos que apoiaram o setor na negociação, citando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o chanceler Mauro Vieira. Ferreira disse ainda que a reunião entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Malásia, foi o “divisor de águas”, ao estabelecer que as questões políticas seriam deixadas à parte e que as discussões abordariam apenas os aspectos econômicos.
Assim como no comunicado divulgado na sexta-feira, o presidente do Cecafé reforçou, no áudio que divulgou, a necessidade de manter os esforços para conseguir também a isenção das sobretaxas sobre o café solúvel. Ele disse que o segmento representa 10% de todo o café exportado pelo Brasil para os Estados Unidos, mas tem importância especial por ser produto acabado, de maior valor agregado e que gera mais receitas e mais empregos para o país. “Para cada emprego gerado pelo café verde, são gerados três ou quatro pelo solúvel”, explicou.
















