“Para ser feita, uma rodovia precisa de R$ 600 mil por quilômetro. A ferrovia, R$ 2 milhões. A hidrovia, R$ 150 mil”. Com a comparação, Fernando Camacho, diretor-geral da SDR de Joinville, expressou o entusiasmo do Estado com as vantagens do sistema hidroviário. Há ainda grande capacidade de transporte de carga e custo. Em 2009, foi inaugurada a primeira hidrovia catarinense, no trecho de 23 quilômetros entre Joinville e São Francisco do Sul.
O retorno da navegação na região Norte reduziria um gargalo logístico. “Se saísse hoje a licitação para duplicar a BR-280, teríamos sete anos até a implantação.” Ampliar as hidrovias é viável, mas não fácil, diz o diretor. Entre os obstáculos, a altura de pontes, que impedem a passagem de navios, e a ausência de um programa de dragagem de rios. A falta de dragagem e o fechamento do canal do Linguado fizeram sumir a navegação na região.
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Adensamento
A industrialização de 1970 fez com que o Brasil copiasse a política do bem-estar social dos Estados Unidos. Mas ao contrário de lá, no País a lógica foi de expandir a periferia. Enquanto isso, os investimentos em infraestrutura, necessários para que a cidade dê certo, ficaram nos cinturões centrais das metrópoles. “O adensamento, na Europa, é baseado na lógica de otimização de recursos. No Brasil, a lógica foi pela otimização nas áreas consolidadas, isso para as classes média e alta. Para os pobres, ficou a periferia”, disse João Sette Whitaker.
Apartheid
“Temos um apartheid urbano que se fortalece nas áreas consolidadas das cidades”, disse João Sette Whitaker. O palestrante frisou que a periferia mantém as cidades. “Não adianta querer afastar as classes pobres.” A comparação entre os dois é simples. A cidade tem infraestrutura, enquanto na periferia inexiste infraestrutura e as leis não têm a mesma força.
JetBus
A navegação de uma embarcação – o JetBus – pela hidrovia catarinense durou menos de um ano. A experiência foi válida mesmo assim, fala Fernando Camacho, diretor da SDR, porque mostrou que o sistema é possível. “Trinta mil passageiros circularam pelo Cachoeira com o JetBus e o Jet Van”, calcula. Fatores que impediram o projeto de seguir: a embarcação não era adequada e a licença ambiental da dragagem garantiu uma obra superficial. O serviço também precisa ser regularizado por meio de licitação.
Ônibus
Em um dos debates sobre transporte público, a urbanista Daniela Facchini insistiu que o ônibus é um meio de locomoção acessível e de qualidade, ainda que não seja o mais confortável. “Ônibus não são a melhor coisa do mundo, mas para o sistema que temos, é o que pode ser mais viável a curto prazo, trazendo o melhor benefício.”
Subsídio
A falta de políticas públicas para o transporte público, especialmente para o ônibus, foi novamente alvo de críticas do empresário Moacir Bogo, mediador do debate com a urbanista Daniela Facchini, que defendeu que os combustíveis tenham seus impostos abatidos pelo governo. O público, em geral universitários, questionou Bogo e Daniela sobre o preço da tarifa, tarifa zero e a qualidade do serviço prestado. “Passagem gratuita é impraticável em qualquer lugar. É necessário ter subsídio do governo”, disse a palestrante.
Trânsito
A dragagem do canal de acesso ao Porto de São Francisco do Sul, incluída no PAC e prevista para março, ainda não começou. A ordem de serviço foi assinada, mas falta a liberação ambiental. O porto culpa o Ibama pela demora – o órgão estava em greve até maio. A Secretaria Nacional dos Portos deve investir R$ 100 milhões para aprofundar o canal de 11 metros para 14 metros. Em conversa com o ministro Pedro Brito, Fernando Camacho lembrou que o porto também depende de investimentos na BR-280 e na ferrovia que transporta soja.
Fonte: A Notícia/Jornal de Joinville
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