Etnia anacé e Governo do Estado tiveram mais um encontro na tarde de ontem. Agora, o povo indígena deve visitar as áreas e dizer quais comunidades estão dentro e fora do Complexo
Representantes dos anacés visitarão as áreas destinadas a refinaria e siderúrgica (Foto: TALITA ROCHA)
Os anacés conheceram ontem a localização exata onde se pretendem instalar a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e a Refinaria Premium II. Em mais uma reunião envolvendo Governo do Estado e Fundação Nacional do Índio (Funai), além da comunidade indígena, a tentativa foi de encontrar uma definição sobre o terreno onde deverão ser instalados os empreendimentos, área supostamente indígena.
De acordo com o procurador geral do Estado, Fernando Oliveira, o encontro - o terceiro entre eles - foi bastante proveitoso. ``Estamos avançando``, define Oliveira. Mas o procurador reconhece que esse não é um assunto a ser resolvido em duas ou três reuniões. Até porque, com a reunião, Governo e anacés concordaram em um ponto. ``Algumas áreas (indígenas) estão fora (do Complexo Industrial e Portuário do Pecém), outras estão dentro``, observa o procurador.
Assim, mais uma reunião deve ser realizada. Agora, os anacés devem reunir alguns membros - e acompanhados de representantes da seccional cearense da Funai - visitar a área definida para as construções, apontando quais comunidades estão dentro desses terrenos.
Definição próxima
O coordenador da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Dourado Tapeba, que vem acompanhado as reuniões, explica que os anacés não são contrários aos empreendimentos. O que eles defendem é não serem ser expulsos de suas áreas.
``Vamos dizer quem está dentro e ver quem o Governo pode deixar lá dentro e quem ele terá que tirar. Queremos saber onde o Governo vai colocar, para onde vai levar (quem precisar sair das terras), porque os índios têm que ficar o mais perto possível de sua localidade``, defende Dourado.
Para ele, agora que o Governo está consultando o povo anacé, está mais próximo de se chegar a uma definição. ``Até a próxima semana devemos fazer essa reunião``, adianta o representante da etnia tapeba.
A opinião de que o consenso está próximo é compartilhada pelo coordenador da Funai no Ceará, Paulo Fernandes. O coordenador destaca que, quando esses membros tiverem uma definição, haverá um encontro com o governador Cid Gomes. Segundo ele, a comunidade aguarda a visita dos técnicos da Funai para identificar e delimitar a área indígena no Complexo.
AS FRASES
Vamos dizer quem está dentro e ver quem o Governo vai poder deixar lá e quem ele terá que tirar``
Dourado Tapeba. Coordenador da Apoinme e membro da etnia tapeba
Fonte: Estadão/Camille Soares
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