A Polícia Federal dedicou nove perguntas do interrogatório do presidente Michel Temer ao setor portuário. Supostas relações do presidente com empresários - especialmente de terminais no porto de Santos - estão sendo investigadas a fundo e poderão resultar na solicitação de um novo inquérito contra Temer.
No interrogatório, a PF pergunta se o presidente conhece o empresário Celso Grecco, dono da Rodrimar. A empresa é sócia de três terminais em Santos e foi alvo de busca e apreensão na Operação Patmos, deflagrada após a delação premiada da JBS.
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Em uma das conversas telefônicas interceptadas pela PF, o ex-assessor especial Rodrigo Rocha Loures questiona Temer sobre a edição de um decreto que atualizaria a legislação portuária, especialmente no que tange à renovação dos contratos dos terminais.
Loures quer saber de Temer se o decreto já estava assinado e se as empresas que assinaram contrato de concessão antes de 1993 - situação da Rodrimar - estariam entre as beneficiadas. O presidente, no entanto, disse que não sabia como tinha ficado esse ponto específico do decreto.
A permissão para que empresas como a Rodrimar - conhecidas como "pré-93" - pudessem renovar seus contratos era considerada uma mudança drástica na política do setor. A autorização, no entanto, chegou a ser incluída no decreto, mas acabou sendo retirada da versão final.
Segundo apurou o Valor, a mudança de última hora só aconteceu porque um assessor do ministro Moreira Franco alertar que a inclusão dos "pré-93" no decreto não seria aprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), podendo gerar um desgaste desnecessário ao governo.
No rol de perguntas da PF a Temer, uma trata especificamente do tema. "Vossa Excelência recebeu alguma reivindicação dessa empresa (Rodrimar), ou de outra igualmente atuante no segmento de portos, relacionada à questão do 'pré-93'? Se sim, em que termos?", questiona a polícia.
Os investigadores também querem saber se Temer já recebeu doação de campanha de empresas do setor e questionam a suposta atuação de Rocha Loures como defensor dos interesses dos terminais dentro do governo. A depender do avanço das investigações, Michel Temer pode ser alvo de mais um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) dentro de poucas semanas.
Fonte: Valor