Segundo empresas, isso pode mudar se a atual queda nos preços do aço continuar em meio às persistentes preocupações com o crescimento global
CHINA - Os clientes europeus e chineses da Vale até agora não pediram adiamento dos embarques de minério de ferro, a despeito da perspectiva de curto prazo pessimista para a demanda de aço, disse o diretor executivo de marketing da mineradora brasileira, Jose Carlos Martins, às margens de uma conferência do setor de siderurgia.
Embora não tenham pedido o adiamento, alguns clientes estão sob pressão considerável, segundo o executivo. "Ouvimos muitas queixas", afirmou Martins. Tem havido muita especulação entre os traders de que alguns clientes pediram às empresas exportadoras de minério de ferro o adiamento dos embarques.
Os clientes chineses são mais sensíveis aos preços, mas, mesmo se estiverem inseguros em relação ao mercado, eles vão querer comprar mais minério, disse Michael Zhu, diretor global de vendas da Vale. "Sempre gostamos de sentar como nossos clientes e conversar. Não é possível para nós dizer que não importa como você opera", declarou. Ele acrescentou, porém, que os preços não são negociáveis e que são fixados de acordo com índices que medem os preços passados.
Martins disse que a Vale receberia bem a retomada da cooperação com a Baosteel Group em uma joint venture no Brasil. "Sempre estamos discutindo possibilidades com a Baosteel", afirmou o executivo. "Mas desde que deixaram o projeto, eles não voltaram; gostaríamos muito se decidissem voltar", declarou. "Por enquanto, não temos posição da Baosteel a este respeito."
A Baosteel desistiu de uma parceria com a Vale para a construção de uma usina de chapas de aço no Espírito Santo depois que a crise financeira explodiu. Martins disse que várias siderúrgicas chinesas abordaram a Vale para participar do projeto, mas que até agora não houve discussões formais.
Ele afirmou ainda que os fundamentos do mercado de minério de ferro serão bons no longo prazo e que a Vale planeja operar a plena capacidade no ano que vem. Segundo o executivo, a oferta e a demanda vão se equilibrar entre 2015 e 2017, enquanto os preços do minério vão se mover "um pouco para baixo e depois se estabilizar".
Preço em queda
As carteiras de pedidos das maiores produtoras de minério de ferro na Austrália e no Brasil continuam cheias e as companhias dizem que não estão enfrentando adiamentos de embarques, mas isso pode mudar se a atual queda nos preços do aço continuar em meio às persistentes preocupações com o crescimento global. Se as condições não melhorarem, as siderúrgicas chinesas poderão desacelerar as importações, uma vez que os estoques já estão elevados nos portos e nas usinas, disse Zhang Changfu,
vice-presidente da Associação do Ferro e do Aço da China (Cisa), entidade quase estatal que representa as siderúrgicas.
"Eu não ouvi nada sobre adiamento nos embarques, mas eu acho que podemos adiar as compras por causa da incerteza no mercado e dos estoques elevados", disse Zhang, observando que os estoques atuais no país são suficientes para 15 dias de produção. Às margens de uma conferência do setor de siderurgia em Qingdao, o direto executivo de marketing da Vale, Jose Carlos Martins, disse que a mineradora sabe das queixas das siderúrgicas de que suas margens de lucro estão sendo comprimidas pelo altos custos dos insumos, a despeito da pressão sobre os preços dos aço.
Os clientes europeus e chineses da Vale até agora não pediram adiamento dos embarques de minério de ferro, apesar da perspectiva de curto prazo pessimista para a demanda de aço, mas alguns desses clientes estão sob considerável pressão, disse Martins. "Sempre gostamos de sentar como nossos clientes e conversar. Não é possível para nós dizer que não importa como você opera", declarou.
Executivos das três grandes mineradoras australianas também disseram que ainda não receberam pedidos para adiar os embarques. A Rio Tinto não está tendo atrasos nos seus embarques, garantiu na quarta-feira o presidente de operações internacionais da mineradora anglo-australiana, Alan Davies. O mesmo disse a porta-voz da Fortescue Metals, Elizabeth Gosch. A BHP Billiton afirmou que a demanda continua forte para minério de ferro, carvão de coque, cobre e outros metais na China.
Traders afirmam, porém, que há muito ceticismo no mercado sobre a direção dos preços do minério de ferro, em meio ao temor de que a queda do crescimento econômico nos EUA e na Europa possa se espalhar para a Ásia. O preço do minério de ferro importado para entrega na China caiu para US$ 180 a tonelada nesta quinta-feira, com baixa acumulada de 4,8% no mês, de acordo com os dados do Metal Bulletin. No trimestre julho-setembro, os preços tinham saltado 8%. "Há rumores de que alguns clientes pediram aos exportadoras para segurar o carregamento de alguns embarques", disse o analista de mercado Peter Esho, da City Index, em Sydney. Mas o funcionário de uma siderúrgica menor na China disse, sob condição de anonimato, que isso pode muito bem ser "estratégia de negociação", já que as siderúrgicas estão sempre buscando redução de preços. As informações são da Dow Jones.
Fonte: Ag^ncia Estado/Hélio Barboza
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