Para a próxima terça-feira (31/8), às 17 horas, está agendada uma reunião extraordinária com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, em seu gabinete, com a presença da prefeita cubatense Marcia Rosa, de representantes do Polo Industrial de Cubatão e da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Na oportunidade, esse Conselho de Desenvolvimento Econômico de Cubatão deverá apresentar um documento conjunto com a exposição dos graves problemas logísticos na região, que já estão prejudicando fortemente a economia nacional. Isso foi decidido em reunião realizada nesta quinta-feira (26/8) no gabinete da prefeita, quando ficou claro que – apesar da gravidade da situação – sequer há projetos definidos para minimizar o gargalo de transportes que já se formou na região e deve se agravar muito mais nos próximos anos.
Convidada para o encontro em Cubatão, a Ecovias – que administra o sistema rodoviário Anchieta-Imigrantes e outras estradas – apresentou um estudo preliminar de fluxos de tráfego e propostas para equacionar a ligação entre as vias Anchieta e SP-55, com o acréscimo de viadutos e alças de acesso para atender às novas necessidades de tráfego.
Sobre essas obras, Eduardo (que estava acompanhado de outro representante da empresa, Fabio Ortega) disse que, obtidos os recursos financeiros, a Ecovias tem condições de executar as obras em dois anos, incluindo a realização dos estudos de impacto ambiental. Os empresários participantes do encontro, porém, calcularam em no mínimo três anos a duração da obra, lembrando que o viaduto sobre a ferrovia, inaugurado em 2008, demorou 12 anos para ser concluído, com as diversas paralisações havidas, o que suscita grandes preocupações em relação a esta nova obra.
Gravidade e urgência - A prefeita resumiu a situação, abrindo o encontro: "Temos um problema grave e urgente de logística, e agora o governo estadual afirma não ter recursos, por isso convoquei esta reunião. Estamos em ano eleitoral e embora isso não devesse empatar os governos, nem sempre as coisas acontecem dessa forma. Vamos esperar o término do período eleitoral, quando assumem os novos governantes estadual e federal, e mais todo o ano de 2011, em que os eleitos trabalharão com o orçamento definido neste ano? Temos uma situação que não pode esperar, o pré-sal provoca uma série de impactos na Baixada Santista, a economia felizmente está crescendo mas isso também aumenta a movimentação de cargas e pessoas nesta região, em demanda do polo industrial e do porto. Nossa preocupação é o tempo, que não temos. Considero extremamente perigosa esta situação para nossa cidade, que está no epicentro destas mudanças".
"Mesmo que as obras pudessem começar hoje e terminar no prazo – continuou Marcia -, como vamos lidar em 2011, 2012, 2013, com uma questão que já é grave hoje? Não é apenas a questão das cargas, mas também a movimentação de pessoas está crescendo, é cada vez maior o número de veículos particulares nas estradas, o número de coletivos transportando trabalhadores e estudantes, o que implica em riscos cada vez maiores. Sem falar que, com os congestionamentos, tende a aumentar o problema de segurança, pois a marginalidade tende a se posicionar para assaltos nos pontos onde o trânsito costuma parar".
Mundo mais preocupado que Brasil - Paulino Moreira da Silva Vicente, diretor de Infra-estrutura e Execução de Obras da Codesp – que compareceu acompanhado do superintendente da Guarda Portuária, Celso Simonetti Trench Júnior -, participou da unanimidade de posições quanto à gravidade do problema, concordando em que o sistema rodoviário já está saturado e que é necessário buscar soluções urgentes. Também é opinião sua que o problema extrapola os níveis municipal e estadual, afetando todo o Brasil:
"No exterior, em todos os países que visitamos, fica bem visível como eles estão atentos ao Brasil, e como eles focam em nosso país a região da Baixada Santista e sua atividade industrial e portuária, pois esta é a porta de entrada e saída das mercadorias brasileiras. Não podemos esperar, o interesse do país tem de prevalecer sobre todos os outros. Já estamos sofrendo prejuízos: num momento em que há demanda mundial por açúcar, e temos açúcar para exportar, enfrentamos já problemas para o escoamento do produto. Nas próximas safras o problema logístico será cada vez maior, pois estão sendo feitos investimentos para a expansão da produção açucareira".
Para ele, é preciso uma solução imediata para o início das obras, pois a falta de investimentos tende a travar as rodovias, pela saturação: se os investimentos para iniciar as obras devem vir pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), ou por qualquer outra fonte, não importa, como também não importa agora a fonte de financiamento das obras restantes, o importante é que a solução comece a acontecer de forma imediata, sem mais retardos. Opiniões semelhantes foram apresentadas pelo representante da Ciesp-Fiesp, Marco Paulo Penna Cabral, que defendeu a busca de alternativas caso as obras necessárias demorem.
Sem plano "B" – A prefeita também se manifestou preocupada com as alternativas emergenciais que têm sido citadas. Cubatão tem sérios problemas, pois devido às reservas ambientais, áreas industrias etc., toda a população se concentra em apenas 9% da área do município, ainda mais cortada pelas estradas. Qualquer plano que considere fechar os acessos entre os vários núcleos da cidade, em sua opinião, "detonaria" o município, sendo portanto inviável e inaceitável, não sendo possível simplesmente parar a cidade, principalmente por um período indefinido, criando situações sociais "explosivas".
Assim, Marcia propôs como única alternativa conhecida que população, empresariado e porto unam esforços em busca de soluções urgentes, em parceria, sendo acordado que representantes das indústrias e do porto participarão do encontro do dia 31 em Brasília, levando um documento conjunto em que o problema é apresentado em toda a sua gravidade e urgência.
O próprio ministro já se mostrou sensibilizado quanto à gravidade do problema, tanto que para recepcionar o grupo cubatense providenciou a alteração de sua agenda, que previa inicialmente uma reunião em Cuiabá com o presidente da República.
Fonte: Carlos Pimentel Mendes/Cubatão
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