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Faltam investimentos

 

 

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Segmento de granéis líquidos vê faturamento aumentar, apesar dos gargalos existentes na infraestrutura portuária

Alavancado pelo crescimento da economia e pela expectativa de exploração da camada do pré-sal, o segmento de granéis líquidos está em desenvolvimento, mas sente falta de investimentos públicos mais substanciais em infraestrutura, que propiciem melhorias nos portos e nos acessos ferroviário e rodoviário às instalações portuárias. Representantes de empresas que operam terminais no país citam ainda gargalos relativos à burocracia para aprovar financiamentos e à demora para obter licenças de projetos, que têm retardado a realização de empreendimentos privados. Revelam, no entanto, otimismo com o futuro do mercado e preveem um faturamento, este ano, até 20% superior ao de 2010.

 

Os últimos dados consolidados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) evidenciam o cenário de expansão do setor. A movimentação de granéis líquidos aumentou 3,2% no primeiro semestre de 2011, em comparação com o mesmo período do ano passado, embora tenha ficado abaixo do total de cargas que passaram pelos portos do país (7,1% de crescimento). Das 420,6 milhões de toneladas operadas de janeiro a junho, 103 milhões (o equivalente a quase um quarto) foram de granéis líquidos.

Os embarques e desembarques de combustíveis, lubrificantes e outros derivados de petróleo representaram 89,3% do total de granéis líquidos movimentados, de janeiro a junho deste ano (92,3 milhões de toneladas). Os Terminais de Uso Privativo (TUPs) são responsáveis por mais de 80% dessa operação. Dos portos organizados, Santos está à frente no ranking, seguido de Itaqui, no Maranhão. Entre os TUPs, os destaques são o Almirante Barroso, em São Paulo, e o Maximiniano da Fonseca, no Rio de Janeiro.

Em relação à demanda, o diretor executivo da Associação Brasileira de Terminais Líquidos (ABTL), Carlos Alberto de Castro, estima que o crescimento oscilará entre 5% e 8% ao ano, nos terminais ligados à entidade, que hoje dispõem de 920 tanques, com capacidade total de 1.554.104 metros cúbicos. Segundo ele, na importação esse incremento se concentrará nos produtos químicos em geral e, considerando o aumento previsível no consumo e as necessidades do mercado interno, também no diesel, nas naftas e nas gasolinas. Na exportação, o etanol para uso domiciliar, produtos farmacêuticos, bebidas e perfumes deverá manter a movimentação atual, enquanto o destinado a combustível tende a permanecer em baixa, devido ao consumo interno, avalia Castro.

Quanto a financiamentos, Castro diz  que “o BNDES dispõe de recursos e tem suprido às necessidades do setor”. Porém, ele critica a burocracia, que vem fazendo com que a liberação dos pedidos demore cerca de seis meses. O diretor da ABTL não vê problemas graves em relação à tributação e defende a manutenção de programas como o Reporto, que reduzem os encargos no caso de investimentos em infraestrutura. Os grandes gargalos para o setor, analisa Castro, são a dificuldade na  obtenção de licenças para empreendimentos e o excessivo número de entidades governamentais que se envolvem na regulação do segmento, tais como autoridades portuárias, a Receita Federal, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a Secretaria de Portos (SEP), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e órgãos ambientais.

Entre as obras que o diretor executivo da ABTL classifica como fundamentais em portos estão as de “recuperação do sistema de atracação, desgastado pelo uso e pela manutenção inadequada, de modo a eliminar situações de risco para a continuidade segura das operações”. Em Santos, exemplifica, é necessário fazer o reforço estrutural no cais da Ilha Barnabé e no Píer da Alemoa, para permitir a dragagem de aprofundamento do calado e, assim, possibilitar a atracação de navios de maior porte. Tão importante quanto, acrescenta ele, é a expansão dos berços de atracação para embarcações que transportam granéis líquidos, em Barnabé e Alemoa, que não são ampliados há 23 anos. A realização de dragagem de manutenção nos diversos portos é outro serviço que, na avaliação da ABTL, precisa ser executado.

Na lista de intervenções viárias importantes, Castro cita a melhoria da acessibilidade da Via Anchieta para o transporte de carga, na chegada ao Trevo de Cubatão, que precisa ser adequado às características e dimensões atuais dos caminhões. Da relação de prioridades, afirma ele, deve constar ainda a ampliação da Rodovia Cônego Domênico Rangoni (conhecida como Piaçaguera-Guarujá), entre Cubatão e Guarujá, especialmente no trecho que se estende do Trevo de Cubatão a Usiminas. Outra intervenção necessária, diz ele, é a construção da ligação seca entre as margens esquerda e direita do porto de Santos, conforme proposta da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), através de túnel pré-moldado, ligando o Saboó à Ilha Barnabé. Sem falar na implantação de um binário rodoviário em Santos, na região da Alemoa, definindo as vias marginais da Rodovia Anchieta e construindo viadutos em pontos que constam de projeto da prefeitura local.

 

Investimentos privados. O gerente de engenharia da Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport), Wilson Lozano, está convencido de que o cenário econômico é promissor para o mercado de granéis líquidos, que “deve acompanhar o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, apresentando um crescimento constante nos próximos anos”. Lozano, porém, faz coro com o diretor executivo da ABTL e enfatiza a urgência da realização de obras de infraestrutura nas vias de entrada e saída do porto de Santos, bem como de agilização dos procedimentos. “Existem alguns projetos em andamento, como, por exemplo, o do porto sem papel e o do ferroanel em São Paulo, mas é preciso concretizá-los, para minimizar problemas do setor“, afirma Lozano.

Em fase de construção, o terminal portuário da Embraport teve as suas obras intensificadas em outubro do ano passado. Atualmente, elas estão na fase de execução de aterro, de dragagem da bacia de evolução e de construção do cais. Na implantação desse terminal, a empresa está investindo R$ 2,3 bilhões, sendo que R$ 1,4 bilhão em obras e R$ 900 milhões na aquisição de equipamentos. “Até 2012, quando prevemos encerrar a primeira fase do projeto, serão aplicados R$ 1,8 bilhão. Na segunda etapa, investiremos os R$ 550 milhões restantes“, explica Lozano.

Empresa controlada pela Odebrecht e pela Dubai Port World, dos Emirados Árabes Unidos, a Embraport vai operar em uma área de 803 mil metros quadrados, na margem esquerda do porto de Santos, ao lado do terminal de granéis líquidos da Ilha Barnabé, entre os rios Diana e Sandi. A sua localização é privilegiada. Além da via marítima, o acesso ao futuro terminal será feito pela Rodovia Cônego Domênico Rangoni, o que evitará o tráfego de caminhões dentro da cidade de Santos. Outro diferencial, citado por Lozano, é que o terminal contará com uma linha férrea cortando seu terreno, que facilitará o transporte de cargas por trem.

De acordo com a empresa, o terminal da Embraport terá capacidade para movimentar dois milhões de TEUs e dois bilhões de litros de etanol. Ele contará com um cais de 1,1 mil metros, dois píeres para granéis líquidos, um pátio ferroviário e um estacionamento para carretas. Será dividido em três grandes áreas: norte, central e sul. Na norte, estarão o acesso ao terminal, os gates, os prédios administrativos e o estacionamento. A área central é destinada ao pátio ferroviário e à armazenagem da carga que seguirá de trem. E na área sul ficarão o cais, os píeres, o local de tancagem para líquidos e as oficinas de manutenção. O terminal contará ainda com uma retroárea de 340 mil metros quadrados para armazenamento de cargas.

 

Estacionamento. O diretor geral da Adonai Química S/A, Américo Relvas da Rocha,  se mostra preocupado com a logística do estacionamento de caminhões na Ilha Barnabé, que é rotativo, destinado a todos os terminais e muito movimentado, especialmente durante os meses de pico da safra de etanol. Localizado na  Ilha Barnabé, o terminal da Adonai opera com produtos inflamáveis, corrosivos, oleosos e combustíveis, entre outros. “Há problemas pontuais em relação ao ordenamento do estacionamento. Mas existe interesse por parte dos arrendatários e da Companhia Docas em regulamentar e operar esse estacionamento. Além disso, a Docas tem dois terrenos próximos (um de 20 mil metros quadrados e outro de 10 mil metros quadrados) e a ABTL apresentou um pleito para que esses terrenos sejam utilizados. O aproveitamento dessa área como estacionamento seria útil para todos os arrendatários do porto”, afirma Rocha.

O executivo não se queixa da tributação, garantindo que nunca perdeu clientes por esse motivo. Pelo menos até o momento, ele não tem motivo  para se queixar de financiamento, uma vez que tem optado por investir com recursos próprios e conforme a demanda do mercado. Segundo ele, desde 2001 foram gastos R$ 45 milhões na modernização e na ampliação do terminal da Adonai.

Quanto ao mercado, Rocha destaca que “a importação vai bem, em função do dólar baixo, e que a exportação poderia estar melhor, se a relação entre a moeda americana e o real estivesse mais equilibrada”, acrescentando que 90%  das atividades do seu terminal são de importação. O diretor da Adonai prefere não citar cifras, mas informa que o faturamento da empresa em 2011 será 15% superior ao do ano passado. O terminal movimenta 200 mil metros cúbicos de granéis líquidos por ano. A estimativa de Rocha é de que, em 2012, a operação aumente para 350 mil metros cúbicos. A capacidade estática do terminal é de 22 mil metros cúbicos e está sendo ampliada em mais 14 mil metros cúbicos.

Também confiante no mercado, a Oiltanking Terminais, que movimenta etanol, gasolina, soda cáustica e óleo vegetal, está investindo R$ 40 milhões na execução da segunda etapa de construção do terminal de Vila Velha, no porto de Vitória, que deve estar operando ainda em setembro. O diretor administrativo Holger Donath informa que a empresa está buscando ainda parcerias com  outros portos, a fim de aumentar a sua participação no mercado brasileiro. Ela está integrada à rede mundial da Oiltanking, grupo privado mundial com sede em Hamburg, na Alemanha, que opera 63 terminais em 21 países.

O terminal de Vila Velha iniciou as suas atividades no fim de 2008, movimentando no ano seguinte cerca de 90 mil toneladas de granéis líquidos. “Em 2010, alcançamos o patamar de 160 mil toneladas, e temos a expectativa de atingir este ano cerca de 200 mil toneladas. Para o terceiro quadrimestre de 2011, contamos com a entrada em operação de mais uma etapa de construção do terminal, já prevista em sua implantação, que adicionará 32 mil metros cúbicos a sua capacidade estática. Somados aos atuais 35,2 mil metros cúbicos, totalizaremos 67,2 mil metros cúbicos de capacidade estática“, explica Donath.

Segundo o seu diretor administrativo, a Oiltanking ainda está pagando os investimentos feitos para a construção de duas etapas de tanques. Mas o negócio se mostra rentável: a previsão é de um crescimento de 20% do faturamento deste ano, em relação a 2010.

Entre os problemas do setor, Donath bate na tecla da infraestrutura, enfatizando a urgência de implantar uma malha ferroviária maior e mais eficiente. Ele defende também processos de licenciamento justos e com prazos mais adequados, além da criação de legislações fiscal e tributária específicas para terminais de granéis líquidos. “Enfim, precisamos de mecanismos que agilizem a instalação de mais terminais, por um custo adequado, que possam  promover o desenvolvimento do país”, ressalta Donath.

Uma das principais empresas do segmento de granéis líquidos em atividade no Brasil, que opera com derivados de petróleo no porto de Paranaguá, no Paraná, a Cattalini investiu nos últimos 12 meses cerca de R$ 60 milhões na ampliação e na modernização de seus dois terminais. O parque de tancagem da empresa armazena cerca de 200 mil metros cúbicos de granéis líquidos. A sua capacidade atual é de 280 mil metros cúbicos e a partir de outubro serão disponibilizados ao mercado mais 110 mil metros cúbicos, totalizando aproximadamente 400 mil metros cúbicos de tancagem. “O terminal privado da Cattalini constitui-se na maior instalação do gênero junto a um porto“, assegura Cláudio Fernando Daudt, diretor-superintendente da empresa.

A expectativa de Daudt é de que a movimentação de granéis líquidos em seus terminais, este ano, seja um pouco superior à do ano passado, atingindo um crescimento de 3%. No entanto, diante das possibilidades advindas da exploração da camada do pré-sal, o superintendente da Cattalini prevê “uma demanda muito grande por tancagem, razão pela qual a empresa antecipou investimentos, para disponibilizar ao mercado um volume maior de capacidade de armazenagem“.

Daudt alerta ainda para a guerra fiscal entre os estados, que altera o interesse dos importadores, que migram de um local para outro em busca de vantagens. “A Cattalini adota um sistema de fidelidade com seus clientes, ou seja, disponibiliza em torno de 70% de sua estrutura para locação, evitando as incertezas do mercado spot”, diz Daudt.

O diretor geral da Stolthaven Santos Limitada, Miguel Sealy, reforça a tese de que os principais gargalos do setor de granéis líquidos estão ligados à infraestrutura de escoamento das cargas, tanto das zonas produtoras para o porto, como da área portuária para os centros processadores e de transformação. Sealy aponta também para problemas de logística portuária  — a falta de berços para atracação e a profundidade insuficiente deles — e de investimentos do governo, que não acompanham a velocidade necessária para atender à demanda da iniciativa privada.

“Outro fator importante é o excesso de tempo que se perde com os licenciamentos, principalmente os ambientais, que podem, sem perder sua importância, se tornarem menos burocráticos”, observa o diretor da  Stolthaven. Ele cita ainda dificuldades por conta da demora na aprovação de financiamentos, o que faz com que os empresários tenham que recorrer ao próprio capital de giro para atender a tempo às necessidades do mercado.

A Stolthaven pretende movimentar aproximadamente 650 mil TM este ano, e tem uma previsão de operar 700 mil TM em 2012. A sua capacidade instalada é de 125.025 metros cúbicos, devendo alcançar 133.725 metros cúbicos a partir de janeiro de 2012, em decorrência das obras de ampliação que estão em curso. A empresa opera com uma ampla variedade de produtos, tais como derivados de petróleo, ácidos, graxas, óleos lubrificantes e vegetais e etanol. Sealy enfatiza que, após a crise global de 2008, a movimentação de granéis líquidos diminuiu no período 2009/2010. Ele prevê que se consiga voltar ao patamar de 2008 este ano e em 2012. A partir daí, estima um crescimento de 5% a 8% anuais.

De acordo com Sealy, o faturamento da Stolthaven este ano deverá ser levemente superior a 2010. “Temos previsões de crescimento a partir de 2012”, aposta ele. Com investimentos totais de R$ 160 milhões, em até quatro anos, a Stolthaven tem projetos para ampliar sua tancagem em 66,8 mil metros cúbicos, aumentar a capacidade por hora instalada, além de modernizar e otimizar as suas instalações atuais. “Com isso, em 2015, o terminal da Stolthaven Santos deverá superar os 200 mil metros cúbicos de capacidade instalada”, acredita Sealy.

Diretor da Eicomnor Engenharia Ltda., Walter Moreira Lima é mais um executivo do setor de granéis líquidos que se revela otimista com o mercado. “Estamos vivenciando um bom momento em termos de projetos na área portuária. Podemos dizer que a procura aumentou em relação ao ano passado. As perspectivas nos parecem promissoras“, afirma o diretor da Eicomnor, empresa que atua nos ramos de consultoria e projetos de engenharia de obras marítimas, fluviais e portuárias. Os carros-chefe da empresa são o Tecab (Terminais de Armazenagens de Cabedelo Ltda.), na Paraíba,  e o Temape (Terminais Marítimos de Pernambuco Ltda.), no porto de Suape. Ambos são aptos a estocar gasolina, álcool e diesel.

 

Investimentos públicos. No que diz respeito a investimentos públicos, a instalação da refinaria Premium II, da Petrobras, em Pecém, que vai produzir 300 mil barris de petróleo por dia, levou o governo do Ceará a incluir nas obras de ampliação de seu terminal a construção de cinco berços para atracação de petroleiros. Segundo o coordenador operacional da Ceará Portos, José Alcântara, as intervenções exclusivamente voltadas para granéis líquidos fazem parte da terceira e da quarta etapas do projeto, cujas licitações ainda serão lançadas. A Ceará Portos, porém,  fixou o prazo de 2014 para o início dessas obras. A conclusão delas deve acontecer em 2016, um ano antes da entrada em operação da Premium II. “Temos que disponibilizar logística para receber o petróleo e exportar derivados, o que se fará necessário com a inauguração da nova refinaria”, afirma Alcântara.

Hoje, o principal porto do Ceará dispõe de dois berços no Píer 2 para receber Gás Natural Liquefeito (GNL), importado pela Petrobras para abastecer a planta de regaseificaçao instalada no Complexo Industrial e Portuário de Pecém. A expectativa de Alcântara é de um aumento de cerca de 10% da movimentação de GNL no porto este ano, em relação a 2010. Pelo menos por enquanto, ele não vê necessidade de ampliação do Píer 2, que, no ano passado, movimentou 742.187 toneladas de GNL. No acumulado de janeiro a junho, chegou a haver um crescimento de 19%, comparando-se com igual período do ano passado. “Com a infraestrutura atual, temos a capacidade de movimentar um milhão de toneladas de GNL por ano“, assegura Alcântara.

Em agosto deste ano, foi concluída a primeira etapa das obras de infraestrutura de Pecém: a construção do Terminal de Múltiplas Utilidades (TMUT), que conta com dois berços de atracação de 350 metros cada. A secretaria de Infraestrutura do governo do Ceará está realizando licitação para a execução da segunda fase de ampliação do porto, orçada em R$ 609 milhões.

Em Pernambuco, de olho na conclusão das obras e, consequentemente, na entrada em operação da Refinaria Abreu Lima, o governo do estado concluiu o Píer de Granéis Líquidos 3 (PGL3) do Complexo Industrial Portuário de Suape. Foram gastos R$ 366 milhões em obras de acesso e construção do píer, e em sinalização náutica. O PGL3 tem capacidade para receber navios de até 170 mil tpb. Com a operação da futura refinaria, Suape espera dobrar a movimentação de cargas no complexo. Já como resultado da inauguração do PGL3, constatou-se um aumento na operação de granéis líquidos de 20%, no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Pelo complexo, de janeiro a junho de 2011 passaram mais de 2,2 milhões de toneladas de granéis líquidos, com destaque para o diesel, a gasolina, o GLP, o querosene de aviação e o álcool. Apesar desse crescimento, a operação de contêineres no complexo superou no semestre passado, pela primeira vez, a de granéis líquidos: 46% contra 45% do total movimentado no porto.

Quanto a ferrovias, o primeiro balanço do ano do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) fixou uma nova data para a conclusão dos trechos goianos da Norte-Sul: fevereiro de 2012. Pronta de Açailândia, no Maranhão, até Palmas, no Tocantins, a ferrovia, operada pela Vale,  transporta o diesel e a gasolina que chegam de navio ao porto de Itaqui. Segundo a Vale, Itaqui recebeu 1,2 milhão de granéis líquidos em 2010, e a previsão é de um crescimento de 14% este ano.

Com término previsto inicialmente para julho de 2010, a entrega dos trechos goianos da Norte-Sul foi adiada cinco vezes. Segundo o relatório do PAC, as obras estão com 93% de execução entre Uruaçu e Anápolis e 79% entre Uruaçu e Palmas (TO). Pelo planejamento do governo,  o trecho Anápolis-Estrela D’Oeste (SP), que começou a ser implantado no início deste ano e tem 3% concluídos, deve ser inaugurado em junho de 2014.

Já a duplicação da Estrada de Ferro Carajás (a EFC, que liga Carajás, no Pará, a São Luís, no Maranhão), também operada pela Vale e usada para escoar os granéis líquidos de Itaqui, está sendo executada com recursos privados. De acordo com a Vale, as obras da EFC estão em fase inicial, dependendo de licenças ambientais. O cronograma de entrega está mantido para 2015.

 

Petróleo e etanol. Para atender às necessidades de exploração, aproveitamento e refino de petróleo e de seus derivados, carros-chefe dos granéis líquidos, o orçamento da  Petrobras estima gastos com investimentos e custeio de R$ 60,7 bilhões este ano, dotação 34,5% superior a de 2010 (R$ 45 bilhões). Números da estatal revelam que a produção de petróleo e gás no Brasil continua em ascensão. Em junho, alcançou 2.407.366 barris de óleo equivalente por dia (BOED). Esse volume indica um aumento de 4% sobre os barris produzidos no mesmo mês de 2010.

Entre os investimentos com dotação para este ano, R$ 376,9 milhões são para a implantação de uma unidade de produção de Gás Natural Liquefeito Embarcado (GNLE). Outros R$ 50 milhões são destinados à construção de uma unidade de produção de amônia, com capacidade para 500 mil toneladas por ano, em Minas Gerais. Também está nos planos da Petrobras a implantação de um terminal em Barra do Riacho, no Espírito Santo (R$ 178 milhões), e do píer de São Sebastião, em São Paulo (R$ 255 milhões). Outros R$ 20 bilhões estão reservados para manutenção, recuperação e desenvolvimento dos sistemas de produção.

O orçamento da Petrobras de 2011 destina recursos para a construção das refinarias Premium I (Maranhão), Premium II (Ceará), Potiguar Clara Camarão (Rio Grande do Norte) e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. Para facilitar o transporte do óleo do pré-sal para as futuras refinarias do Nordeste e para o exterior, a estatal está desenvolvendo o seu primeiro terminal oceânico. A Unidade Offshore de transferência e Exportação (UOTE), no estado do Rio, está prevista para entrar em operação em 2012. Ela terá capacidade para armazenar dois milhões de barris de petróleo e contará com um navio fixo que ficará instalado a 80 quilômetros de Macaé.

A Petrobras tem uma dotação de quase R$ 500 milhões este ano para manutenção, implantação e ampliação de sua malha de dutos. Mais R$ 406 milhões constam do orçamento da Transpetro — braço de transporte da Petrobras, que administra 14,37 mil quilômetros de dutos, além de 20 terminais terrestres e 28 aquaviários — para manutenção da infraestrutura de sua rede. O orçamento da Transpetro para 2011 totaliza quase R$ 2,5 bilhões (mais do dobro do ano passado). Só com a aquisição de navios em estaleiros nacionais estão reservados R$ 1,87 bilhão. A Transpetro não tem do que se queixar. O seu lucro líquido alcançou, em 2010, a cifra gorda de R$ 467,8 milhões. Pelos seus oleodutos, são transportados 670 milhões de metros cúbicos de petróleo, derivados e álcool por ano. Seus gasodutos movimentam 46 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia.

Para pesquisa e desenvolvimento tecnológico de biocombustíveis, a Petrobras está autorizada a gastar R$ 105 milhões este ano. A empresa quer chegar em 2015 produzindo 5,6 bilhões de litros de etanol (273% em relação aos 1,5 bilhão de litros que devem ser produzidos este ano), o que demandará a construção de novas usinas.

Enquanto a produção de petróleo e de seus derivados vão bem, a do etanol é considerada um desafio para as empresas que movimentam granéis líquidos. Dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) mostram que o volume de cana, processado pelas unidades da região Centro-Sul, registrou uma queda de 14,81%:  passou de 255 milhões para 217,4 milhões de toneladas, comparando-se a safra do ano passado, até 16 de julho, com a de igual período de 2011.

O diretor técnico da Unica, Antônio de Padua Rodrigues, afirma que “apesar do menor volume de cana processado e da baixa concentração de sacarose na planta, a produção de etanol anidro segue em forte expansão”, alcançando um crescimento de 14,32% até 16 de julho (3,6 bilhões de litros contra 2,77 bilhões produzidos na safra passada). Em relação ao etanol hidratado, contudo, a produção despencou: diminuiu 31,79%, passando de 8,1 bilhões para 5,5 bilhões de litros, da safra anterior para a atual.

 



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