A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) definirá, até o final do mês, como serão os estudos que vão tratar dos impactos da dragagem do Porto de Santos na região e, também, da possibilidade de se aprofundar ainda mais o canal de navegação. As características desses estudos vão constar do termo de referência a ser preparado pela Codesp e apresentado à Universidade de São Paulo (USP), que realizará as pesquisas.
De acordo com o diretor-presidente da Codesp, Angelino Caputo e Oliveira, os trabalhos a serem encomendados a USP foram divididos em duas etapas, uma vez que muitos estudos serão realizados – entre eles, os relacionados aos acessos terrestres aos cais santista. Mas, neste momento, a prioridade serão os acessos aquaviários ao Porto.
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Isto ocorrerá pois, no final do mês passado, a Docas e o Ministério Público Federal (MPF) começaram a negociar um acordo sobre a dragagem de alargamento do canal de navegação. Uma das propostas da estatal é elaborar um estudo para avaliar o impacto, inclusive nas operações portuárias, de se limitar o alargamento do trecho externo do estuário, restrição defendida pelo MPF.
A identificação de medidas que possam mitigar a perda da faixa de areia na orla também faz parte da proposta apresentada ao MPF. E este será um dos temas abordados pela USP nesta primeira fase do estudo. Simulações dos tráfegos rodoviários e ferroviários também serão feitas, mas futuramente.
“Estamos acabando o termo de referência, que terá como foco o acesso aquaviário, a questão da erosão, da simulação do tráfego e muitas outras”, explicou Caputo. Concluído esse trabalho, o documento será encaminhado à USP para que seja feito um orçamento do serviço.
O presidente da Codesp explicou que, após a universidade apresentar seu preço, a estatal vai estudar a melhor forma para a contratação. É possível que, dependendo do valor pedido, a opção seja uma dispensa de licitação, medida prevista na legislação. “São muitos estudos e não tem sentido desenvolver de forma picadinha”, disse Caputo.
O presidente também informou que esses estudos vão demandar a implantação de um modelo físico reduzido do Porto de Santos e de seu estuário.
Nele, será possível reproduzir as características hidrodinâmicas do estuário, como a oscilação da maré e o movimento das ondas, o que permitirá estudar os efeitos do aprofundamento do canal de navegação e seu assoreamento, explicou.
Local
Caputo revelou que há a possibilidade de esse modelo físico ser criado na Cidade. Por conta disso, a Docas pretende iniciar um levantamento para identificar locais para abrigá-los. “Temos oficinas antigas que podem ser candidatas ou ainda armazéns que estejam desativados”, sugeriu o executivo.
Segundo estimativas da USP, para a construção de um modelo em escala do Porto de Santos, é necessário um espaço com cerca de 3 mil metros quadrados. No entanto, alguns pontos ainda precisam ficar definidos, como a área de abrangência desse modelo físico e se, por exemplo, ele incluirá as praias.
Apesar da possibilidade de se construir o modelo físico na Cidade, há também a opção de implantá-lo na Cidade Universitária, na Capital, onde estão os simuladores computacionais necessários aos estudos lógicos, os especialistas que os utilizam e os bancos de dados.
O local de construção do modelo reduzido foi debatido brevemente durante uma recente reunião entre o presidente da Codesp, o secretário de Assuntos Portuários e Marítimos da Prefeitura de Santos, José Eduardo Lopes, o reitor da USP, Marco Antonio Zago, e o vice-reitor Vahan Agopyan, na Capital. A vice-diretora da Escola Politécnica, Liedi Bernucci, e o superintendente de Relações Institucionais da universidade, José Roberto
“Foi uma oportunidade de celebrar união. Não tem ninguém mais habilitado que a USP (para fazer esses estudos), que detém uma quantidade de dados, informações e bancos de dados de anos”, destacou Caputo.
Fonte: A Tribuna online/FERNANDA BALBINO