A Brasil Terminal Portuário (BTP) inaugurou oficialmente ontem as operações no porto de Santos com um ano de atraso sobre o cronograma original e sem poder operar a plena capacidade. Uma das principais razões para a demora foram as dificuldades na dragagem do canal de acesso do porto no trecho em que o terminal está localizado, obra do governo federal.
Sem poder receber os maiores navios completamente carregados, o novo terminal santista não poderá atender, por enquanto, pelo menos uma linha de navegação de longo curso originalmente prevista. O investimento até o momento no terminal chega a R$ 2 bilhões.
"Entramos em operação porque a dragagem ficou parcialmente pronta, permitindo que entrássemos com navios menores. E esse atraso de 12 meses tem de ser relativizado e minimizado em um contexto de um projeto que ficará durante 30, 40 anos", disse o diretor-presidente da BTP, Henry Robinson.
A capacidade de movimentação da BTP é estimada em 1,2 milhão de Teus (contêiner de 20 pés) por ano, o que eleva em quase 40% a oferta de movimentação atual de contêineres no porto de Santos. O projeto, contudo, já prevê a duplicação dessa capacidade, para cerca de 2,4 milhões de Teus, conforme houver demanda no decorrer dos anos.
Futuramente, o terminal será preparado para operar também com granéis líquidos, com uma capacidade para movimentar 1,4 milhão de toneladas.
A BTP é uma joint venture entre os acionistas Terminal Investment Limited (TIL) e APM Terminals, gigantes na operação mundial de terminal de contêineres. Os principais executivos de ambas as empresas, Vikram Sharma e Kim Fejfer, respectivamente, disseram que a BTP está no padrão do que há de melhor no mundo na operação de contêineres. E apostam no crescimento do mercado no Brasil, especialmente devido ao aumento do processo de conteinerização, razão pela qual estão atentos às novas oportunidades no setor portuário no país - eles não entraram em detalhes sobre em quais regiões.
A dragagem do canal de navegação do porto de Santos foi licitada pela Secretaria de Portos (SEP) em 2009. A meta era rebaixar o porto para 15 metros, mas apenas os trechos um e dois do canal (são quatro no total) foram homologados pela Marinha para 14,90 metros. Os demais trechos, o três e o quatro, ainda estão em processo de homologação da nova profundidade. A BTP está localizada justamente no trecho quatro.
Segundo o presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Renato Barco, o aprofundamento do porto para 15 metros foi atingido. Mas o assoreamento é constante, sobretudo devido ao material carreado da Serra do Mar que se deposita, principalmente, no trecho quatro, o que o torna o mais difícil na manutenção da profundidade.
A BTP diz que, quando a nova profundidade do canal de navegação for homologada a 15 metros, estará apta a receber em seu cais até três embarcações da nova geração de navios que está sendo empregada na costa brasileira, com capacidade superior a 9 mil Teus.
O terminal está instalado em uma área de 490 mil metros quadrados dentro do porto organizado de Santos, onde no passado existiu o chamado "lixão da Alemoa", um dos maiores passivos ambientais do Estado de São Paulo. O arrendamento do terminal, fruto da aquisição de contratos inoperantes, previu a remediação da área, processo que demandou R$ 257 milhões.
Fonte: Valor Econômico/Fernanda Pires | Para o Valor, de Santos
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