Flavia Nico destaca importância de fortalecimento da relação entre porto e cidade
A coordenadora de Delegações da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA), Flavia Nico Vasconcelos, disse nesta quinta-feira (11) que sustentabilidade e inovação são essenciais para melhorias na conexão entre o porto e a cidade e oportunidades de negócio do setor. “O caminho da sustentabilidade é um caminho de oportunidades”, afirmou, durante evento virtual promovido pelo Comitê de sustentabilidade da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP).
“A gente tem que começar pela inovação social”, destaca a diretora executiva da ATP, Luciana Guerise, que mediou o encontro virtual. Promovida pelo Sustentar, comitê de sustentabilidade da ATP, a live também contou com a participação do professor e pesquisador na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e doutor em Engenharia Naval e Oceânica pela Universidade de São Paulo (USP), Sérgio Cutrim.
Apesar de gestores portuários normalmente pensarem novas oportunidades a partir de inovação tecnológica, de acordo com a coordenadora existem outros caminhos possíveis para a sustentabilidade do setor. “Podemos trabalhar com inovação tecnológica, mas também inovação social”, diz. “Como fazer inovação dentro dos portos?”, questiona.
Entre os caminhos da inovação, segundo Flavia, estão ESG (sigla em inglês para questões ambientais, sociais e de governança corporativa) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) diante da urgência que se impõe com o impacto das mudanças climáticas.
Além disso, acrescenta a coordenadora, é imprescindível “repensar a relação cidade e porto” e “compreender que essa relação está no mais profundo ponto central para agir de forma sustentável”. “Entender que o relatório de sustentabilidade é consequência de mudança de comportamento que faz com que a gente perceba o porto de forma diferente e que essa relação cidade e porto é essencial para o negócio portuário”, afirma.
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Foco no social
Flavia explica que “fazer sustentabilidade portuária é focar no social”, o que, segundo ela, "envolve o reconhecimento de riscos, a identificação dos impactos negativos e positivos e pressupõe ações de engajamento e de comunicação com os diferentes stakeholders". "O território vira uma oportunidade para o negócio portuário”, assevera.
Com essas estratégias, segundo a coordenadora, é possível diminuir problemas históricos do setor. Ela observa que, no caso de porto dentro da cidade, há conflitos geralmente antigos em relação ao uso de espaços. “Porto espremido pela cidade, cidade espremida pelo porto”, diz. O porto fora da cidade, por sua vez, tem que lidar com a questão de bairros marginalizados que se levantaram pela falta de planejamento dele no território.
É exatamente por isso que, de acordo com Flávia, reposicionar o porto no território significa gerar valor compartilhado. "Competitividade com progresso social”, destaca. Assim, ele passará a atrair oportunidades para a região onde está instalado e colaborar para o desenvolvimento socioeconômico.
Comunicação com comunidade
“O porto precisa encontrar novas formas de comunicação com a comunidade. Quando fala de inovação, aquela comunidade que atrapalhava passa a ser parceira de um porto com propósito, que se importa com aquele lugar onde está e com aquela comunidade”, afirmou.
Doutor em Engenharia Naval e Oceânica pela USP e professor e pesquisador na UFMA, Sérgio Cutrim, que também discutiu inovação social nos portos durante o encontro virtual, observa que debater o assunto é analisar um retrato da sociedade brasileira.
“Temos diferentes realidades da sociedade brasileira e contextos de evolução e indicadores sociais e econômicos. O mesmo ocorre na relação porto e cidade. Tem portos com dificuldade para conseguir agendar visita técnica e tem portos e terminais privados que considero que estão no estado da arte, envolvidos em projeto de inovação aberta, fazendo parceria para efetiva participação da sociedade civil”, afirma.