O período de chuvas trouxe um certo alívio para quem depende do rio para sobreviver, mas ainda não foi suficiente para restabelecer o transporte de cargas na hidrovia Tietê-Paraná, que tem 2.400 quilômetros de extensão. E é uma importante rota para o escoamento de grãos e celulose dos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e Minas Gerais. Por causa da seca, o transporte de soja e milho caiu mais de 70% no ano passado, dois milhões de toneladas a menos do que em 2013. A navegação está proibida desde maio do ano passado, depois que algumas barcaças encalharam em Buritama, no interior paulista. O trecho crítico tem oito quilômetros. Por ali, o Rio Tietê está com a água cinco metros abaixo do normal. Quase um ano após a interdição por causa da seca a gente ainda consegue caminhar no meio da hidrovia. A água baixou tanto que deixou as pedras expostas em vários pontos. O vídeo acima mostra uma boia de sinalização náutica. A base dela fica dentro da água e agora está totalmente descoberta. De acordo com o Departamento Hidroviário, o prejuízo com a paralisação já soma R$ 700 milhões. Em um estaleiro em Araçatuba, a previsão era de fabricar 20 comboios até o fim do ano. Mas, apenas um com quatro barcaças foi entregue. Com a queda na produção, 70 funcionários já foram demitidos. "Foi muito duro, porque eu não esperava ser mandado embora. Eu estava trabalhando lá já há um tempinho", conta Valter Natalino dos Santos. Em Pederneiras, o principal porto intermodal da hidrovia está desativado. Mais de mil funcionários foram dispensados. Em uma fábrica de Araras o cenário é de abandono. A empresa pretendia construir 20 novas barcaças, mas a produção foi interrompida e abandonada pela metade. E 700 funcionários foram demitidos. "A empresa tem 98 embarcações paradas. Nós demitimos 98% do pessoal”, diz o diretor da empresa José Gheller. Fonte: G1