Um levantamento divulgado nesta segunda-feira (6) pela da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indica que o Brasil pode obter ganhos expressivos se avançarem as negociações entre Brasil e Estados Unidos, a partir da conversa, por telefone, entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, sobre as tarifas aplicadas pelo governo americano a produtos brasileiras. A análise da CNI considerou 1.908 produtos com tarifas recíprocas (10%) e setoriais, com expectativa de que a negociação leve a isentar US$ 7,8 bilhões em exportações brasileiras.
A entidade ressaltou que, na conversa com Trump, Lula pediu a revogação da tarifa adicional de 40% sobre os produtos brasileiros e que o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, foram designados interlocutores para as discussões. O presidente da CNI, Ricardo Alban, considerou o telefonema um avanço para a retomada das negociações. “Para a indústria, é muito relevante esse avanço das tratativas. Desde o início, nós defendemos o diálogo. Vamos acompanhar e contribuir com o que for possível”, afirmou Alban.
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Segundo a CNI, a lista de produtos incluídos no anexo Potential Tariff Adjustments for Aligned Partners (PTAAP), apresentada pela Ordem Executiva nº 14.346, de 5 de setembro, abriria espaço para isenções tarifárias que poderiam alcançar 7,8 bilhões de dólares em exportações brasileiras. A ordem define critérios para acordos recíprocos e prevê possíveis isenções para 1.908 produtos, condicionadas a compromissos em matéria de comércio e segurança. Desses, o Brasil exportou 526 para os Estados Unidos. Entre os mais relevantes, estão café, cacau, frutas tropicais e produtos metálicos.
De acordo com a análise divulgada pela confederação, o anexo abrange 18,4% do que foi exportado pelo Brasil ao mercado americano em 2024, que se somariam aos 26,2% já isentos de tarifas adicionais. Entre os itens contemplados, estão produtos agrícolas não produzidos em quantidade suficiente nos Estados Unidos, recursos naturais não disponíveis internamente, aeronaves e peças, medicamentos genéricos e insumos farmacêuticos. Além disso, informou a CNI, a ordem executiva estabeleceu condições específicas de acordo por segmentos.
Telefonema
O governo brasileiro anunciou, nesta segunda-feira (6), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu pela manhã telefonema do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dando início ao processo de reaproximação para retomar negociações em torno de questões comerciais envolvendo os dois países. Segundo nota divulgada pelo Palácio do Planalto, o governante americano designou o secretário de Estado Marco Rubio para negociar com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Além disso, os dois presidentes reiteraram a intenção de se encontrarem pessoalmente em breve. De acordo com a nota divulgada pelo brasileiro, Lula sugeriu a possibilidade de a reunião ser durante a Cúpula da Asean, que será realizada na Malásia a partir do próximo dia 26. Na conversa por telefone, o presidente reforçou o convite a Trump para participar da COP30, que será em novembro em Belém, no Pará, e se colocou à disposição para ir aos Estados Unidos conversar com o americano. Segundo a nota, a conversa entre os dois mandatários, que durou cerca de 30 minutos, foi em tom amistoso. Eles relembraram a boa química que tiveram em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas e reiteraram a impressão positiva daquele encontro.
De acordo com o informativo do governo, Lula descreveu o contato como uma oportunidade para restaurar as relações amigáveis de 201 anos entre os dois países. Recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços e pediu a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas contra autoridades brasileiras. Além disso, informa o Planalto, os dois trocaram números de telefones para manterem via direta de comunicação. Do lado brasileiro, a conversa foi acompanhada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, Mauro Vieira, Fernando Haddad, Sidônio Palmeira, da Secretaria de Comunicação Social, e pelo assessor especial da Presidência, Celso Amorim.