Para governador do ES, é preciso investir em logística e formação de mão de obra
O aumento dos investimentos no setor petrolífero, por causa da exploração do pré-sal, somado aos projetos do setor de siderurgia, representa uma grande oportunidade de desenvolvimento para os Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, mas também trará uma série de desafios para o poder público e o setor privado, principalmente na área de logística.
A avaliação é do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB). "Precisamos de uma articulação para tornar viável a expansão dos negócios relacionados a logística, aço e petróleo, numa ação conjunta que contemple demandas na área de investimentos, prestação de serviços, oferta de bens e formação e distribuição de mão de obra qualificada", diz Hartung.
Segundo o governador, há uma grande demanda para a utilização da logística litorânea - utilização de portos para escoamento da produção - pelo setor siderúrgico, que crescerá de modo intenso em razão do desenvolvimento da indústria de petróleo.
"Hoje, 90% da produção nacional de petróleo está concentrada nos Estados do Rio de Janeiro (80%) e Espírito Santo (10%) e, com o pré-sal, ao longo dos próximos 20 ou 30 anos, os três Estados litorâneos do Sudeste concentrarão pelo menos 95% da produção de óleo e gás natural do País", afirmou.
"Há uma pressão por utilização de faixas litorâneas para instalação de estaleiros, construção/reparo/manutenção de plataformas, unidades de processamento de óleo e gás e produção de fertilizantes", ressalta Hartung. Ele acha que uma saída é promover sinergias na área de logística entre os dois setores.
"É necessário desenvolver uma logística compartilhada entre esses setores, otimizando custos, trazendo ganhos de produtividade e reservando espaços nobres para a preservação e ampliação da qualidade de vida", diz o governador. Ele destaca que os setores de petróleo e siderurgia têm em comum a grande demanda por mão de obra especializada. Em muitos casos, ocorre até uma competição inter-setorial pelos profissionais.
Ele sugeriu como alternativa integrar o planejamento e qualificação, com a criação de Programa de Mobilização da Indústria de Petróleo e Gás Natural estendido, semelhante ao que existe no Espírito Santo.
Hartung acrescenta que esses investimentos causarão um profundo impacto nas cidades da faixa litorânea do Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, o que exigirá ações do poder público e da iniciativa privada. "Essa migração para o litoral exige um olhar atento em razão das consequências socioeconômicas e ambientais. As cidades precisam ser replanejadas ou reinventadas."
O governador destaca que na Região Sudeste já há projetos de operações integradas em andamento, como no Polo de Ubu, em Anchieta, no litoral sul do Espírito Santo. Outro exemplo, na área de celulose, é a instalação de um terminal da Petrobrás para transporte de gás liquefeito de petróleo (GLP) no Porto de Barra do Riacho (ES).
No Rio de Janeiro, o Porto de Açu, do grupo EBX, além de ter terminais para a exportação de minério de ferro também pode ser a sede de uma unidade de processamento de petróleo extraído na Bacia de Campos.
O governador ressalta que as demandas por novos investimentos impõem uma agenda urgente de investimentos no setor de logística, onde há carências no Estado. "É grave o problema do Aeroporto de Vitória, que funciona basicamente nas mesmas condições de sua construção. As BRs 101 e 102 precisam de ampliação. O tradicional Porto de Vitória, responsável pela movimentação de contêineres, espera obras urgentes de dragagem e derrocagem de seu canal de evolução", disse Hartung.
Crescimento. O ministro Planejamento, Paulo Bernardo, disse que o governo poderá elevar o cálculo do crescimento do PIB em 2010, após o resultado do primeiro trimestre. Na segunda-feira, o IBGE informou que o PIB referente ao período de janeiro a março cresceu 9% ante o mesmo período do ano passado e avançou 2,7% ante o quarto trimestre de 2009. "O governo trabalha com projeção de 5,5% para o ano de 2010. Não temos um novo cálculo ainda, mas me parece que cresceremos 6% ou mais", disse.
Ao falar sobre as políticas para conter a inflação, no debate promovido pelo Estado, o ministro destacou os dois cortes no Orçamento anunciados este ano. O primeiro de R$ 21,8 bilhões e o segundo de R$ 10 bilhões.
Fonte: O Estado de S.Paulo/Paulo Fortuna
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