A matriz de transportes brasileira está na contramão do que acontece na maior parte dos países desenvolvidos do mundo – e o país continua investindo pouco em infraestrutura, o que pode levar a um apagão logístico. Em 1975, os investimentos do Brasil no setor representavam 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Em 2007, haviam caído para 0,6% do PIB.
Além do investimento em baixa, a matriz nacional de transportes apresenta uma distorção grave. Passam pelas rodovias brasileiras 58% de tudo o que é transportado em território brasileiro. As ferrovias transportam apenas 25% – e as hidrovias, 13%. Os números fazem parte de um estudo entregue aos candidatos à Presidência da República e governo dos estados pela Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF).
Fontes agrícolas
O estudo enviado aos candidatos parte de um cenário para os próximos 15 anos que prevê um mercado interno com maior poder de compra, aumento de renda per capita de cerca de 4,5%, expansão das fronteiras agrícolas e minerais e no qual o pré-sal prenuncia maior geração de divisas e energia abundante para o setor produtivo. De acordo com a ANTF, mesmo durante a crise global, 71% das empresas nacionais de grande porte continuaram investindo e, em 2010, mais de 91% aumentaram ou estão retomando plenamente os investimentos em níveis anteriores a 2008. “Observa-se um grave descompasso entre o crescimento econômico e o investimento em infraestrutura”, sustenta o estudo.
Segundo a ANTF, O Brasil precisa de uma malha férrea de 50 mil quilômetros para sustentar o crescimento econômico nos próximos 15 anos. As ferrovias hoje existentes, operadas pela iniciativa privada, totalizam 28.476 km. “O aumento da participação das ferrovias na matriz de transportes brasileira reduziria os custos de transporte de carga, aumentando a competitividade dos produtos brasileiros no mercado interno, gerando mais divisas para o país, maior remuneração do capital empregado, preços menores para os consumidores e maior capacidade de reinvestimento para as empresas”, diz o levantamento.
Investimento
De 1997 a 2009, as concessionárias de transporte ferroviário de carga investiram mais de R$ 21 bilhões na malha ferroviária e em material rodante no Brasil. Os recursos públicos aplicados na malha sob concessão totalizaram R$ 1,1 bilhão no mesmo período. No PAC 1 (2007-2010), a iniciativa privada foi responsável por 92% do investimento em ferrovias. Para as rodovias, 93% do total investindo virá de recursos públicos.
Na alocação de recursos para os principais planos de infraestrutura no país, a prioridade é sempre do modal rodoviário. De acordo com a ANTF, a distância ideal para o transporte via rodovias é de 400 km. Para ferrovias, o percurso vai de 400 a 1.500 km. De 1.500 a 3.000 km, o ideal é o transporte por hidrovia. Ainda de acordo com a ANTF, um trem composto de 100 vagões, carregando 100 toneladas de carga, substitui 357 caminhões.
Fonte: Estado de Minas/Zulmira Furbino
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