Colhida antes da safra americana, a produção brasileira de algodão está bastante demandada pelo mercado internacional. Até agora, 650 mil toneladas da safra 2010/11, que será colhida a partir de junho, foram negociadas antecipadamente ao mercado externo.
A receita com a exportação de algodão também deve ser recorde este ano. A estimativa é de que os embarques somente desse volume negociado resultem em uma receita de US$ 1,4 bilhão, 42% mais do que o embarcado em todo o ano passado.
Ontem, os preços do algodão fecharam em limite de alta no mercado internacional cotados a US$ 1,8246 a libra-peso, valorização de 700 pontos. Nesta semana, por causa da crise no Japão, as cotações da pluma perderam um pouco de fôlego, depois de superar, em fevereiro, US$ 2 a libra-peso. O valor, recorde, foi alcançando por conta da escassez de oferta de produto no mercado.
Por isso, segundo Gilson Pinesso, vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a produção brasileira está sendo vendida também a valores recordes. Ele estima que, na média, as 650 mil toneladas foram fechadas a US$ 1 por libra-peso. Isso significa um valor médio de US$ 2,19 mil por tonelada, 36,6% mais alto do que o preço médio da exportação realizada em 2010, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC).
"Uma grande parte foi fixada a níveis entre 75 e 80 centavos de dólar por libra-peso e outra parte aos preços atuais, o que elevou muito a média", disse o vice-presidente da Abrapa.
O maior volume exportado com registro nos últimos 14 anos foi em 2008, quando o Brasil embarcou 548 mil toneladas da pluma, segundo a Secex. Pinesso acredita que a procura pelo algodão brasileiro pelo exterior não vai parar nas 650 mil toneladas. "O potencial é para superar 800 mil toneladas", afirmou.
A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que a produção de algodão no Brasil nesta safra 2010/11 será de 1,9 milhão de toneladas, 63% maior do que as 1,19 milhão de toneladas registradas na temporada anterior.
Desse volume total, o mercado interno deve consumir em torno de 1,1 milhão de toneladas. Também preocupadas com abastecimento, as indústrias têxteis e de fiação do país mais que dobraram o volume de compra antecipada de algodão, prática pouco usual nesse segmento.
De acordo com analistas, o volume de venda de exportação para a safra 2011/12, que será plantada em novembro, também avançou e está na casa das 300 mil toneladas.
Gilson Pinesso afirmou que o sucesso das exportações brasileiras dependerá do país, pois o mercado externo "está ávido por algodão" e a produção brasileira entra em um boa janela de oportunidade - o Brasil começa a colher em junho e exporta até janeiro e os Estados Unidos começam a embarcar em fevereiro.
O desafio, conforme Pinesso, será a logística. "Como embarcamos algodão em contêineres, vamos competir com manufaturados. A capacidade dos portos será mais uma vez desafiada", disse.
Fonte: Valor Econômico/Fabiana Batista | De São Paulo
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