A draga Juan Sebastián de Elcano, que está realizando a dragagem de aprofundamento do canal de acesso ao Porto do Rio Grande, já executou 79% do projeto contratado pela Secretaria Especial de Portos. O serviço, a cargo do consórcio formado pelas empresas Odebrecht Serviços de Engenharia S.A e Jan de Nul do Brasil Dragagem Ltda, teve início em 23 de agosto de 2009 e prevê, no total, a retirada de 18 milhões de metros cúbicos de sedimentos. Na parte interna do canal, do píer petroleiro até o fim dos Molhes da Barra, trecho já concluído, foram removidos 8 milhões de metros cúbicos. Na parte externa dos molhes, onde a dragagem está em execução desde janeiro deste ano e está prevista a remoção de 10 milhões de metros cúbicos, já foram dragados 6 milhões de metros cúbicos.
As informações foram dadas pelo gerente de projeto da empresa Jan de Nul, Tom Van Slambrouck, com base em dados de batimetria feita pela fiscalização do serviço. Slambrouck diz que essa dragagem deverá ser concluída na segunda semana de junho. A obra foi contratada para deixar a parte interna do canal, do píer petroleiro até o fim dos Molhes, com profundidade de 16 metros, e a externa, fora dos Molhes, com profundidade de 18 metros. Slambrouck observa que os quatro milhões de metros cúbicos restantes deverão ser retirados mais rápido porque estão fora dos Molhes, de onde a distância a ser percorrida pela draga até a área de despejo dos sedimentos é menor. Assim, mais viagens podem ser feitas por dia.
Os sedimentos removidos do canal, segundo o gerente de projeto, são despejados a 10 milhas da praia, em uma área onde a profundidade é de 18 metros. "Estudos mostraram que em área com esta profundidade as ondas não têm impacto suficiente para transportar esse material até a praia. O local foi definido pelo Ibama na licença ambiental", explicou. O aprofundamento do canal de acesso possibilitará que os grandes navios (Pós-Panamax) que já operam em Rio Grande e não utilizam sua capacidade máxima devido ao calado oficial atual ser de 40 pés (12 metros), possam completar sua carga, o que deve reduzir significativamente os custos de frete.
Além disso, com um calado maior, o porto rio-grandino terá condições de se habilitar para captar, concentrar e movimentar cargas oriundas da Bacia do Prata, como os grãos da Argentina, Paraguai e da Bolívia, minerais do Mato Grosso do Sul e da Bolívia, madeira do Uruguai e ainda contêineres da Argentina, do Uruguai e do Paraguai. Após a obra, o consórcio ficará responsável por executar, por um prazo de dois anos, a dragagem de manutenção do canal quando se fizer necessária. O serviço faz parte do Plano Nacional de Dragagem e é realizado com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. O valor total do empreendimento é R$ 196 milhões.
Desempenho
Na madrugada da última quinta-feira, a draga Juan Sebastián de Elcano apresentou um problema no cilindro do motor e teve que paralisar as atividades para a realização do conserto. No meio da manhã de ontem, 16, ela retomou a dragagem. Conforme Tom Slambrouck, foi a primeira vez nos quase oito meses de atividade em Rio Grande que a embarcação parou para recuperação. Desde o início do serviço, a embarcação trabalha durante 24 horas e sete dias por semana. Normalmente, deixa de operar um dia a cada três semanas para abastecer e fazer manutenção.
Na operação, ficam embarcados 33 trabalhadores, dos quais 16 brasileiros e 17 estrangeiros. A equipe atua 12 horas por dia, mas permanece embarcada. A cada três semanas, mudam os tripulantes brasileiros, que são do Rio Grande, São José do Norte e São Lourenço do Sul. São 21 dias de trabalho e igual período de descanso. Os estrangeiros (belgas, croatas e holandeses) são substituídos a cada seis semanas. A bordo, a tripulação tem as acomodações necessárias, alimentação, academia e televisão. Slambrouck disse que a empresa está contente com os trabalhadores brasileiros. “Após a conclusão deste serviço, temos outra obra a fazer para a Secretaria Especial de Portos em Salvador, e pretendemos convidá-los para irem trabalhar conosco”, relatou.
(Fonte: Jornal Agora/Rio Grande,RS)/Carmem Ziebell
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