O BNDES poderá financiar mais de 80% da construção de um porto no Uruguai, orçado em US$ 500 milhões, afirma em nota a assessoria de imprensa da Logz Logística Brasil SA. O presidente do Conselho de Administração da empresa, Nelson Carlini, questiona a lógica que leva o Brasil a financiar portos estrangeiros, enquanto há forte demanda por investimentos na infraestrutura portuária nacional. Em Cuba, com financiamento brasileiro, a implantação do porto de Mariel tem o valor aproximado de US$ 1 bilhão.
— Estamos financiando concorrência contra os portos do Sul/Sudeste do Brasil e contra a bandeira brasileira na navegação. A montagem do porto do Rocha e do Condomínio Logístico do Uruguai procura flanquear todos os obstáculos legais que são colocados à importação no Brasil, como alfandegários, tributários e de transporte interno, criando uma concorrência desleal para empresas e empreendimentos nacionais — diz Carlini.
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O BNDES, por sua vez, informa que não há, no banco, qualquer solicitação de financiamento para o projeto uruguaio. Segundo a assessoria de imprensa do banco, o que se sabe é que há a solicitação do governo uruguaio ao governo do Brasil para viabilizar o financiamento de bens e serviços brasileiros utilizados no projeto, no caso de empresa brasileira vir a ser contratada para a obra.
Segundo cálculos do Ministério do Transporte uruguaio, o porto do Rocha estará operando em menos de dez anos, recebendo navios com capacidade de até 160 mil toneladas, graças ao seu calado natural de 20 metros. O Uruguai pretende que este novo porto escoe boa parte da produção brasileira de grãos e minérios.
Segundo o executivo da Logz, a contradição está no fato de que terminais brasileiros, localizados em regiões estratégicas, não têm operado com sua capacidade máxima, devido a limitações por falta de investimentos em obras pontuais de dragagem e alargamento dos canais de acesso. “Nenhum empreendimento feito no setor, neste momento, no Brasil, recebe recursos equivalentes aos feitos pelo BNDES em portos estrangeiros”, afirma Carlini.