Após um processo de reestruturação que durou três anos, a Battistella, que atua no Paraná e em Santa Catarina, decidiu colocar foco nos segmentos de transporte e logística. Ela atuava em diversos setores, mas perdeu cerca de R$ 160 milhões com câmbio em 2008 e, de lá para cá, vendeu ativos para pagar juros de uma dívida que soma R$ 500 milhões. No fim de outubro, a empresa assinou com a Rio Negrinho Participações contrato de alienação de área rural com 40 mil hectares, sendo 16 mil com florestas de pinus, por R$ 175 milhões.
O dinheiro será usado na redução da dívida, conta o vice-presidente Marcos Perillo, que foi contratado em setembro de 2009 para cuidar da área financeira da Battistella. "O problema da dívida, que não era compatível com nossa geração de caixa, vai ser resolvido", diz o executivo.
A Rio Negrinho Participações é uma sociedade entre a paranaense Berneck, uma das maiores fabricantes de painéis e madeira serrada do país, e o fundo GFP (Global Forest Partners). No fim de junho, a Berneck inaugurou uma fábrica em Santa Catarina e a aquisição de mais florestas no Estado já estava nos planos.
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A Battistella decidiu vender ativos florestais em março e seis grupos chegaram a analisar o negócio, sendo três na reta final. Perillo conta que, dos R$ 500 milhões em dívidas, R$ 200 milhões referem-se a investimentos feitos no porto Itapoá, que começou a operar em janeiro e, segundo ele, tem tido bons resultados. A empresa é dona de 42% do terminal e tem como sócios a Aliança Navegação e o Logz.
Outros R$ 260 milhões referem-se a operações de curto e longo prazo e R$ 40 milhões são de financiamentos das revendas de veículos da marca Scania. Com a aprovação pelo Cade das vendas de ativos florestais, a intenção é virar o ano com dívidas de entre R$ 100 e R$ 120 milhões, praticamente todas de longo prazo, sem contar a operação portuária.
Mesmo com a redução nos ativos, Perillo diz que a intenção é faturar R$ 1 bilhão em 2013. A receita deve chegar a R$ 800 milhões em 2012, sendo R$ 120 milhões da área florestal. Agora, além do porto, uma das apostas está na rede de 14 revendas da Scania. "Queremos crescer no mundo dos caminhões e estamos atentos às oportunidades no mercado de veículos pesados", conta. Para comandar a área, a Battistella contratou em janeiro Antonio José de Barros Neto, executivo que trabalhou 25 anos na Scania.
A empresa também manterá a indústria de beneficiamento de madeira em Santa Catarina, que fatura R$ 30 milhões por ano, sendo cerca de 30% com exportação. "Os anos de 2008 e 2009 foram negros para a Battistella e, apesar de 2012 ter sido ruim no ramo de caminhões, ela vai ficar enxuta", diz Perillo. Com a reestruturação, ele vai ganhar no dia 8 o prêmio "Equilibrista do Ano", concedido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef) do Paraná. Criada em 1949 em Lages (SC) para trabalhar com madeira, a Battistella entrou em reflorestamento nos anos 60. Hoje a sede fica em Curitiba (PR).
Fonte: Valor Econômico/Por Marli Lima | De Curitiba