Terminou, na tarde da última quinta-feira (14), a destruição dos gases tóxicos e explosivos acondicionados nos 115 cilindros que estavam "esquecidos" no Porto de Santos.
Agora, foi iniciada a descontaminação dos equipamentos utilizados na operação. As embarcações e os técnicos destacados para o trabalho devem chegar até a próxima quarta-feira ao cais santista com cerca de quatro toneladas de resíduos.
PUBLICIDADE
Os cilindros deixaram o Porto, a bordo de uma balsa, no último dia 24 de agosto. E seguiram para um local que fica a cerca de 90 quilômetros da costa. No total, 12 embarcações integram o comboio formado para a destruição dos gases. Em alto-mar, 16 homens são os responsáveis pela operação.
Entre as cargas, que ficaram 22 anos no Porto, havia 15 recipientes com diborano, oito com diazometano, 41 com silano, 34 com fosfina, 16 com cloreto de hidrogênio e um com trifluoreto de boro, todos tóxicos ou explosivos.
Como a destruição dos gases aconteceu em alto-mar, o Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) determinou a criação de um Comando Unificado de Operações para acompanhar os trabalhos. O local funcionava em um caminhão que permanece estacionado na sede da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), em Santos, desde a partida das embarcações.
Além de reuniões diárias com os técnicos embarcados via Skype, o Comando Unificado de Operações contou com visitas frequentes de técnicos da Defesa Civil de cidades da região e do Ibama.
A operação correu dentro da programação com relação ao prazo estabelecido, que era de 30 a 40 dias. No entanto, alguns problemas foram relatados pelos técnicos responsáveis pelo trabalho em alto-mar.
"Um cilindro de 1940 teve um problema com a válvula. A gente teve que mandar fazer uma outra anteontem (quarta-feira). Ontem (quinta-feira), logo pela manhã, foi produzida uma válvula em terra para poder mandar para alto-mar para poder ter o controle desse cilindro", explicou o superintendente de Meio Ambiente e Segurança do Trabalho da Codesp, Ivan Doutor.
Em outros dois casos, relatados há cerca de dez dias pelos técnicos, dois cilindros apresentaram uma pressão muito acima do normal. Por este motivo, foram os que apresentaram maior risco durante a operação de destruição dos gases.
Segundo a agente ambiental do Ibama Ana Angélica Alabarce, toda a operação foi acompanhada com o auxílio de um robô submarino. Equipes de outros países também acompanharam, de forma remota, os procedimentos realizados em alto-mar.
"Nós temos filmagens com peixes, água-viva, até baleias e golfinhos nas proximidades. O animal tem instinto. Se houvesse alguma coisa, a primeira coisa que ele faria era sair de perto dessa área e não houve isso", destacou a agente ambiental.
Descontaminação
Com a conclusão da primeira fase, foi iniciada a higienização dos equipamentos que retornarão ao cais santista. Como são necessárias, pelo menos, 20 horas de navegação, há uma expectativa de que as embarcações retornem ao Porto até quarta-feira. Mas tudo depende das questões climáticas, que influenciaram todo o processo.
"Os cilindros estão sendo colocados em gaiolas, já descontaminados. Aqueles que tinham algum tipo de contaminação ficaram durante 48 horas sendo observados em estado de descontaminação", explicou Ana Angélica.
Segundo a agente ambiental do Ibama, o material metálico será destruído em altos fornos siderúrgicos e o restante dos resíduos gerados, em incineradores.
Mais de R$ 16 milhões já foram investidos na destruição dos cilindros pela Codesp. "É uma situação que não era nem prevista em orçamento. Começa por aí uma dificuldade de natureza orçamentária. A partir do momento em que você teve que assumir a responsabilidade por esse descarte, o dinheiro teve que ser realocado", destacou Doutor.
Fonte: A Tribuna